Querer

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Desejava que Antônio soubesse que ela não queria só o dinheiro e teve que engolir seu orgulho e ir atrás dele, quando viu nos jornais que ele embarcaria para Espanha no sábado à tarde, ela ficou de alguma forma um tanto empolgada, o dinheiro já estava na conta, mas ela poderia dar um jeito de transferir a quantia antes de qualquer coisa, ainda não tinha falado com Gabriel sobre os depósitos.

Quem sabe ele não pode rever tudo isso e ficar comigo de verdade? Pensou ela.

E foi atrás de Antônio no aeroporto.

Se viu em um tumulto enorme no aeroporto, havia colocado roupas discretas e um chapéu, óculos escuros, porém havia meia dúzia de fotógrafos tentando se aproximar do príncipe, ela não foi reconhecida por ninguém o que era bom, mas também era ruim porque sequer conseguia chegar perto do círculo que se formava em volta dele enquanto ele andava.

Estela foi empurrada pela multidão de repórteres e acabou caindo, a queda foi um choque forte, foi o suficiente para sentir que deveria voltar para casa, mas a caminho de casa sentiu uma cólica terrível acompanhada de uma dor lançante no pé da barriga. Dali ela correu para o hospital e lá foi avisada de que a vida de seu bebê estava em risco.

Já no hospital teve que ser medicada e ficar de repouso absoluto, Luah e Gabriel haviam ido para o hospital naquela tarde assim que ela conseguiu contato com ambos, no dia seguinte quando seu pequeno bebê lutava contra a morte, ela havia tido alguns sangramentos e cólicas insuportáveis, porém ela conseguiu se recuperar conforme os dias no hospital foram passando.

Suportou tudo sozinha, pedindo a Deus pela vida de seu precioso bebê, depois de algumas semanas internada, recebeu alta, o bebê sobreviveu e ela prometeu pra si mesma que nunca mais iria se colocar em situações do tipo por ninguém.

Não por orgulho, não por medo, mas porque sabia que estar perto dele envolveria sempre aquelas situações e por aquele motivo ela odiava tanto os paparazzis, detestava aquelas perseguições sem fundamento.

Entrou na ala pediátrica vendo rostinhos pálidos e cabecinhas raspadas, ela sorriu e se sentou no chão com eles, teve sorte de seu bebê ter sobrevivido e ter nascido bem e saudável, apesar da gestação ter sido de risco e ela ter ficado quase todo o tempo em repouso, saia somente para os ensaios na casa de Kenny e apresentações da banda ou para casa de Luah.

Uma criança coincidentemente lhe entregou uma flauta de brinquedo, daquelas de plástico, ela sorriu começou a tocar Bach alegremente vendo os pequenos começarem a dançar, outros baterem palminhas alegres.

Estela gostava de tocar desde que se lembrava, amava a música assim como algo muito precioso em sua vida, tinha paixão pelo que fazia e aquilo custou a ela muito mais do que qualquer pessoa pudesse imaginar, só que era o que a fazia muito feliz.

As coisas haviam sido fáceis até certa idade, nasceu em berço de ouro, herdeira única de um império, Estela foi designada pelos pais desde pequena ser uma dama na sociedade em que viviam, até certa idade ela ainda obedecia à mãe, mas conforme foi descobrindo sua paixão pelo piano de brinquedo, notou que talvez estar com os pais significasse abandonar o que tinha por vocação e amor.

A música.

Havia entrado num mundo fascinante onde acordes eram mais interessantes do que números na bolsa de valores ou no mercado de ações, ela acabou amando as aulas de piano e deixando que passasse a ser algo mais importante que um hobby.

O passo mais importante de sua vida foi aos dezesseis anos quando terminou o ensino médio, seu pai queria que ela fosse administradora e estudasse em Princeton, mas Estela não queria saber de números, ela amava as notas, os sons, sentia prazer de tocar e compor. Não sentia que poderia se tornar afeiçoada aos negócios da família, ela não servia para aquilo.

Indecisa - DEGUSTAÇÃOOnde as histórias ganham vida. Descobre agora