Capítulo 7

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— Mas do que a senhora está falando? Eu e Alessandro estamos apaixonados. — digo nervosíssima, porém falo com bastante convicção.

— Vocês podem até estarem apaixonados, mas não um pelo outro. — afirma Alícia.

— Senhora Begot, isso não...

— Por favor, Emília, — Alícia levanta a mão me interrompendo. — não fale mais mentiras na minha cara.

Sinceramente não tem mais nada para mim, a mentira já caiu por terra. Tenho que ser franca nesse momento.

— Certo. A senhora tem razão, seu filho e eu não temos absolutamente nada além de um acordo. Fingimos estar apaixonados esse tempo todo.

— Oh meu Deus. — Alícia coloca a mão esquerda no peito e com a direita mexe no cordão em seu pescoço.

— Como o Alessandro foi capaz de uma merda dessa? — Giulia diz um tanto quanto alterada, eu não a culpo. — Como ele pode mentir pra gente? Para a própria família? Tudo isso é fodido de mais.

— Por que, Emília? Por que mentiram para nós? — pergunta Alícia aparentemente magoada com toda essa mentirada.

— Senhora Begot, nem eu sei o por que desse farça, Alessandro disse que iria me contar.

— Então você está me fazendo que você simplesmente decidiu entrar em um namoro de mentira com o seu chefe sem mais nem menos? — Giulia ficou sem ar depois dessa pergunta sobrecarregada de ceticismo.

— Quase isso. Na verdade ele me ofereceu 100 mil para que eu entrasse nesse barco.

— Ah claro, isso é mesmo a cara do Alessandro, adora comprar as pessoas. — diz Giulia. Aquela frase foi como se tivessem dado um tapa na minha cara.

Depois da lavagem de roupa suja ficamos todos em silencio. Não ouso dizer nada.

— Bem Emília, já que está tudo explicado, seu objetivo daqui para frente é outro. — Diz Giulia
com um olhar bastante intrigante. Instantaneamente fico na defensiva.

— Que objetivo seria esse? — Pergunto estreitando os olhos.

— Emília, você vai seduzir o meu filho, quero que ele se apaixone por você. E desse vez sem mentiras. — Agora eu sei de onde vem as pérolas que o babaca do Alessandro diz, isso está no sangue, fixado no DNA dos Begot. Eu simplesmente não aguento, solto uma gargalhada, todo o restante olha para a nossa mesa.

— Desculpe Alícia, mas você fumou orégano? Eu seduzir o Alessandro? Se isso não fosse trágico seria, no mínimo, insano.

— Você diz isso por que você não viu o que vi. — Foi a vez de Giulia falar. Enrugo a testa, e ela prossegue. — O beijo de vocês, ele foi real, Emília, eu sei que você consegue.

Meu Deus, será que essas mulheres não entendem que eu e Alessandro somos um desastre ambulante juntos.

— Galera olha só, o elemento chamado: Alessandro, é um grandíssimo cretino, sem ofensas, o cara me odeia, ele transforma os meus dias em um verdadeiro inferno, ele é um babaca, prepotente e arrogante, sem ofensas, Galera me escuta! — passo as mãos pelo meu cabelo. Estou meio desorientada. — Eu e o Alessandro juntos somos pior que a bomba atômica jogada em heroshima, ele é um completo troglodita, um filho da puta dos piores, sem ofensas. — assim que termino com os melhores adjetivos em relação ao meu chefe, Giulia e a mãe se entreolham e, simplesmente, começam a rir.

— Cara, tem que ser você. — Diz Giulia. Será que elas não me escutaram, Jeová?

— Vocês estavam aqui quando eu terminei de falar, né?

— É claro, por isso que você é perfeita. Só você consegue aturar o tirano do meu filho depois de todos esses anos. E então o que você me diz.

Não penso duas vezes.

— Desculpe, senhora Begot. Mas estou desinclinada ao seu pedido. — sempre quiz falar isso!

— Dobramos o valor que o meu irmão te ofereceu, baby.

— Ora, quanta hipocrisia, Dona Giulia. E aquele papo de comprar as pessoas?

— Mas é por uma boa causa.

— Boa causa? Vejamos, supondo que dê certo o meu lance da paquera, seu irmão pode ficar magoado no final.

— Como eu disse, é por uma boa causa.

— Só tem um problema nisso tudo.

— Que problema? — Alícia pegunta.

— Eu não sei por que de todo esse teatro, eu exijo saber o por que.

Vejo a expressão de ambas desfalecer, eu quase me arrependo de saber o por que. QUASE.

— Digamos que o meu filho passou por uma fase conturbada, por mais que ele viva rodeados de "amigos" e mulheres — Ela revira os olhos. Deve ser ciúmes. — ele é um homem bastante solitário e amargurado. Eu não aguento mais ver o meu príncipe assim. — ela dá uma pausa olhando para o nada. — Diga-me Emília, nesses quatro anos que você trabalha para o meu filho, você já o viu sorrindo? De verdade?

— Realmente, nunca o vi sorriso verdadeiramente. Mas se a senhora quer tanto a felicidade do seu filho, por que me pedes uma coisa dessas?

— Pode ser estranho o que eu vou dizer, mas eu sei o que estou fazendo, querida.

Giulia fica calada o tempo todo, está pensativa. Eu realmente não estou pronta para esse esquema. Nem sei por onde começar. Estou muito confusa.

— Certo. Vamos fazer um o seguinte, eu vou dar o máximo de mim durante um mês, se eu não conseguir acabamos na hora com tudo, tá legal?

— Um mês? Mas é muito pouco e...

— Um mês, nenhum dias à mais. — interrompi Giulia.

As duas perceberam que eu não iria mudar de idéia, então cederam.

— Tudo bem então. — Diz Alícia.

— O que você pretende fazer para começar? — Giulia pergunta, já interessada.

— Eu não sei ainda, mas vou bolar algo. Eu prometo que vou tentar o máximo, de verdade. — Digo. Alícia segura na minha mão esquerda e Giulia a direita.

— Eu acredito em você, querida. Não pediria tal coisa se não confiasse.

Olho para ambas, elas me olham com um brilho nos olhos. Eu não faço a mínima ideia do por que, mas eu não quero decepciona-las.

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