Capítulo 7 - Último dia na terra

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Nicolas

Eu fiquei estático diante de tanta informação.
Augusto não estava fazendo isso.
Ele não estava entregando a vida de bandeja.
Não. Não. Não.
Ele não estava jogando a porra do nosso sacrifício fora!
Eu não levei a porra de um tiro para deixar ele morrer.

Bárbara, a filha do chefão do morro me encarava aguardando uma resposta.

— Se ele não quer cooperar, como pretende tirar ele de lá? — perguntei

— Nem que seja a força, mas sozinha eu não consigo. — respondeu Bárbara.

— E como é que eu não vou saber se na verdade você não está tentando me levar para as garras do seu pai, para ele tentar arrancar as informações sobre o dinheiro? — questionei a encarando — Eu não tenho nenhum motivo para confiar em você. O Augusto nunca me falou de você!

Bárbara puxou a cadeira e se sentou — Como filho de policial você deve entender que ser filho de alguém que tem certo poder,  te dá certa reputação. No meu caso negativa. As mães deixavam seus filhos longe de mim. Eu era vista como uma má influência, a filha de bandido. Só tinha o Augusto de amigo.

— Nossos casos são muito diferentes. — disse a encarando e percebendo que era uma tremenda mentira as palavras que saiam da minha boca — Como vou saber que o Augusto não está morto?

— Meu pai tá fora do país. Desenrolando para salvar a própria vida. — respondeu Bárbara — Mas não posso garantir nada depois que ele voltar.

— Isso não basta. Eu preciso saber que ele está bem para acreditar em você. Pelo menos tentar. — disse cruzando os braços.

Bárbara suspirou — Filho de peixe, peixinho é, não é?

A encarei sem dizer nada.

— Eu não posso te provar que não sou igual ao meu pai. E nem que ele está bem. São só as minhas palavras.  — Bárbara começou a se levantar — Boa recuperação Nicolas.

— Suponhamos que eu acredite em você. — disse antes dela girar a maçaneta — Como salvaríamos ele?

Ela se virou para mim.

— Eu tenho uns contatos. — ela sorriu.

***
Augusto

Quando Bárbara saiu daquele jeito,  desejei que ela corresse para bem longe. Longe de mim. Longe do morro.
Longe do perigo de apenas me ter como amigo.

Ela deixou a porta aberta.
Eu me sentei no chão e esperei o Fera e sua trupe voltar. A boca não era tão longe daqui.

Talvez eu tenha pegado pesado demais com a Bárbara. Tudo o que eu disse é um grande absurdo. Eu não pensava assim.
É claro que me partiu o coração vê-la chorando. Nós não nos vamos há muito tempo. Não era essa recepção que eu planejara para esse encontro.
Mas, merda! Eu também não planejei nada do que está acontecendo.

Minha boca estava machucada, rachada e seca.
Eu encarei a saída.
Nenhum sentinela para me impedir, mas eu prometi a mim mesmo que não irei fugir.
Não mais.
Eu não sou como o meu pai.

Fera e seus homens apareceram ofegantes e se surpreenderam de me ver ali.

Ele caminhou na minha direção.

— Você teve a chance de fugir e continuou aqui? — perguntou Fera cruzando os braços

— Eu estou aqui para resolver os meus problemas com o homem! — respondi — Eu não vou fugir.

— Foi aquela pirralha, não é? Ela veio te ajudar.

— Ela só queria falar comigo a sós. — respondi — Disse para não fazer nenhuma besteira que ela vai pedir no Naja não me matar.

Um sorriso surgiu no rosto do Fera. — Que gracinha. Ele não vai gostar de saber que além de tudo você mantém um romance com a filha dele.

— Quando ele chega?

— Não tenha pressa guri. Pois quando ele chegar,  será o seu último dia na terra. — eles saíram trancaram a porta.

***
Mais cedo naquele mesmo dia.

Distante de Marechal Hermes, na Gávea Olívia estava na casa de um desconhecido. 

Ela estava na sala aguardando uma resposta.

Horas atrás ela havia recebido uma ligação de que estava sendo seguida e que iriam pega-la.

Na cozinha duas garotas discutiam sobre o que estava acontecendo.

— Você só pode ter enlouquecido Bárbara!— disse Jasmine andando de um lado para o outro nervosa — O seu pai vai te matar e de bônus ele também me matar.
— E você queria que eu deixasse ele machucar ela? — Questionou Bárbara — Eu a conheço, ela sempre foi gentil comigo e com a minha mãe. E tá grávida.

— E eu não estou dizendo que você fez mal em ajudar, mas trazer pra cá? — Questionou Jasmine — Meus pais trabalham na polícia federal, garota. Isso vai dar tipo, uma guerra. E imagina quando eles descobrirem o que estamos fazendo.

— Por isso mesmo. Vocês duas estarão seguras aqui. — disse Bárbara.

Jasmine respirou fundo — Quem é ela afinal?

— É a mãe de um amigo de infância que está meio que jurado. — explicou ela — Ele acabou de ser capturado pelos bandidos do meu pai, e até meu pai chegar de viagem. Que é amanhã, eu tenho que tentar ajudar ele.

— Como?

— Se tiver alguma sugestão eu estou aceitando. — disse ela pegando uma garrafa de água na geladeira e um copo e indo até a sala de estar.

Olívia aceitou a água com um sorriso.

— Babí, querida. Muito obrigada. — Ela bebeu a água toda de uma vez — Alguma notícia do meu filho?

Claro tia Olívia!  O Augusto disse que prefere morrer para acabar com essa perseguição, mas mal sabe ele que o meu pai pretende matar quem for preciso para recuperar o dinheiro, incluindo a gente.
— Infelizmente não tia. Mas vou procurar saber e vamos trazer ele de volta para a senhora.

Olivia a abraçou. — Obrigada. Obrigada. Obrigada. É muito bom saber que as atitudes do seu pai não mudaram nada em você.

— Olha tia, eu tenho que ir visitar um colega no hospital, a senhora vai ficar segura aqui, a Jaz é a minha melhor amiga, vai cuidar bem de você.

— Tudo bem. Prometo não incomodar. — ela piscou

— Ah por favor, é um prazer recebe-la aqui. Aposto que tem várias histórias constrangedoras da infância da Babi para me contar.    

— Ah se eu tenho. — brincou Olívia e a duas riram, menos Bárbara.  

Ela estava prestes a rebater quando seu celular vibrou.
Era uma mensagem.

Qual é o seu plano para salvar a vida daquele imbecil?
Nicolas aqui.
 
*** 































AMIZADE DE RISCO (LIVRO EM HIATUS)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora