Capítulo 2

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Chego bem cedo ao consultório, pois tenho que ajeitar uma tonelada de exames. O babacão chegou e passou direto para sua sala, nem se quer pediu café, muito estranho.

Finalmente !

Termino com os papéis, e começo a agendar várias consultas, me perco completamente no meu trabalho. Tomo um susto quanto o telefone começa a tocar.

— Emília, venha à minha sala, imediatamente. — Manda Alessandro, senti nervosismo em sua voz. Só um pouquinho.

— Sim, doutor. — Falo.

Caminho um pouco receosa em direção à sua sala. Paro em frente de sua porta, respiro fundo e dou algumas batidas.

— Entre. — Diz ele, com sua voz extremamente grossa.

— O que o senhor deseja?

Ele passa as mãos nos cabelos, e afrouxa a gravata. Alessandro me olha por alguns segundos, arrisco dizer que ele está me analisando. Sinto um pequeno desconforto, uma vez que ele não é nada discreto.

— Sente-se, Emília. Preciso lhe falar algo. — Fodeu. Ele vai me despedir! E agora? Caralho, odeio procurar emprego. Não fiz nada de errado, eu me esforço tanto... não, não, não...

Acredito que Alessandro tenha percebido meu conflito interno, ele logo se adianta.

— Relaxe. Não tem nada haver com o trabalho, então não, não vou demiti-la. — Esse babaca ainda me mata.

Colo a mão no peito fazendo um drama. Caramba, levei um puta de um susto.

— Caramba, doutor, nunca fiquei tão aliviada. — Digo.

— Não fique, pois o que eu tenho pra falar, é um pouco... Bom é... Caralho! — levanto as sobrancelhas um tanto supresa. Nunca tinha o visto falar palavrão, muito menos ficar sem jeito. Não aguentei, dei um pequeno sorriso. Ele viu.

— Está rindo porquê ? falei alguma piada ? — Pegunta sério.

— É-é-é, nã-não, doutor. Estava apenas me lembrando de algo engraçado.

Ficamos em silêncio. Por fim Alessandro decide falar.

— Tenho uma proposta pra você, Emília. E eu não aceito um não como resposta. — Ele diz com aquele narizinho empinado, como se fosse o dono do mundo.

— Que tipo de proposta? — Pergunto curiosíssima.

— Quero que você seja a minha namorada por 6 meses, você irá me acompanhar em festas da empresa, jantares de família, eventos formais, essas coisas. — Ele diz como se fosse a coisa mais natural do mundo. Paralisada, fico piscando rapidamente, sem saber o que falar.

Esse homem só pode está embriagado, como assim namorada ? Isso só pode ser brincadeira. Já penso eu ele juntos, eu ia acabar estrangulando ele com a sua própria gravata. O pensamento me faz rir, e solto uma gargalhada muito alta.

— O que? Você bebeu? — digo ainda rindo, não estou conseguindo me controlar. — Não posso ser sua namorada.

Ele me lança um olhar duro.

— Não é um namoro de verdade, Emília. — ele diz meu nome com acidez. — Quero apenas que você finja ser. Será que você pode fazer isso?

É oficial, Alessandro Begot, é louco. Isso é doideira de mais.

— Não posso fazer isso! Você é meu chefe. Isso é loucura.

— Escuta, você também não é a minha melhor opção. Mas eu preciso de você. Certo?

Opção? aquilo doeu, mais do que eu queria, filho da puta idiota!

— Se eu não sou "a sua melhor opção" por que não pede para umas das suas amantes anorexas ? — Digo levantando da cadeira com sangue nos olhos, ele, por sua vez, também levanta.

— Fale direito, Emília, você ainda está no meu consultório, eu sou seu chefe. — Alessandro tenta me intimidar.

Hoje não baby.

— E mesmo? — Me inclino e coloco as mãos sobre a sua mesa. — É você que está pedindo a minha ajuda, chefinho. E quer saber? Sinto muito desaponta-lo, mas não vou aceitar sua proposta estúpida. — Vejo a jugular de Alessandro pulsando de raiva, isso só acontece quando ele fica com muita raiva mesmo. Decido encerrar logo essa prosa.

— Bom se era só isso, peço licença. — digo e saio sem esperar a sua resposta.

Mas o que aconteceu naquela sala, senhor? Eu preciso comer, já está quase na hora do almoço. Decido ir para um restaurante em frente ao consultório. Peço um belo bife acebolado com feijão, arroz, suco de maracujá e bastante salada crua.

O que? Eu sou gordinha, mas a minha mãe sempre me acostumou a comer legumes. Eu adoro.

Enquanto espero meu almoço, penso na proposta do meu chefe. E seu eu aceitasse? Como seria viver em seu mundo? Com festas de alta classe, vinhos caros e caviar, homens e mulheres pomposos, fora andar ao lado dele, sem hipocrisia, o homem é lindo, mas a petulância dele desperta o meu pior lado. Meu almoço chega e logo esqueço de tudo.

Retorno ao consultório, e mergulho no trabalho, nem vejo a hora passando. Alessandro não me pediu nada desde quando eu saí da sua sala, devo me preparar psicologicamente para os dias seguintes, que vão ser pior que trabalhar para o próprio diabo.

Chego em casa, preparo um macarrão com sardinha e creme de leite, e ponho pra dentro. Como hoje é sexta recebi várias ligações de colegas para sair, decido não ir, prefiro o conforto da minha casa. Pego um vestidinho brando um pouco apertado, porém confortável, de ombro nú. Tomo banho, me enxugo, e coloco o vestido sem sutiã ou calcinha por que não sou obrigada, fora que é muito confortável. Teve uma época que a minha mãe parou de comprar peças íntimas pra mim, ela dizia: porra, Emília. Não vou comprar mais calcinhas pra você, por que elas só estão aqui pra enfeite, você não as usa.

Eu só ria.

Coloco na minha série favorita: Eu, a patroa e as crianças. Amo de paixão. Faço pipocas e pronto, melhor sexta-feira. Escuto a campainha tocar, dou pause e vou atender.

Abro a porta sem olhar no olho mágico e... não acredito! acho que usei mini saia na santa ceia !

Mas o que diabos o Alessandro está fazendo na minha porta ?!

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