Capítulo 38

30 2 0
                                    

Meu dedo está ardendo e doendo bastante mas não chega nem perto do nervosismo que estou por Sofia me perguntar se eu estou grávida. Ora, de onde é que ela tirou essa ideia maluca?

Depois de ter feito um curativo no dedo, vou até a cozinhar limpar os pedaços da xícara que estão espalhados pelo chão até que a campainha toca e vou abrir a porta.
- Nossa você se machucou muito?
- Apenas deu um corte no meu dedo.
- Sofia que história é essa de eu estar grávida? Você está brincando comigo ne? Por que se for uma de suas brincadeiras eu vou ficar com muita raiva!
- Não né Maria Clara! Eu estou falando sério! Fiquei sabendo disso hoje de manhã.
- Mas como assim? Quem anda falando isso de mim?
- Eu não sei, mas hoje eu fiquei na escola até um pouco mais tarde estudando e quando sai vi um grupo de meninas falando isso de você.
- Mas talvez não estavam falando de mim.
- Estavam sim. Uma delas perguntou quem era Maria Clara, e a outra respondeu que era a que tinha cantado no café literário. 
Eu fiquei bem assustada quando ouvi elas falando isso, e quando cheguei em casa fui correndo te ligar.
- Oh céus! Mas como podem estar inventando uma coisa dessas se eu nem nunca tive relações com nenhum garoto; e mesmo se eu já tivesse tido, por que razão alguém pensaria que eu estou grávida?
- Não sei, mas fiquei bem preocupada. Você não está mesmo grávida não é Maria Clara?
- É claro que não Sofia! Agora eu quero muito saber quem é que inventou uma coisa dessas de mim. Será que alguém mais está sabendo?
- Não sei, mas o preocupante é essa pessoa ter espalhado isso para todo o colégio.
- AÍ, nem me fale uma coisa dessas!

Só de imaginar que toda a escola está pensando que estou grávida me da uma dor na barriga. Se isso chega até a supervisão da escola, com certeza eles vão chamar meus pais na escola e isso vai me dar muitos problemas; principalmente com Pedro.
[...]
Quando meus pais chegam eles me veem andando de um lado para outro igual uma neurótica. Estou tão nervosa, não sei o que fazer, não sei se conto isso a meus pais e não sei nem a quem xingar pois nem sei quem está espalhando isso de mim.
- Por que você está andando de um lado para o outro Maria Clara? Está tudo bem?
Pergunta meu pai preocupado.
- Eu só estou um pouco nervosa com as provas que estão chegando.
- É só isso mesmo? Você é tão boa aluna.
Diz minha mãe também preocupada.
- Sim, é isso mesmo. Agora se me dão licença eu vou ter que ir até a casa da Sofia, e mais tarde estou aqui.
- Tá ok. Leve as chaves.
Diz meu pai e saio pela porta.

Eu vou até a casa de Beatriz, é a única pessoa que passa pela minha cabeça que poderia ter feito isso. Eu odeio a ideia de ter que mentir para os meus pais mas a situação está tão complicada que acho melhor mante - los fora disso, pelo menos por enquanto.
Beatriz é ordinária, ela quer estragar minha vida de qualquer jeito; mas isso não vai ficar assim, vou dar um basta nela.

Estou em frente a casa dela e nem preciso bater na porta, ja encontro ela saindo de casa.
- Espera aí garota! É com você mesmo que eu quero falar.
Ela para e me olha espantada com a maneira em que eu lhe chamei.
- Olha, que surpresa você por aqui.
Ela diz com um sorriso irônico no rosto.
- Beatriz eu não estou para brincadeiras. O assunto é sério! Não finja que não sabe o que eu faço aqui.
- Do que você está falando menina?
- Ah você não sabe? Você acha que eu sou idiota? Eu sei que é você quem anda espalhando mentiras de mim!
- Olha aqui Maria Clara eu nem sei do que você está falando, agora me da licença que eu estou atrasada para um compromisso muito mais importante.
- Pare de ser fingida! É você quem está espalhando para a escola que estou grávida não é?  

Beatriz coloca as mãos sobre a boca e faz uma expressão de espanto.
- Nossa, quem diria hein Clarinha? Você que sempre foi tão santa agora está GRÁVIDA! Eu sinceramente não esperava isso de você.
- Calada! É claro que eu não estou grávida. E se for você que está inventando isso espero que pare já! Ou coisas ruins vão acontecer, ja estou cansada das suas idiotices, cansada Beatriz!

Saio andando apressadamente com muita raiva.
Beatriz já armou várias emboscadas para mim quando estudavamos juntas, e depois que ela se mudou ficou tudo dando certo para mim; mas infelizmente ela voltou e está querendo estragar minha vida de novo mas não vou aceitar isso.

No caminho passo na casa de Sofia e fico lá por um tempo; ela me ajudou a me acalmar depois de eu ter chorado bastante. Estou precisando de um ombro amigo em um momento como esse, alguém que me faça sentir confiante em que vou passar por isso em breve.
[...]
Sofia me acompanha até em casa e já são 19:00.
Me dá até receio de entrar em casa e meus pais já terem descoberto.
- Amiga fica bem ta, vai dar tudo certo e eu acho que seus pais não sabem de nada.
- Obrigada Sofi.
Me despeço dela e entro em casa.

Subo imediatamente até meu quarto, tomo um banho quente e me deito na cama me cobrindo até a cabeça.
Minha mãe vem até meu quarto me chamando para jantar, e eu digo que estou cansada e quero apenas dormir...

Meu dia foi bem tenso, minha cabeça está explodindo de tantos pensamentos que ficam me martelando. E o pior é que amanhã ainda tenho que ir a escola e encarar tudo isso; todas as pessoas me olhando e comentando " vocês sabiam que a Maria Clara está grávida?" Eu sinceramente não quero ter que passar por isso, mas se eu faltar a escola meus pais vão achar que está acontecendo alguma coisa; e está só que não quero passar pelo constrangimento de eles ficarem sabendo disso.
Há coisas na vida que ficamos pensando o por que isso deve acontecer, será que não podemos viver com um problema de cada vez? Por que quando uma coisa em sua vida da errado, todas as outras também começam a dar errado como um dominó que vai caindo peça por peça; e você tem que saber passar por tudo isso de cabeça erguida, essa é a parte mais difícil...
                        ***
No dia seguinte acordo indisposta. Me arrumo e pego minha bolsa indo em direção a porta, eu nem quero tomar café, não estou com estômago para isso. Vou caminhando até a escola desanimada e magoada.

A primeira aula foi Química, e depois tivemos duas aulas de matemática. Estou tão avoada que o professor acaba me pedindo mais atenção na aula.
Quando bate o sinal para o intervalo só tenho vontade de continuar sentada ali quieta, mas o professor logo chama para que ele feche a sala. 

Eu e Sofia fomos para o refeitório e nos sentamos em uma mesa. Sofia está comendo um sanduíche de cenoura e eu não tenho vontade de comer nada. Estávamos conversando até que algo tira minha atenção; ouvi algumas garotas que estavam sentadas na mesa ao lado, elas estavam me olhando e comentando algo sobre mim; meu sangue ferve e logo quero ir falar com elas mas Sofia me impede.
- Calma Clarinha, não vai. Não perca seu tempo com isso, haja natutalmente.
- É difícil, a única vontade que eu tenho é de achar quem falou isso e acabar com isso de vez.
- Mas não sabemos quem é, então paciência.
- Falando nisso ontem eu fui na casa da Beatriz, eu não estava aguentando mais a dúvida de que foi ela quem espalhou isso. Eu fiquei com muita raiva e falei algumas coisas com ela, mas não me pareceu que foi ela quem inventou isso, por que ela parecia não estar sabendo de nada.
- Pois é, muito estranho. Mas eu ainda acho que tem a possibilidade de ter sido ela, apesar de não sabermos mas ela é a primeira na minha lista de desconfiança.

Na minha lista também ela é a primeira mas ela nunca vai admitir que foi ela, isso é o que me deixa mais tensa mas logo vai aparecer o culpado, assim espero.

Eu MesmaOnde histórias criam vida. Descubra agora