C A P Í T U L O VII

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—Água? Eu não estou entendendo. Por que não consigo acordar?

—Zolla, você não está dormindo e eu realmente ainda acho que você está drogada. Deve estar desidratada também, bebe um pouco de água. –a voz calma de Olympia me tirou do transe.

—Isso é água? –eu disse dando gargalhadas. Eu queria tocá-la. Eu não sabia o que fazer, muito menos o que sentir.

—É, isso é água. E você está estranha. Tem certeza que está tudo bem? –Olympia disse com as sobrancelhas franzidas.

—Sim! Eu nunca estive tão bem! –dei uma risada tão alta que doeu meu estômago. —Eu posso tomá-la?

—Eu acabei de dizer que trouxe pra você. Bebe logo que ainda temos muita coisa pra fazer.

Minhas mãos estavam trêmulas enquanto eu segurava o copo cheio de água. Onde ela havia encontrado? Será que tinha mais? Leroy estava certo! Realmente existia água. Eu estava muito mais confusa agora e precisava de respostas. Minha boca tremeu quando coloquei os lábios sobre o copo. Minha respiração ficou irregular e meus batimentos aceleraram. Assim que o líquido penetrou na minha garganta, a sensação me invadiu por completo. Fechei meus olhos e só conseguia sentir cada gota daquilo. Era incrível! Assim que abri meus olhos, Olympia estava me olhando com uma cara um tanto engraçada.

—Você não está nada bem. Ai meu Deus! –ela balançou as mãos e tirou o copo das minhas mãos. Eu comecei a rir.

—Faltam dez minutos. Vá se arrumar! –a voz forte de Kieran atravessou meus ouvidos quando ele abriu a porta.

—E se ela estivesse pelada? Não sabe bater na porta? –Olympia disse enfurecida. —Ela não está nada bem. –eu escutei seu cochicho e ri.

—Eu estou aqui e posso te ouvir. –sorri me levantando. —Faltam dez minutos pra quê? –os dois se olharam e deram um sorriso sarcástico.

—Pros jogos. –Kieran respondeu me encarando.

—Agora você me responde. –dei um sorriso de canto da boca.

—Oly, vá se arrumar. Vou conversar com a garota. –Olympia resmungou saindo do galpão me deixando sozinha com seu irmão.

—Por que você usa essa roupa antiga de soldado? –eu me levantei caminhando até ele.

—Ok! Já te respondi demais por hoje. E essa roupa não é antiga! –ele permaneceu parado enquanto me observava.

—Eu bebi água hoje. Sabe quantos anos não tem água em Paldin? Cem anos! Cem anos sem uma porcaria de gota! E vocês tem água! Não pensaram que teriam pessoas procurando por algum tipo de água? Nem que seja contaminada? Pessoas morrem todos os dias pela falta dela! Vocês tem a merda da água aqui! Aonde encontraram aquilo? –eu disse com tanta raiva que assustei. Respirei fundo e o encarei.

—Respira. –ele disse aquilo e se virou.

—Então é isso? Você me deixa falar e sai? Vira as costas? Seu covarde! –eu gritei.

—Covarde? –ele se virou rapidamente e se aproximou de mim segurando forte demais meus braços. —Tem certeza que eu sou o covarde? Seu namoradinho que te abandonou, não eu. Eu não sou o covarde aqui.

—O que você está falando? –eu disse confusa.

—Seu namorado, ele já foi e te deixou aqui. –o quê?

—Namorado? Está falando de Brad? –a mão dele apertou mais ainda meu braço e eu gritei. —Está me machucando.

Kieran me soltou e caminhou descontroladamente para os lados. Eu só queria respostas!

—Você vai ver os jogos. Depois vamos conversar. Vai ficar com Sully, enquanto eu e Olympia jogamos. Tente não fazer nenhuma besteira, entendeu? Estou de olho em você.

Depois de escutar sua voz extremamente mandona, ele abriu o portão e acenou para fora. Eu caminhei até a saída ainda confusa a respeito de Brad. Por que ele havia me deixado? Estávamos em uma missão. Ele precisava saber que aqui tem água. As pessoas estavam sentadas no chão ao redor de um enorme espaço vazio. Algumas estavam em pé segurando algo em suas mãos. Todos eram garotos, exceto Olympia. Ela acenava pra mim com um sorriso encantador. Eu acenei de volta tentando rir, mas não conseguia. Kieran me apresentou a uma menina baixinha de óculos. Ela tinha sardas e cabelo. Todos aqui tinham cabelo, isso ainda era estranho. Ela riu pra mim e apontou para o lugar vazio ao seu lado.

—Vem Kieran! Vem perder pra mim! –Olympia gritava de onde estava. Ele olhou mais uma vez pra mim e saiu.

—É verdade o que estão dizendo? –a garota disse um pouco tímida.

—O que estão dizendo? –eu respondi a encarando.

—Que você está com Kieran. Ele nunca está com ninguém. –eu soltei uma gargalhada.

—Não. –desviei meu olhar da menina e olhei para todos em pé. —O que é isso que vai acontecer agora? Isso de jogos.

—Futebol americano. Olympia é a melhor deles. Kieran não gosta que ela jogue com eles, mas ela sempre o convence. É a melhor hora do dia.

—Futebol americano? Isso ainda existe? Lá em Paldin, as pessoas mal caminham de um cômodo para o outro quem dirá correr. –eu ri.

—Paldin? –ela me olhou confusa.

—Vocês são estranhos.

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⏰ Last updated: Jun 25, 2016 ⏰

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Manual de sobrevivência em Paldin - Como sobreviver sem águaWhere stories live. Discover now