Capítulo 1: O que na verdade somos / Parte 1: O Herdeiro

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Narração - Kamdor Haymond
O alarme soou, como de costume, às 07:30 da manhã. Mas naquela manhã tudo seria diferente. Pra começar era sábado, mas não um sábado qualquer. Seria "O Sábado". Era o dia do grande jogo contra a equipe rival da Uper Side, os invictos Sharks, da Silver Port High School.
- Levanta Kamdor, para de corpo mole! - Uma voz soou do corredor.
Ao abrir os olhos, desarmei aquele despertador que fazia um barulho tão irritante quanto ao barulho de uma furadeira na parede. Olhei em volta procurando minha camiseta, mas sem sucesso.
- Levanta, rapazinho. Não me faça entrar aí! - Meu pai gritou do corredor, com um tom eufórico na voz.
- Já tô de pé. - respondi mentindo, já que meu pai era ótimo em me arrancar da cama quando queria.
Sentei por alguns segundos, tentando cair na realidade, passando as mãos no rosto, subindo para o cabelo, que estava todo bagunçado.
Me levantei e fui direto para o banheiro, olhei meu reflexo no espelho, que fica acima da pia, por um breve momento e de repente me vieram imagens bagunçadas, borrões de pensamentos, como se fossem flashs de memórias que eu não conhecia, onde um grupo de pessoas enfrentavam um ser estranho com uma máscara de ferro, parecida com aquelas dos antigos samurais. Senti tudo rodar, fechei os olhos e os abri rapidamente.
- Que coisa estranha. - eu disse ao sair daquelas imagens, dando um suspiro assustado. - Não deve ter sido nada, só imaginação da sua cabeça, Kamdor.- Não era nada, não havia nada naquele espelho a não ser eu, meus olhos verdes e minha pele pálida pela manhã.
Após um banho e escovar os dentes, vesti uma camiseta, uma calça qualquer e desci para o café da manhã. Meu pai sorriu pra mim, como de costume, e me lançou uma maçã, que agarrei no ar.
- Demorou muito pra descer. Já ia subir pra te arrancar da cama! - exclamou, enquanto folheando o jornal e tomava sua xícara de café matinal de todo dia.
- Demorei o normal, pai! Não tô animado hoje. - disse pra ele sem empolgação alguma.
- É o grande dia, filho! - meu pai respondeu. Acho que a empolgação que deveria estar em mim foi pra ele durante a noite.
- Mas eu não tô animado! Vamos perder esse jogo. - não sei porquê, mas algo me dizia isso.
- Não vão, não! Vão vencer! - Me garantiu, deixando ligeiramente o jornal de lado para me dar um olhar sério e esperançoso.
Terminei de comer aquela maçã, e peguei uma xícara de café. Ao tomar o café, senti que a marca que eu tenho desde que nasci queimava sem parar. É uma coisa estranha, forma um círculo perfeito atrás da minha orelha esquerda. É como se alguém tivesse me queimado com um ferro num formato circular atrás da orelha, pra me marcar, assim como fazem com os animais em fazendas.
Minha mãe faleceu há três anos em um acidente de carro. Então, éramos só eu e meu pai. Nossa relação é muito próxima, mas sem ela é como se houvesse um vazio não só apenas em nossa casa, mas também dentro de mim. Quer dizer, fazem três anos que ela se foi, mas qual é? Um filho sente a falta da mãe mesmo que seja por anos.
Eu tava tão distraído com esses pensamentos que não percebi que meu celular tava tocando sem parar e meu pai tava me chamando.
- Ei! Terra pra Kamdor. Sua namorada tá te ligando, acho que é melhor atender. - Ouvi meu pai dizer, fazendo com que eu saísse dos meus pensamentos e me apressei pra atender a ligação.
- Lucy... Oi... Foi mau a demora, eu tava... meio distraído. - respondi com sinceridade pra ela.
Estamos juntos há pouco mais de três anos. Comecei a sair com Lucy antes de acontecer o acidente com a minha mãe. Ela adorava a Lucy.
- Nossa, por que será que não tô surpresa? - ouvi ela dar uma leve risada ao dizer isso, me fazendo sorrir, mas não respondi. Logo ela continuou. - E então? Preparado pro grande jogo?
- Pra falar a verdade... não. - eu suspirei.
- Como não? Você treinou tanto pra isso. Não vai me dizer que quer desistir agora, né.
-Bem... - eu tentei responder, mas ela me impediu.
- Kamdor Haymond, pode parar com isso agora e vir me encontrar na escola, pra podermos ir pro jogo e acabar com aqueles bobocas dos Sharks.- ela meio que me deu uma ordem, eu nem sabia como reagir. Tudo o que eu pude fazer foi aceitar.
- Eer... Ok, eu acho...
- Então até daqui a pouco. E ai de você se não estiver aqui.
- Me dá até vinte minutos, ou quinze, e eu tô aí. - respondi pra ela e me despedi.
Corri pro meu quarto e em cinco minutos estava pronto, com minhas caneleiras e chuteiras dentro de uma mala esportiva. Desci as escadas o mais rápido possível, que até tive a sensação de ter pisado em falso em um dos degraus. Olhei pro meu pai, pra me despedir dele e recebi um abraço aconchegante.
- Boa sorte, filhão! A vitória é de vocês. - ele me disse me dando aquele olhar esperançoso de novo. Nesse momento eu comecei a acreditar mais na possibilidades dos Bulls esmagarem os Sharks no jogo.
- Você vai assistir a gente? - perguntei na esperança de que meu pai pudesse ter pelo menos algumas horas de folga pra estar lá e ser o meu maior motivo pra vencer aquele jogo.
- Sinto muito, rapaz. Infelizmente já recebi uma ligação do hospital pedindo pra que eu fosse pra lá agora. Mas vou tentar me manter informado sobre o jogo o máximo possível. - ele tentou me animar, ao ver que minha expressão passou a ser triste.
- Tudo bem. - eu disse dando um sorriso de canto. - Te vejo mais tarde, então.
Fui até meu pai e o abracei de novo. Segui até a porta e peguei a chave do meu carro, que estava pendurada ao lado. Saindo de casa caminhei até meu carro, um Hyundai Sonata 2015, que ganhei do meu pai no meu aniversário. Entrei, dei a partida e, saindo da garagem, dirigi até a Uper Side High School. Durante todo o caminho senti a porcaria da minha marca de nascença queimar sem parar. E além de queimar ainda coçava estranhamente. Acho que nada me incomodava mais do que aquilo. Eu poderia ter dito ao meu pai, mas ele provavelmente diria que é coisa da minha cabeça, porque essas sensações aconteciam apenas no contorno circular dela. Marca estúpida.
Ao chegar na escola, estacionei meu carro na vaga de sempre e mandei uma mensagem pra Lucy, dizendo que eu já tinha chegado. Logo em seguida ela me respondeu, dizendo que estava me esperando em frente ao meu armário. Peguei minha mala e fiz meu caminho até ela. Na entrada da escola haviam algumas mesas de piquenique espalhadas pelo gramado do pátio, todas estavam vazias, exceto uma. Havia um garoto solitário sentado na mais próxima à porta da escola, com a cabeça baixa lendo um livro.
"Engraçado, tenho a impressão de que conheço ele de algum lugar" eu pensei.
Sim, ele não me parecia estranho. Foi então que o reconheci como sendo um garoto que ajudei a se livrar das brincadeiras estúpidas dos caras do time. Por ele sempre estar sozinho e com a cara enfiada nos livros se tornou a vítima perfeita pros trogloditas irracionais do time da escola. Quer dizer, eles são legais e tudo mais, só que não vejo necessidade em praticar bullying com quem seja de um outro grupo social diferente do nosso. Se bem que esse cara consegue ficar bem longe das palavras grupo e social. Ele é meio... estranho. Acho que ele percebeu que eu tava olhando pra ele, porque ele levantou o olhar do livro e me encarou. Eu não sabia muito bem como reagir, então só dei um aceno com a cabeça pra ele e me apressei pra entrar. E a marca ainda estava me incomodando, mesmo com a cabeça cheia de pensamentos pra me distrair, não tinha como não perceber e sentir aquela queimação.
Depois de andar por alguns corredores pude ver a Lucy encostada no meu armário, o que me fez sorrir como um bobo, enquanto conversava com sua amiga, Patty. Ela sempre me olhava de um jeito estranho, nunca entendi o porquê, não entendia o que seu olhar queria dizer. Mas mesmo com esse detalhe sinalizei com o dedo pra Patty ficar quieta e não dizer que eu havia chegado, assim que ela percebeu minha presença. Eu deveria agradecer ela, por não ter dito nada, qualquer dia. Caminhando suavemente andei por trás da Lucy e passei meus braços em volta de sua cintura, ao mesmo tempo aproximei minha boca de seu ouvido e disse um "Boo" suave. Pude sentir um pequeno arrepio vindo dela, sinalizando que ela havia se assustado. Eu ri levemente de sua reação e ela se virou em meus braços pra me encarar.
- Kamdor, seu idiota. Quer me matar do coração? - ela disse alto, quase que gritando, mostrando que estava brava com a minha brincadeira.
- Aah, Lu, para de ser dramática. Foi só um sustinho. - eu a provoquei. - Nem foi pra tanto. - A reação dela foi cruzar os braços e arquear uma das sobrancelhas. Eu não pude evitar e ri. - Ok! Me desculpa. Não faço de novo... Prometo. - disse a puxando mais perto, até que nossas bocas se tocassem num beijo rápido, um selinho. - Só que não. - Sussurrei sorrindo e recebi um tapa no peito.
- É claro que não vai fazer de novo. E, além do mais, você tá atrasado. - ela franziu a testa. Aquilo não era bem verdade.
- Atrasado? Eu disse que estaria aqui em até quinze minutos e foi exatamente o que eu fiz, acho que até cheguei antes.
- Na verdade você chegou 30 segundos atrasado.
- Você tá brincando comigo, né?
- Sim. - eu suspirei aliviado com sua resposta e dei uma leve risada. - Na verdade você tá dois minutos atrasado. - ela disse num tom diferente, dando ênfase no "dois".
- O que? Não tô, não. - neguei com tudo o que pude, até que ela levantou seu celular e o ligou, deixando na tela de bloqueio onde tinha uma foto nossa ao fundo e o relógio marcando 9:37. Tudo bem, era verdade, não tinha como negar depois daquilo. Eu não sabia o que responder. Ela esperou por uma resposta com as sobrancelhas arqueadas e sua boca formava levemente um bico que apontava pra direita. Apesar das intimidações, eu sempre amei essa cara. - Eer... Me desculpa? - perguntei, levantando os ombros. Ela revirou os olhos e sorriu. - Além disso, o jogo só começa 10:00, eu cheguei a tempo.
- Como eu tô sobrando aqui eu vou embora. - Patty anunciou, não que eu desse muita importância, já que me daria mais tempo sozinho com a Lucy. - A gente se vê no campo, Lu. - e assim ela foi embora.
- Até daqui a pouco, Patty. - Lucy disse pra ela. - Que história é essa de não estar animado pro jogo? - ela me perguntou depois de um momento de silêncio constrangedor.
-Não sei. - respondi com sinceridade, dando de ombros. - Hoje o dia parece meio estranho pra mim. Tenho um pressentimento de que a gente vai perder essa. - disse coçando atrás da orelha esquerda, onde ficava minha marca.
- Perder? Você acha mesmo que a gente vai perder? Pros Sharks? - ela apenas perguntava descrente do que eu disse. - Tá legal. Quem é você e o que fez com meu namorado? - ela brincou. A única coisa que fiz foi dar um sorriso fraco, dando de ombros, e abaixei a cabeça. Ela suspirou e com uma de suas mãos levantou meu rosto, fazendo com que eu estivesse olhando em seus olhos. - Kam, você tem que acreditar que podemos vencer esse jogo. Tivemos dois empates e uma derrota, mas agora podemos dar a volta por cima, acabar com eles e acabar com a invencibilidade deles desse ano. Você, mais do que ninguém, é capaz disso. Todos acreditam em você. - ela fez uma breve pausa. - Eu acredito em você. - Lucy disse olhando profundamente em meus olhos. Aquele olhar transmitia uma sensação muito reconfortante. - E seja lá o que mais tiver te incomodando, eu vou te ajudar a superar. - Enquanto ela falava eu levantei a mão mais algumas vezes pra coçar atrás da orelha. Não tinha outra hora pra me dar esse ataque de coceira?
- Você sabe como me deixar melhor. - eu encostei no meu armário e com a mão direita toquei seu rosto, fazendo pequenos círculos em sua bochecha com meu polegar.
Minha intenção era enclinar meu rosto até o dela pra beijá-la, mas antes que eu pudesse fazer qualquer coisa ouvi, atrás de mim, a voz de Luxor cantar uma música boba pra mim e pra Lucy.
- Kamdor e Lucy, sentados numa árvore, se abraçando e se beijando. - cantou em tom de brincadeira. Eu revirei os olhos e Lucy riu. Tinha que ser logo agora?
- Agora não, Luxor! - eu gritei pra ele, sinalizando que não com a mão. Eu virei o rosto e com o canto do olho pude vê-lo sorrindo pra mim discretamente e foi na direção do vestiário, com David.
Me virei pra Lucy novamente, pra cumprir meu objetivo, mas não tive sucesso de novo. Quando ia me mover pra frente ela me alertou:
- Não é melhor ir pro vestiário? O jogo começa em poucos minutos.
Eu gemi de desagrado, pois eu só queria poder beijá-la antes de ir. E mais uma vez eu estava coçando atrás da orelha.
- Tá legal! - exclamei, nada contente.
- Qual o problema? - ela perguntou, me deixando confuso. - Por que tá coçando tanto atrás dessa orelha?
- Não sei, mas isso tá me incomodando desde cedo. - respondi, ainda coçando, só que com mais raiva.
- Lavar atrás das orelhas na hora do banho ajuda, sabia? - ela brincou. Lhe dei um olhar divertido, fazendo-a rir. Então ela segurou minha mão e tirou de perto da minha orelha. - E para com isso, a não ser que você queira se machucar.
- Ok, parei! - levantei minhas mãos em sinal de rendição. - Eu vou indo pro vestiário. Te encontro no campo. - eu disse, recebendo o aceno positivo dela.
Tudo o que ganhei por uma breve despedida foi um beijo rápido e ela deu a volta por mim se dirigindo ao campo. A observei por um momento. Ela estava com uma camiseta do time com o meu nome e um shorts que eu julgo ser curto demais. A gente precisa ter uma conversa sobre isso depois.
Deixando isso de lado me dirigi pro vestiário. Quando cheguei já estava vazio, o que por um lado era algo positivo, já que não teria ninguém pra me distrair e eu acabar me atrasando. A única coisa que eu tava pensando no momento era abrir logo meu armário, vestir meu uniforme e guardar minha mala depois que eu me trocasse. Na verdade queria que tudo isso se fizesse sozinho, assim eu só teria trabalho em me trocar. O que eu carrego na bolsa? Ela não é tão grande, então levo só minhas chuteiras, alguns pares de meião, minhas caneleiras, toalha e uma parte debaixo extra, pra depois do banho no vestiário.
Quando virei no corredor de armários dentro do vestiário encontrei o meu armário aberto. Logo imaginei que alguém o havia arrombado e tentado roubar algo. É por isso que nunca deixo nada de valioso guardado lá, apenas o uniforme, já que tenho extras em casa. O armário não tinha sinal de arrombamento e o que era mais estranho, meu uniforme estava encima do banco, ainda por cima estava dobrado, minha garrafa d'água estava ao lado. Se aquilo era uma tentativa de algum dos caras do time me pregar uma peça eles estão fazendo isso errado. Abrindo minha mala tirei minhas chuteiras, um par de meiões e minhas caneleiras, e comecei a me trocar. Fiz uma bagunça com as roupas que tirei, iria ter que dobrar tudo e organizar dentro do armário, pra caber sem amaçar nada. Seria bom se quem preparou meu uniforme, pra quando eu chegasse, também guardasse as coisas pra mim.
- Você tá sonhando alto, Kamdor. - disse pra mim mesmo, enquanto tava abaixado, amarrando uma das minhas chuteiras. Quando me levantei e virei pra pegar as coisas, pra colocar no armário, não as encontrei e ouvi o armário se fechar. No mesmo instante eu olhei pra trás, assustado. Acho que me enganei em relação a possível brincadeira que os caras estão fazendo comigo. - Tá legal, muito engraçado. Agora podem aparecer, onde quer que estejam. - disse alto para que qualquer um que estivesse ali dentro pudesse ouvir. Mas ninguém se pronunciou. Andei por todo o vestiário o mais rápido que pude e pra minha surpresa não tinha ninguém. Se alguém tivesse entrado com certeza eu teria escutado. - Ok, eu não tô ficando louco. É só coisa da minha cabeça. - tentei me acalmar, mas foi uma tentativa infeliz. - Eu tô ficando louco!
Tentando deixar isso de lado peguei minha garrafa e saí do vestiário, com tudo aquilo atormentando minha cabeça. E adivinha o que estava coçando.
Quando cheguei ao campo pude ver Lucy e sua amiga, Patty, na arquibancada do lado do nosso banco de reservas. Luxor estava lá com David. O jogo estava pra começar. O treinador nos chamou e passou o plano de jogo. Olhando em volta pude ver o arrogante líder dos Sharks, Jaxon, com aquele sorriso ridículo dele de quem iria sair vitorioso. O juiz se comunicou com os treinadores dos dois times e fomos chamados para o campo. Todos se posicionaram em seus devidos lugares. Os Sharks começavam com a bola. Já estava na hora, com o som do apito do juiz o jogo foi iniciado.
***
Depois de meia hora de jogo o resultado permanecia 0x0 pras duas equipes. O jogo tava equilibrado, mas os Sharks tavam mais ofensivos em suas marcações. Perdi as conta de quantas vezes sofri faltas cometidas por Jaxon, que não foi punido em nenhum momento pelo juiz. Parecia que tava a favor deles, tínhamos uma desvantagem.
Assim como todos, me dirigi pra lanchonete da escola, junto com David e outros caras, onde o time recuperava seu fôlego e conversava sobre estratégia. Durante o caminho senti meu estômago roncar, então não fui pra mesa com o resto do pessoal. Ao entrar na lanchonete caminhei até o balcão pra fazer meu pedido, ainda distraído com o que tava acontecendo no jogo e o que tava acontecendo comigo, já que a maldita marca ainda me incomodava e algumas coisas estranhas aconteceram. Antes que eu pudesse chegar lá, acabei trombando com um garoto, o mesmo que tava solitário naquela mesa, quando cheguei na escola. Qual era mesmo o nome dele? Robson? Harrison? Juan? Não, Juan não, não tem a ver com alguém com características asiáticas. Com o impacto ele acabou derrubando o que tinha em mãos, ou seja, seu livro e mais alguns papéis.
- Poxa, cara, foi mal. Eu não te vi. - me desculpei.
- Tudo bem, sem problemas. - Ele respondeu sem me olhar nos olhos e se agachou pra pegar suas coisas.
Segui seu movimento e o ajudei a pegar tudo o que via, até que algo me chamou a atenção. Misturado com os outros papéis vi um tipo de folha que aparentava ser velha, como se ela tivesse sido queimada ou coisa parecida, lembrava a pergaminhos antigos que eu vi em alguns filmes e no History Channel. Mas além de sua aparência, o que me chamava a atenção era que ele tava brilhando num tom meio acinzentado, roxo, chegando bem próximo ao preto, era difícil de dizer exatamente o que era aquilo.
- O que é...? - eu perguntei e ergui o braço pra pegá-lo. Quando estava quase tocando o garoto segurou minha mão com força.
- Não toque nisso! - ele praticamente gritou. E então algo ainda mais estranho aconteceu.
Minha marca por alguma razão agora estava ardendo e eu podia perceber que vinha uma luz do lado da minha cabeça, e da mesma maneira pude ver que uma luz parecida vinha do peito do garoto, tinha um contorno de um triângulo de cabeça pra baixo, com um risco próximo a ponta que apontava pro chão. Quando olhei em seus olhos eles também brilhavam de maneira estranha, o castanho foi substituído por um cinza intenso. E do nada as cenas de guerreiros lutando contra o da máscara de samurai veio novamente, porém um guerreiro de preto se destacou. Por alguma razão senti que o garoto e aquele guerreiro tinham uma ligação.
- É você... Você é o herdeiro mencionado por Galleon na profecia! - o garoto disse pra mim, fazendo as imagens irem embora.
Eu estava prestes a perguntar sobre o que ele estava falando, mas senti como se o mundo estivesse pesando sobre mim, me forçando a ir pro chão, com uma tontura que eu nunca imaginei que sentiria. Eu estava desmaiando. Antes de perder a consciência pude sentir a presença de mais alguém, da mesma maneira que sentia a daquele garoto.
- Kamdor?! - Não sei dizer ao certo, mas acho que pude ouvir a voz da Lucy me chamando, assustada, e então minha visão foi inundada por uma camada preta, ao fechar os olhos. Eu não sentia, via ou ouvia mais nada. Estava, enfim, desmaiado.
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Esperamos que tenham gostado, logo postaremos a segunda parte.
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Esta foi a primeira parte do primeiro capítulo, apresentando um de nossos personagens. Se gostou aguarde só um pouco que postaremos os próximos capítulos, que estão sendo elaborados.

Cada capítulo será dividido em partes. Abordaremos narrativas de primeira e terceira pessoa durante o decorrer da fanfiction.

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