C A P Í T U L O V

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Minha cabeça estava doendo e minhas mãos estavam amarradas. O que estava acontecendo? Eu não me lembrava de muito, mas aos poucos algumas imagens vinha em minha mente. Brad me enforcando. Um homem o acertando. Eu desmaiei. Onde eu estava? Tentei me levantar, mas estava presa em uma maca.

—Acho melhor você não se mexer. Sua cabeça vai melhorar logo. –de quem era essa voz? Eu virei minha cabeça para olhá-lo.

—Quem é você? –eu disse o encarando. Ele tinha cabelo!

—Eu faço as perguntas aqui. –ele se levantou do banco em que estava sentado. Sua roupa me lembrava dos antigos soldados do exército na terra. Era verde com algumas manchas escuras. —De onde vocês vieram?

—Você viu Brad? –eu tentei levantar novamente, mas a dor em minha cabeça me impediu de tentar.

—Que teimosa você. Seu amigo está na outra ala. Quer dizer, não sei se é seu amigo. Da ultima vez que vocês ficaram no mesmo lugar juntos, ele estava tentando te matar. –ele se aproximou de mim. E eu pude ver seu cabelo mais de perto.

—Ele não estava tentando me matar. –pelo menos eu queria acreditar nisso. 

—Ah, claro. –ele cruzou seus braços e riu.

—Meu nome é Zolla. E nós viemos de Paldin. –eu virei minha cabeça para olhá-lo melhor. —Por que você tem cabelo?

—Como assim? –ele riu alto. —Todos tem cabelo. –todos? O que ele estava falando?

—Eu nunca tinha conhecido alguém com cabelo. –eu dizia enquanto o via se aproximar de mim.

—Kieran, o garoto acordou. –uma garota, que também tinha cabelo, apareceu na sala e ele se afastou rapidamente. 

Que diabos estava acontecendo?

—Então, Zolla de Pandi. Vou ter que ir ver seu amigo.

—É Paldin. –eu disse brava.

–Certo. Tente não se mexer. –é claro que eu não vou me mexer!

Eu tentava olhar ao meu redor, mas era impossível me mover com tantas coisas me prendendo. Eu era uma prisioneira? Ele não demorou muito. Pouco tempo depois, Kieran apareceu novamente. Ele ainda usava a mesma roupa de soldado, seu sorriso era ainda maior.

—O garoto estava sonhando. Era um pesadelo. Ele está desesperado querendo saber de você. Quer vê-lo? –eu balancei a cabeça dizendo que sim. —Não agora. –ele se virou e saiu dali.

Cerrei minhas sobrancelhas e fechei meus olhos. Eu queria que isso tudo fosse mentira. Era tudo um pesadelo, por favor seja um pesadelo.

—Desculpa se meu irmão te assustou. –uma voz suave se aproximou de mim.

Abri meus olhos para vê-la, era a garota da porta. Seu longo cabelo castanho batia na sua cintura e dançava enquanto ela se mexia.

—Ele não me assustou. 

—Eu sou Olympia. –ela sorriu amigavelmente para mim e estendeu sua mão. Eu olhei a encarando e ergui minhas sobrancelhas. —Ah! Suas mãos estão presas. Vou cuidar disso.

Ela se virou caminhando até um armário do outro lado da sala. O lugar era grande e antigo. A garota foi rápida enquanto voltava com as chaves penduradas em sua mão.

—Ele sempre esconde no mesmo lugar. –quando ela sorriu, pude perceber a semelhança entre eles.

—Eu nunca tinha visto irmãos. –ela parou de abrir os cadeados quando eu disse isso.

—O quê? De onde você veio? Você é estranha. –ela balançou a cabeça dando leves risadas e terminou de me soltar.

—De onde eu venho, as pessoas não tem irmãos. Muito menos cabelo.

—Que mentira! Você tem cabelo. –ela cruzou seus braços me observando sentar na maca.

—É que, bem. Eu sou diferente. O resto são todos carecas. –ela riu.

—Uma cidade cheia de carecas?

—Um país.

—Garota, você andou fumando? –isso só podia ser um sonho.

—Como vocês sobrevivem aqui? Até onde eu saiba, não existia vida fora de Paldin. –eu sentei devagar tentando não mover a cabeça, mas a dor persistiu.

—Você deve ter batido a cabeça, ou faltou oxigênio no seu cérebro quando o garoto de enforcou. –ela se afastou dali e apontou a saída pra mim. —Vem conhecer a vida fora de Paldin.

Manual de sobrevivência em Paldin - Como sobreviver sem águaजहाँ कहानियाँ रहती हैं। अभी खोजें