Precisar

27 5 0
                                    




O percurso até o hospital foi silencioso e constrangedor, exceto por alguns barulhinhos emitidos por Vick, o resto foi completamente em total silêncio, Estela numa ponta, Antônio na outra, entre eles a cadeirinha do pequeno que estava presa por um cinto num dos carros dele, uma Mercedes, não importava a maldita ostentação, não era algo do qual ela ligava.

Havia um bando de fotógrafos na entrada no estacionamento do hospital, Estela puxou o cobertor cobrindo o rosto de Vick com uma manta, preservando-o daquele bando de canalhas que adoravam lixo visual, ela não olhou para o lado mediante os flashs que disparavam sobre eles ainda dentro do carro.

— Eu não faço ideia de quem poderia ter avisado — Antônio garantiu completamente sério.

O que poderia fazer? NADA.

Os seguranças cercaram o carro tão logo o motorista estacionou e os paparazzis se afastaram, ainda que não cessassem as fotos e Estela teve que lidar com aquilo novamente mesmo que não quisesse.

Porque estar om Antônio sempre significaria estar cercada de mídia e um circo de palhaços que adoravam fazer perguntas sobre sua vida, sobre quem era ela.

— Estela, Estela, vocês voltaram?

— Esse bebê é filho de vocês?

As perguntas vinham enquanto o segurança abria a porta para que ela saísse do carro com o bebê no colo, ela cobriu todo o rosto de Vick com a manta, Antônio deu a volta no carro e passou o braço em volta dela.

Sabia o que fazer, ficar absolutamente calada.

Foi conturbado, mas enfim, quando entraram no hospital, não havia mais fotógrafos lá. Colocou Vicktor no bebê conforto e seguiram rumo a recepção.

Adella estava internada no Hospital de tratamento de câncer mais caro de Nova York, ela sabia por que pertencia a uma tradicional família americana que era dona de uma rede hospitalar famosa. Estela já tinha ido lá algumas vezes com Luah tocar para crianças doentes de câncer, era de partir o coração, ela prometeu a si mesma que depois viria novamente, já que no último ano sequer havia saído de casa, tinha se trancado em sua casa e se conformado em ir à casa da melhor amiga e aos ensaios da banda quando podia, tinha medo de que Ted a encontrasse assim como tinha receio de ser assediada por alguém na rua por conta da fama que adquiriu quando se "envolveu" com Antônio.

Logo que chegaram, encontraram uma das sete irmãs de Antônio na recepção, ela torceu o nariz para Estela que não deu a mínima para ela, nenhuma delas gostava de Estela, nem os dois irmãos dele, a única pessoa que ainda demonstrava afeição por ela era Adella, e o pai de Antônio, o Rei João Carlo I da Espanha, esse quando a viu na recepção abriu um vasto sorriso, ela abraçou o senhor sem se importar com as mensuras ou modos, depois pegou o pequeno de dentro do bebê conforto que Antônio carregava e tirou a manta vendo João Carlo parecer emocionado.

— Vicktor Luiz, esse é o nome dele — Estela disse com orgulho e o entregou para João Carlo com todo cuidado. — Eu o chamo de Vick.

— Ele é um belo menino — disse ele com um sorriso enorme para seu filho — Fico feliz em saber que Antônio enfim, tenha percebido a moça valorosa que você é, Ester.

Ela não havia se esquecido que eles sempre a chamavam assim, tanto Adella quanto João Carlo - Primo assim chamados por todos os mais íntimos — ela apenas lhe sorriu e seguiram para o quarto onde Adella estava instalada, Estela sentiu o coração se contrair quando viu a senhora deitada na cama lendo um livro, magra e meio abatida, poucos fios de cabelos brancos na cabeça, ela havia raspado.

Indecisa - DEGUSTAÇÃOWhere stories live. Discover now