Meu

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Antônio olhou para o menino em seu braço sentindo de novo uma onda de calor imensa atingi-lo no peito, ele não sabia nada sobre bebês, não sabia sequer como trocar uma frauda, mas de repente ele sentiu uma necessidade gritante de não ter que abrir mão de estar com Vicktor e pedir a ajuda de ninguém na casa para trocá-lo.

O quarto dos dois bebês estava impecável e limpo, havia dois berços, um rosa e um azul, o do menino era o azul — claro —, e foi lá que ele cuidadosamente o colocou, depois começou a missão impossível, achar as coisas para preparar a troca, ele estava sujo e o mau cheiro era bem evidente.

Quanto meses teria? Dois?

No máximo dois, ele tinha feito as contas, não era um homem leigo, ele não acreditaria no que Estela estava falando, Vick era seu filho, ele sabia que sim e apesar de não o ter planejado, ele queria o menino, era sangue de seu sangue, carne de sua carne, ele poderia muito bem aprender sobre bebês e ser um bom pai.

Não, ele não cometeria erros com aquele bebê, ele não iria falhar ou se acovardar em relação a Vicktor.

— Vicktor Luiz, quem diria?

Pegou uma frauda descartável no guarda-roupas, lenços umedecidos e o talco, depois que estava tudo pronto, pegou o bebê devagar e o colocou na tábua de troca, ora, viu por anos suas irmãs e primas mais próximas fazendo aquilo centenas de vezes, não deveria ser tão difícil.

Abriu o macacãozinho azul com cuidado e ao abrir a frauda fez uma careta para o pequeno, o sorriso de Vick o enterneceu, Antônio sentiu que o coração se enchia de amor por aquela pequena criaturinha, ele poderia ser o pior monstro do mundo lá fora para qualquer outra pessoa, mas não para o seu filhinho recém-nascido, não mesmo.

Tomou cuidado para limpá-lo com os lenços umedecidos e depois jogou a frauda no sexto de lixo embaixo da tábua, então a missão impossível estava quase completa, naquele momento abriu a frauda e checou a parte frontal e traseira.

— Não é tão difícil assim, garoto.

Antônio começou a jogar o talco com cuidado nas partes mais sensíveis lembrando bem que a irmãs sempre diziam sobre passar uma "fina camada", Vicktor espirrou e esperneou e mesmo que não fosse de rir, Antônio riu porque era a coisa mais fofa e normal que ele já havia presenciado em toda a sua vida.

Ele se inclinou e colocou um beijo na cabeça do bebê, era uma coisa voluntária e incontrolável, como quando ele estava com algum sobrinho e a criança queria atenção ou carinho, naquele momento aconteceu algo do qual ele não esperava ou estava pronto, ele sentiu o peito úmido e quente, Vick esguichou um jato de xixi nele.

— Garoto esperto — Antônio disse mais rindo que bravo.

Ele era um bebê muito cativante, tinha olhos verdes como os lindos olhos de Estela e cabelinhos escuros num tom mais acobreados como os da mãe, mas algo em seu coração dizia que ele era seu desde o exato momento em que ele viu Vicktor.

Antônio sabia que ela nunca o perdoaria, mas naquele momento não parecia se tratar mais deles e sim do que era melhor para o filho deles, desde muito pequeno sempre foi ensinado a cumprir seu papel como homem, algumas vezes falhou muito sério em relação àquilo, mas agora cometer os mesmos erros era algo inadmissível.

Obviamente que ele simplesmente não conseguia esquecê-la, não conseguia lidar com a ausência dela depois daquela noite, talvez só não ele não esperasse encontrar uma pequena lembrança da noite deles.

Parecia um pouco tarde para trazer aquelas recordações atona, ainda que quisesse um pouco mais do que Estela poderia oferecer, só se sentia cansado de pensar em hipóteses e em coisas que não aconteceram. Tudo aconteceu da pior forma possível e tinha noção daquilo.

Indecisa - DEGUSTAÇÃOWhere stories live. Discover now