Capítulo Dezoito

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Bella, Bella, acorde, O despertador está tocando há horas. Ela abriu os olhos e olhou para Don, exausta. 

— Ah, meu Deus. — Ela rolou para o seu lado da cama e empurrou-se para fora dela. Sentia-se pesada e extremamente cansada. Era impossível conseguir dormir uma noite inteira. Precisava esvaziar a bexiga pelo menos duas vezes durante a noite e, de ter travesseiros entre os joelhos e debaixo da barriga, era difícil encontrar uma posição confortável. 

Mesmo assim, precisava continuar. Já era abril, estava no oitavo mês de gravidez e precisava cumprir o prazo da Merris antes de pensar em livrar-se desta pequena carga. Tentou entrar no ritmo e vestiu o roupão, amarrando o cinto por cima da barriga, o que a fazia parecer um ovo de Páscoa com pernas. 

Cambaleou até o banheiro, prendeu os cabelos, lavou o rosto e passou um pouco de maquiagem. 

Voltando ao quarto, vestiu o grande sutiã branco, a cinta para gestante, que praticamente chegava às suas axilas, uma camisa branca solta, a saia de poliéster cinza e sapatos sem salto. Don estava olhando para ela, deitado na cama. 

— Não diga nada — ela avisou —, eu pareço um monte de merda e me sinto um monte de merda. A mulher elegante e sexy com quem você se casou virou um monstro. Ele caiu na risada, mas ela não. — Eu odeio isto, Don, eu me sinto como uma baleia. Sei que você vai fazer um monte de barulhinhos reconfortantes, mas eu pareço uma baleia. Don respondeu: — Então eu sou seu marido-baleia. 

A campainha tocou. Era o táxi. Ela e Geoff agora dividiam um táxi para irem ao escritório. Era um táxi chique — um Land Rover elegante com um motorista que falava inglês —, mas não uma limusine. Geoff não falava mais com ela agora, somente "Humm" como bom-dia e se escondia atrás do jornal. 

As coisas sempre ficavam assim no final de um projeto. Todo mundo odeia você por causa das críticas ao trabalho deles terem sido feitas publicamente e providências a respeito serem tomadas. Esta era a parte mais dura. Era a reação humana natural, a atitude "mate o mensageiro", e ela tentava não levar as coisas para o lado pessoal, mas sempre se sentia um pouco magoada quando acontecia. 

O bebê se mexeu na sua barriga. Bella não tinha tomado café da manhã e não conseguia se livrar de um pouco de azia. 

— Geoff, espero que você não se incomode — ela disse —, mas vamos passar por uma lanchonete daqui a pouco e vou pedir para o motorista parar porque quero comprar algo. 

— Humm. 

— Você quer alguma coisa? — Hummpf. 

Deus Todo-Poderoso, ela não lidava com este tipo de comportamento desde o ensino fundamental. 

Ficou contente quando entrou finalmente em sua salinha, afastada do pânico crescente desenvolvendo-se na empresa. A fusão tinha sido anunciada recentemente, junto com a renúncia de Merris ao cargo de presidente. Agora todos sabiam que mudanças estavam acontecendo e a ansiedade no ar era quase palpável. 

Bella Browning, 28, sozinha em seu primeiro projeto, tinha sido a responsável por tudo isto. Precisava muito ser confortada e decidiu ligar para o escritório. 

— Bom-dia, Prentice and Partners. — Sentiu-se melhor só em ouvir a frase do outro lado da linha. 

— Kitty, oi, é Bella. 

— Bella! Como vai você? Não a vejo há séculos. Você deve estar enorme. Prometa que vai aparecer para o happy hour de sexta-feira. 

— Vou ver. Ainda não sei o que vai acontecer na sexta-feira, mas vou tentar. Sinto saudades de todos. 

— Tudo anda tão quieto por aqui, ninguém no escritório, exceto Susan. — Ela está aí agora? — Sim, vou passar a ligação, mas venha nos ver na sexta. — Irei se puder. Ela esperou vários e longos minutos. Desde o Natal que mal falava com Susan e agora se sentia um pouco nervosa. 

Uma cama para três Onde as histórias ganham vida. Descobre agora