Capítulo 18

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(Algumas semanas antes)

Sempre com a desculpa que precisava trabalhar, pois as vidas dos pacientes dependiam dele, Tereza encantada com o marido e sua profissão nunca colocava obstáculos, dando a J mais liberdade para frequentar a casa de Natália, praticamente todo final de semana, quando soube que Paulo era inspetor na ativa, todos os seus sentidos de alerta se acenderam, pensou em terminar com Natália, aliás já tinha até ensaiado uma desculpa, diria que havia conseguido um emprego muito bom em outro estado com um parente, mas antes que ele pudesse falar, Natália revelou que Paulo era homossexual, já tinha percebido a mudança de humor no namorado toda vez que encontrava com Paulo, logo acreditou que fosse ciúmes e que não entendesse amizade dos dois. Todas as preocupações de J então desapareceram, aquela bicha não teria capacidade de descobrir nada sobre ele, iria comer o João bem debaixo do seu nariz e ainda iria mandar um pedaço para ele de lembrança.

João, filho de Natália era seu principal foco, mas estava sempre alerta para outros pratos disponíveis naquele "restaurante", e a oportunidade surgiu em uma manhã de sábado, ele tinha acabado de chegar, ainda em frente ao portão da casa, quando avistou Marcela chegando do mercado com Lucas.

A sorte estava a seu favor e naquele mesmo dia, Marcela foi à casa de Natália, juntamente com Lucas para usar o computador, o computador dela havia quebrado e precisava mandar um e-mail com o formulário sobre uma vaga no hospital para uma prima que estava à procura de emprego na Capital. Os olhos de J brilharam quando Natália pediu licença e levou Marcela para seu quarto, o computador ficava lá, assim poderia evitar que a filha entrasse nele de madrugada. João levou Lucas para brincar no quintal, uma vez que tinham praticamente a mesma idade, Manuela havia ido à casa de uma amiga naquele dia, nada poderia ser mais perfeito. J foi ao banheiro e pegou um sabonete, voltou a sala e retirou sem nenhum ruído as chaves que Marcela deixara sobre a mesa de centro, pressionou uma de cada lado do sabonete e o guardou em sua bolsa de troca de roupas. Fingiu falar ao telefone, simulando uma conversa com um cliente, depois foi a porta do quarto e se despediu de Natália, dizendo que haviam ligado e precisava socorrer, pois, o carro havia parado em um acostamento da via Dutra, prometendo voltar assim que fosse possível.

Não foi difícil que um de seus amigos no morro do piolho fizesse as cópias perfeitas, ele sabia que teria que esperar por uma oportunidade, mas não tinha pressa; Começou a frequentar a casa da namorada durante a semana também, ela não poderia ficar mais feliz, mas se sentia mal por ele ter que dirigir e voltar a noite sozinho e sabia o quanto era cansativo para ele depois de um dia de intenso trabalho como mecânico. Não demorou muito até que a sorte sorriu novamente para ele, em uma noite de Domingo, Natália e ele acabaram de preparar brigadeiro para as crianças, Manu estava na sala vendo televisão com João quando bateram palmas, Natália espiou pela janela e disse que era Marcela, indo atender. J sentiu uma euforia percorrendo seu corpo, a excitação fazendo volume em sua calça, mas precisava se conter, então rapidamente retirou do bolso um frasco de colírio que sempre carregava consigo, fez um buraco em um dos brigadeiros e apertou de uma vez o frasco que continua benzodiazepinas, o que ele carinhosamente chamava de "meu benzinho". Cuidadosamente fechou o brigadeiro e voltou a enrolá-lo na mão para dar uniformidade, colocou outros em um pote deixando aquele por cima e esperou Natália voltar.

Assim que ela chegou dizendo que Marcela veio entregar uma conta que colocaram na caixa do correio dela por engano, J disse que deveria tê-la chamado para entrar e oferecer brigadeiro.

— Tem toda razão, nem pensei nisso, também, foram colocar a conta de luz na casa dela, o cara só pode ser cego, pra ler número 51 ao invés de 61.

Colecionador de Almas  ( Físico esgotado pela 2º vez!)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora