II

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Agora; Acampamento Meio-Sangue; 09:45

Acredito que no nosso mundo, existe uma força maior do que tudo, a mais poderosa de todas, onde as pessoas fazem qualquer coisa para detê-la:

A fome.

Sinto que meus ossos vão virar macarrão e que minha barriga virou um buraco negro, prestes à explodir. Estou ficando tão maluca, que pensei que Bóris estava dançando Macarena no Anfiteatro.

Minutos depois - que pareceram horas - cheguei ao pavilhão do refeitório. Tentei pedir uma comida gentilmente e as panquecas apareceram junto de um café. Comi rápido como um raio, deixei um resto da melhor parte do lanche e dividi - dei a oferenda para Zeus e outra para Poseidon - e levei o café para longe, junto da mala.

Procurei meus amigos, Nico e Will estão juntos com certeza, desde que começaram a namorar ficam juntos o tempo inteiro, então não será difícil achá-los.

Mas quem vejo primeiro é Beatriz, perto da praia, os óculos enormes no rosto e o coque mal feito. Ela parece feliz, pensando em algo, no mundo da Lua.

Está deitada e na pontinha de seus dedos eu vejo um pequeno ramo de árvore crescendo.

– Ei! – chamei alto e ela se assusta. Assim que me vê, se levanta e vem correndo para me abraçar.

– Lyd! O que está fazendo aqui? Não sabia que vinha, devia estar na faculdade, não é?

– Juro que quem disser isso mais uma vez, eu vou chutar a perna – falo rindo. – Mas é, gostou de me ver?

– Claro que sim! Eu já estava ficando entediada aqui. Era apenas canoagem, escalada, canoagem... Sorte que amanhã vamos ter captura à bandeira!

– Legal! Eu vou adorar me machucar toda! Acredita que encontrei Peter lá no alto da colina, pensando que seria hoje? – continuo a rir e ela também.

– Onde você vai dormir? Sério, precisam construir um chalé pra você.

– Não sei. Estava pensando em ficar no chalé 4 com você. Quíron não me deixa dormir no chalé 11, por causa de Peter. Ele tem medo de acontecerem "relações inconvenientes" – fiz aspas com os dedos e revirei os olhos.

Beatriz tenta conter a risada mas fracassa.

– Vou tentar arranjar um jeito. Se não der certo, vai ter que arranjar outro lugar. Pode ir no chalé 13, com Nico!

– Nem morta, aquele lugar me dá arrepios só de passar perto. Vou falar com Will e ver se ele me deixa ficar no chalé 7, já que é o Conselheiro Chefe.

– Tudo bem – deu de ombros. – Vamos procurar ele... Ah, tem mais uma coisa que eu preciso te contar – disse à última parte em um tom sério.

– O que foi?

– Eu tenho sonhado com uma garota, na verdade só a voz dela chamando o própio nome: Helena.

– Nunca ouvi falar, só a de Helena de Tróia, mesmo. Já falou com Quíron sobre isso?

– Sim, ele disse que aqui tinha uma campista chamada Helena.

– Tá, mas e daí? O que você descobriu?

– E daí, que na guerra contra Gaia... Ela morreu.

***

Alguns minutos depois; Acampamento-Meio Sangue; 10:30

Depois dessa conversa estilo Atividade Paranormal, resolvemos ficar atentas e não falar disso com mais ninguém.

– Onde é que eles se meteram? – perguntei cansada de caminhar. Já passamos pelo lago e o arsenal duas vezes! Mas tenho medo de ir na floresta. O punho de Zeus e o Bunker 9. Mas também é por causa das dríades e sátiros, eles não gostam muito de mim.

– Vamos, só mais um pouco, ali no arco e flecha! – Beatriz insistiu e eu me deitei no chão apenas para dramatizar.

– Nnaaaaoooo!!! Estou cansada demais! Não é você, sou eu! Unicórnios são literalmente reais!

– Lydia – tentou sussurrar mas acabou gritando – eu sei que você não é normal, mas não precisa mostrar isso pro mundo! Levanta, garota!

Beatriz me puxou para eu me erguer. Ela se vira para o lado e diz:

– Olha eles ali! – grita e me larga, fazendo minha cabeça bater no chão. Isso doeu, porque sempre acontece comigo? – Anda, Lyd, porque tá parada?

– Deve ser porque você me largou no chão! Vai logo, antes que eles fujam.

Me levantei e Beatriz correu na direção da linha de tiro com arco e flecha. Assim que a alcancei, vi os três conversando.

– Lydia! – Nico diz e sorri, vindo me dar um abraço. – Por que não disse que viria?

– Nem eu sabia – passei a mão na cabeça, no local onde dóia. – Will! – digo e dou um sorriso.

– Reloginho! Que bom te ver – dou um abraço e me afasto para massagear a cabeça. – O que foi?

– Nada, é que alguém, certa pessoa cujo o nome não deve ser nomeado, me largou no chão, então minha cabeça está doendo – olhei para Beatriz com um olhar de "Brigada, viu, moça! Aqui um joinha pra você".

– Voldemort?

– Pior! – choraminguei. – Esse ser – apontei para Beatriz que deu um sorriso falso. – Foi ela, moço, a louca das ervas.

Nico tentou evitar a risada. Realmente, não tem como achar um bom sentido nisso.

– Deixa que eu faço um curativo. É coisa rápida, pode ser até no meu chalé.

– Ok. À propósito, preciso falar com você – me viro para Beatriz e Nico – Vejo vocês depois? No almoço?

– Claro – Nico diz. – Vamos procurar Peter, que deve estar se escondendo. Vem, Bia.

Eles dois saíram na direção oposta e eu e Will fomos até o chalé de Apolo. Chegamos e deixei minha mala no chão, enquanto Will procurava na maleta, coisas para fazer curativo.

Falei com ele sobre dormir no chalé, ele disse que podia.
Era uma droga ter que dormir em outro lugar. Já conhecia o chalé de Hermes, até a poeira - que dei o nome de Jeremias - debaixo da cama de Peter, sempre o fazia espirrar.

Will apenas mexeu em meu cabelo e procurou o lugar onde estava a pancada, era pequena, aliás. Deve passar rápido.

– Obrigada, doutor, não sei o que faria sem o senhor – pus a mão no coração. – Pensei que podia virar uma hemorragia.

– De nada, minha fiel paciente. Vou te ajudar a tirar as coisas da mala.

Graças aos deuses que Will existe. Com ele, tudo fica mais alegre, e Nico também. O que fazê-lo feliz, me faz também.

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P.S.: desculpe qualquer erro

Beijos azuis

O Feitiço do Tempo | Livro 3Where stories live. Discover now