Memento Mori

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E como para todos ela chega, assim, como se nada tivesse acontecido,
Te acolhe nos braços, te canta uma canção,
As cores vivas, as cores frias, agora dão lugar ao sofrimento incolor,
Sem sangue, sem lagrimas,
Desaparecendo,
E se quer ou não, isso não é opcional, sem opor-se-vai,
Entra em seu vagão, nos trilhos e percorre sua vida,
Se arrepende?

Passando pelos altos e baixos, cada emoção, cada reação...
Se lembra? Lembra-se?
O vagão agora atropela os corações que abandonastes,
Escorrega agora nas lagrimas que derramastes e que fizestes verter,
Se prende agora nas daninhas que deixastes crescer.

No fundo podes ouvir o coro?
É como se fosse o adeus, sereno e tão aconchegante,
E como se tivesse aprendendo a andar você vai, vai titubeando,
Mas não há problemas você nunca ligou, não é?
O tanto faz, o tanto fez,
Nunca acreditou, não acreditou em mim,
Na verdade, nós sabemos, você não acreditou nem em si próprio,
Você teve medo, você ainda tem medo, mas todos nós temos, pois eles nos movem,
E se morresse amanhã? E se morresse agora?
Nunca importou, nunca regou seu espirito, você é fraco, você é vazio,
Você nunca teve medo do fim, você nunca teve medo do final, mas a vida é breve,
Ela passa... você nasce, cresce e de uma hora para outra está seguindo.
Não, não chore, seja firme,
Aos poucos tudo desaparece,
Me diga, um amanhã está porvir?
E se morresse amanhã, o espirito seguiria?
E se seguisse, para ondes iria?
Para onde foi a utopia?

A canção se encerra, os trilhos velhos vão continuar,
As luzes que te rodeiam estão agora sumindo diante-teus olhos,
E agora, você vai seguir? Para onde pretendes ir?
Nós estamos ao fim, apenas entregue, se entregue,
Venha para os meus braços e vamos continuar,
Vamos seguir o ciclo,
Vamos...

Entre Metáforas e UtopiasWhere stories live. Discover now