10. Uma mão amiga

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Pego um taxi de volta pra casa, eu não ficaria nem mais um segundo naquele hospital, quero distancia daqui e estou me dando alta.

Chego em casa e não tem ninguém, agradeço mentalmente por isso, assim não tenho que me explicar. Fico deitada no meu quarto, tentando colocar meus pensamentos em dia. Tentando entender toda essa confusão que está acontecendo nesses últimos dias. Escuto um barulho na porta de entrada e logo a voz do papai invade a sala de estar. Ele está discutindo sobre algo que eu demoro alguns segundos pra entender. Está discutindo com a Carmen sobre Daniel e eu. Chego mais perto da porta e a deixo entreaberta e fico escutando a conversa dos dois. Papai anda de um lado para o outro, sem parar.

— Ela deve estar bem, Paul. — fala Carmen, tentando acalma-lo — Conhece sua filha, ela deve ter ido esfriar a cabeça, não sei.

— Estou preocupado com ela, você ouviu o enfermeiro falando que parece que ela saiu com uma menina. Com certeza foi aquela marginal que roubou meus papeis. E pra ajudar tem essa história do Ethan ainda. Uma hora eles estão juntos e tudo está bem, agora ele faz isso com o Daniel e com minha filha.

— O Dani vai ficar bem. — Carmen se aproxima dele e acaricia seu rosto — Daqui a pouco ela aparece. E se ela tiver com a Leona, ela vai estar bem.

— Como você pode dizer isso? — pergunta papai indignado — Essa garota é uma criminosa.

— Ela é só uma garota, Paul. Uma garota que gosta da sua filha e ficou no hospital todos esses dias mesmo não podendo entrar pra vê-la.

Leona ficou no hospital esperando que eu acordasse todo esse tempo? Por que ela não me contou isso? Por que ela surtou justo agora que eu preciso tanto dela por perto?

— Por mim aquela garota some da nossas vidas. — retruca papai.

— Olha, qualquer noticia da Kali me avisa. Tenho que pegar o Sebastian no aeroporto daqui há alguns minutos.

— Sebastian?

— Sim, o melhor amigo do Daniel, lembra? Aquele garoto que ia lá em casa. Eu te avisei que ele viria passar um tempo aqui em casa enquanto os moradores não desocupassem o apartamento dos pais dele.

— Tudo bem. Se ela não aparecer até o horário de almoço, eu vou ligar para a policia. 

Abro a porta rapidamente, a atenção de Carmen e papai se voltam totalmente para mim.

— Não precisa de policia. Eu estou bem! — falo.

— Kali! — dizem juntos enquanto correm rapidamente em minha direção.

— Onde você estava? Por que saiu do hospital no meio da noite? Você não está bem ainda, não pode sair fazendo essas coisas. — meu pai me fuzila de perguntas.

— Pai, eu estou ótima!

— Você deveria ter esperado o médico te liberar, Kali. — fala Carmen.

— Eu precisava de um pouco de ar.

— Avisa sua mãe. Ela está preocupada com você, está ficando na casa do Anthony. Tenho que voltar para o trabalho. — fala seco.

Paul vira recolhendo suas coisas da mesa como se não estivesse se importando nem um pouco.

— Vejo que conseguiu seu trabalho de volta, parabéns. — indago.

— Não graças a sua amiga. — retruca.

— Ela não tem culpa se você queria demolir o patrimônio do pai dela. 

Papai para com a mão na maçaneta e fica calado por alguns segundos. Ele abre a porta lentamente como se estivesse pensando no que vai falar e me fuzila com os olhos.

Não ouse me deixar | lésbicoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora