Capítulo Dois

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  No escritório, enquanto lia os e-mails, tentava concentrar-se na proposta final que deveria apresentar na semana que vem para um novo contrato, mas sua mente divagava.

 Não podia acreditar que três meses tinham passado e ainda não estava grávida. Cada menstruação tinha sido uma surpreendente e esmagadora decepção.

 Bom, eles só precisavam fazer mais sexo. O que estava longe de ser uma idéia desagradável. 

— Bella? Alô, Bella! — Kitty estava parada na porta, usando uma jardineira cor-de-rosa com um gatinho branco e fofo aplicado no bolso da frente. 

— Sim? — Bella olhou para o gato.— Susan está livre, você pode ir falar com ela agora. Chris vai se juntar a vocês em um minuto. 

— Obrigada, meu bem... mas de onde saiu esse gato? — Bella perguntou enquanto juntava a papelada e saía em direção à sala de Susan. 

— Pós-pós-moderno — Kitty respondeu.

 Surpresa, surpresa, Susan estava ao telefone. Ela fez um gesto com a mão, mandando Bella entrar, e indicou uma cadeira.

 A antes mentora de Bella, e agora sua chefe, era uma mulher na casa dos 40 anos, magra como um bambu e uma profissional viciada em trabalho, obcecada em controlar tudo e todos. Tinha o cabelo assustadoramente armado e só se vestia com roupas bege muito caras. E era casada com um homem igualmente bem-sucedido. Sem filhos.

 Susan era uma das estrelas da Laurence and Co., uma das principais e poderosas empresas de consultoria onde Bella foi trabalhar depois de se formar. Mas Susan saiu de lá depois de uma briga com um dos diretores e fundou sua própria empresa, Foi uma confusão dos diabos, acabou sendo processada por quebra de contrato, a empresa tentou jogar seu nome na lama, mas tudo isto só fez aumentar a determinação da terrível Sue em ter sucesso. E por fim concordou um contratar Bella um ano depois. 

Não importava o quão cedo Bella chegava no escritório, Susan já estava lá e sempre era a última a sair. Sua aparência era sempre 100% perfeita e, uma vez que vivia falando ao celular, este ficava preso em sua cintura com um elegante fone de ouvido ligando a orelha com o brinco de pérolas aos lábios recobertos com um batom em um suave tom bege acastanhado. Isto permitia que ela digitasse em seu minúsculo e cintilante laptop de titânio sem interromper a conversa.

 — Oi, Bella — disse quando finalmente acabou de conversar, sem remover o fone de ouvido. — Estava falando com Anne. Lembra-se dela, do trabalho do ano anterior? Ela acabou de ter um bebê e esperava que eu ficasse toda animada e emocionada por ela. Bom Deus, fico contente em saber que você não pretende ter filhos. Na verdade, foi por isso que eu a contratei. Precisava de outra mulher na empresa, uma boa profissional. Mas não queria alguém que fosse sair e jogar toda esta coisa de ter um bebê nas minhas mãos. 

Sem parar para respirar, acrescentou: — Não importa o que as mães que trabalham dizem, nenhuma executiva é a mesma depois de ter um bebê. 

Elas são simplesmente incapazes de se concentrar completamente no trabalho depois deterem filhos. Na verdade — ela fez uma pausa para dar um sorrisinho sarcástico — nunca voltam a ser mentalmente normais. 

Bella fez um enorme esforço para retribuir o sorriso, mas desconfiava que ele tinha ficado completamente falso. Lembrava-se exatamente de quando tinha dito a Susan que não queria ter filhos. Foi quando pediu a ela — melhor ainda, a encheu até conseguir — uma vaga na empresa. Era óbvio que nunca passou pela cabeça de Susan que, agora que Bella estava casada, poderia ter mudado de idéia. Bella espantava-se com a freqüência com que Susan proferia o mais terrível discurso sexista de merda, que nenhum chefe homem se atreveria a proferir, a não ser escondido dentro de uma nuvem de fumaça de charuto nos confins seguros de um clube de cavalheiros.

Uma cama para três Onde as histórias ganham vida. Descobre agora