Falso Discurso

Apenas um abraço

Por mais que eu tentasse... nada eu conseguia.
Tentei falar, andar, acabar com aquela angústia... mas eu só conseguia chorar.
Não me julgue por isso, não pude me controlar... nunca quis que transparecesse esse inferno no qual estou constantemente.
A minha boca se abria, e por mais que eu tentasse, nenhum som se emitia. Eu estava muda, um outro eu me calou, me sufocou, me matou... deixando apenas aquele material sem vida.
Eu tentei pedir apenas um pouco de carinho, mas as lágrimas rolavam todas as vezes que eu tentava me comunicar.
Eu não precisava daquelas palavras me rasgando a alma e despedaçando meu coração, e sim de um simples ato para fechar um rasgo que estava prestes a se abrir, e juntar os pedaços que estavam prestes a se espalhar e nunca mais se juntarem. Eu só precisava de um simples abraço.
Meus olhos se dirigiam aos daqueles que eu amava, transparencendo a falta do meu verdadeiro eu. Eu não estava ali, eu havia me perdido e clamava para alguém me resgatar.
Eu tentei falar, juro que tentei. Mas o que eu conseguia era apenas deixar minha fraqueza tomar conta do meu ser.
Eu não conseguia me mover, afinal, eu não estava ali. Eu precisava de ajuda, eu estava no chão e clamava por alguém que me desse a mão.
Até a morte fugiu de mim, o que fez a própria vida me matar.
Eu só queria dizer que os amava e me desculpar por todo sofrimento que lhes causei, mas eles não entendiam... Eu quem estava sofrendo ao ver quem eu amava sofrer, e tentando matar a dor que sentiam me causando mais dores.
Por fim eu consegui dizer; "Eu não queria te magoar." Repeti essa frase milhares de vezes por ser a única que minha boca me permitiu dizer.
Eles entenderam que eu não fazia por mal, e sim na tentativa de me livrar do mal que meu outro eu causava a mim.
Só não entenderam o que eu realmente precisava, apenas assentiram com a repetida frase que minha boca insistia em emitir.
Então novamente me calei. Enconstei ninha cabeça no travesseiro e apenas chorei.
Na madrugada me vejo só na escuridão, e um entra e sai do lugar onde estou. Uma mão me toca e retorno a chorar, ainda sem conseguir emitir som algum.
"Não chore, eu estou aqui."
Então o ato que tanto esperei se fez. O rasgo em minha alma está se fechando, e os pedaços de meu coração estão sendo juntados novamente.
Não posso dizer que me livrei da dor (não sei se um dia me livrarei), nem que aquele meu outro eu partiu, mas posso dizer que achei um remédio para amenizá-la e um motivo para que o meu verdadeiro eu ainda viva em mim.