Você é uma aberração

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Oiê, cá estou eu no projeto de retomar algo que sempre me deu prazer. Essa foi a minha primeira fanfic Camren, e eu a escrevi com, pasmem, 14 anos. Agora com 20, acho que dá pra melhorar muita coisa que a Liz do passado errou por puro desconhecimento.

A fanfic acontece por meio de narração tanto em 3ª pessoa, quanto na visão da própria Lauren/Camila e essas trocas vão acontecendo durante a leitura sem aviso prévio, mas de forma natural e que não prejudique o entendimento. Quando necessário, as trocas serão avisadas no começo do parágrafo.

É isso, beijinhos!

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Meu nome é Lauren Jauregui, eu tenho 16 anos e estou presa nesse lugar. Meus pais quando descobriram meu "segredo", surtaram e me chamaram de coisas que eu jamais pensaria em ouvir da boca deles. O resultado não foi dos melhores, me enviaram o para o convento de Saint Rose, um lugar extremamente fechado, onde milhares de freiras habitavam, algumas novas, outras mais velhas, algumas por vontade própria, e eu, obrigada por aqueles que me deram a luz, porque a vida, estavam me tirando no exato momento em que pus os pés aqui.

[FlashBack]

– Lauren vem jogar vôlei com a gente! – Ally me chamava compulsivamente, visto que era a mais baixa dos dois times presentes e mal tocava na bola.

O dia era calmo, o sol não estava muito quente como o resto dos dias em que o calor é tanto, que a vontade de andar pelado por aí só não ganha do bom senso porque todos iriam se queimar ainda mais. Temos consciência, pelo menos disso. Me levantei das arquibancadas, onde eu avistava em silêncio toda a dimensão da cidade de São Francisco, de onde estava eu conseguia ver a famosa ponte dos cartões postais, e de Full House, uma das minhas séries preferidas dos anos 80/90. Os carros pareciam miniaturas da Hot Wheels, eu gostava de ficar olhando para o "nada".

– Aleluia, você veio me ajudar! Esqueceu da minha estatura? – Ally perguntou respirando pesadamente, estava fazendo muito esforço aquela tarde, ia acabar passando mal. Pedi que ela descansasse um pouco antes de infartar e me deixar jogar no lugar dela.

Depois de muito espernear, Ally cedeu, foi até a arquibancada onde estava a bolsa térmica com nossas garrafinhas de água que chegavam a tilintar de tão geladas. Pegou uma e tomou inteirinha, chegando a engasgar.

– Ally, tá tudo bem aí, ou vamos precisar chamar um salva-vidas? – Dinah disse rindo.

– Não entendi. – A baixinha respondeu confusa.

– Ai, como você é burra, anã! Você aí desse tamanho, se engasgando com uma garrafa d'água, pra você pode parecer um tsunami! – Normani explicou sem paciência, mas voltou a rir escandalosamente fazendo todo mundo presente rir junto.

Dinah se aproximou dela e as duas bateram as mãos num sinal claro daquela cumplicidade ácida que só as duas tinham. Eram amigas de longa data, daquelas inseparáveis. Gostavam das mesmas coisas, tinham os mesmos interesses e ambições na vida, era uma ligação cármica.  Ally revirou os olhos e deu dedo do meio pras duas rindo. Normani olhou aquilo e fez uma careta para a menor que ignorou tomando outra garrafinha d'água.

– Vamos jogar, ou as madames vão continuar implicando umas com as outras? – Eu disse desafiadora. – Acho bom que eu não tenha levantado minha bela bunda daquela arquibancada à toa.

– Sua bunda fica bela de qualquer maneira! – Uma voz familiar soou pelo campo.

– Keana! – Todas disseram em uníssono, a cumprimentando. Keana vinha totalmente linda, vestia um short jeans rasgado, um tênis Vans preto com meias quadriculadas em preto e branco até a metade da canela. Um camisa preta com o número 96, e um óculos espelhado azul que refletia qualquer coisa a sua frente como um espelho. Ela acenou pra todas, que ao se verem no óculos dela, quase caíram pra trás.

– Eu estou horrível! Olha meu cabelo, mais em pé que o pinto do Zack olhando pros peitos da Lauren! – Dinah disse alto, soltando sua clássica risada escandalosa.

– Quem é Zack? – Keana perguntou colocando os óculos na cabeça, arqueando as sobrancelhas, e cruzando os braços olhando pra Lauren.

– Um babaca qualquer da escola, nada comparado a você. – Lauren explicou mordendo os lábios.

– Fico feliz que pense assim! – Ela se deu por convencida, e se aproximou de Lauren selando seus lábios ferozmente.

Argh! – Normani exclamou ao vê-las.

– Quem há um minuto estava implicando com o atraso do jogo, agora bem que tá adorando atrasar, né? – Dinah disse batendo o pé.

Lauren se destravou da cintura de Keana, e mordeu os lábios dela devagar deixando um gostinho de quero mais. Ao se virar, percebeu que todas a observavam com os braços cruzados esperando a bola que estava nos braços dela.

– Desculpe, prioridades, são prioridades! – Disse ela levantando os braços em rendição, e logo depois dando um tapa na bunda de Keana que sorriu e foi se sentar ao lado de Ally, que tomava sua terceira garrafa de água.

– Ally quer virar uma mini caixa d'água? – Normani perguntou rindo, e batendo as mãos com Dinah.

– Vocês duas, parem de implicar com a nossa baixinha! – Disse Lauren desferindo tapas nas duas, que riam.

– Tudo bem, mas não reclama se sentir sede, e não tiver mais água! – Normani respondeu levantando os braços como se dissesse "estou avisando".

Lauren riu, e realizou o saque. Keana torcia por ela rebolando na arquibancada de forma cômica, Normani jogou a bola de volta e a mesma caiu no campo de Lauren, distraída é claro, marcando um ponto.

– Chupa essa branquela! – Normani comemorou rebolando.

– Como vou me concentrar com aquele pedaço de mal caminho rebolando pra mim? – Lauren se defendeu.

– Se vira, branquela! – Dinah disse rindo lá de trás.

As 5 meninas passaram a tarde toda no campo jogando, entre risadas, provocações e beijinhos. Quando o sol começou a se esconder, dando aquele brilho dourado sobre todas as coisas antes de dar lugar a lua, todas se aconchegaram no último banco da arquibancada, o mais alto de todos para contemplarem o fenômeno do fim do dia. Lauren e Keana se abraçaram para ver os últimos raios se pondo, e Keana deitando-se no colo da morena foi aconchegando a cabeça até selar seus lábios novamente. Dinah e Normani se abraçaram também, e Ally sozinha fez uma carinha de choro impossível de não sentir pena. Todas se juntaram e se abraçaram em grupo, até que o último raio de sol se pôs.

Eu e Keana fomos embora juntas, Dinah, Normani e Ally foram para o outro lado de carro. O carro de Keana era um conversível vermelho reluzente, que ela fazia questão de exibir por aí e não subia a capota nem se nós a pagássemos.  Andávamos por aí sem rumo, tirando a maior onda, era sempre um dos momentos mais legais do meu dia a dia, a liberdade que a gente sente com o vento no cabelo e a velocidade é uma coisa indescritível. 

Pra mim outra coisa legal era quando garotos paravam pra nos passar cantadas horríveis, achando que estavam nos conquistando, mal sabendo o quanto estávamos rindo daquilo. Keana era mais agressiva, mas de um jeito engraçado, dava dedo do meio, fazia sinais que imitavam vagina com as mãos, era completamente louca. Eu tinha que ser mais contida por conta dos olhos que eu sentia estarem me vigiando por toda a cidade, já que vinha de uma família bem conhecida pela região. Eu gostava muito de Keana, ela me completava de um jeito inexplicável, porque ela era tudo aquilo que eu não podia ser, e pra mim era lindo visualizar de perto. Era o meu pequeno caos de cabelos dourados. Minha chama de liberdade quando pisava os pés pra fora de casa, eu rezava pro tempo passar devagar enquanto estávamos fora.

Após rodar muito pelo bairro, papeando, vendo o movimento fraco do fim do dia, ela me deixou em casa, me despedi com um rápido selinho por precaução, após olhar pra todos os lados possíveis. Meus pais não podiam nos ver assim, tão próximas, se não era morte na certa, razão essa pela qual ela me deixava sempre na rua de trás e eu ia andando pra ninguém desconfiar. Eles a conheciam, sabiam da sua fama de libertina e odiavam isso. Entrei pela porta principal, onde os dois me encaravam sérios, meu pai no sofá e minha mãe de pé ao lado dele, segurando um envelope.

– Boa noite? – Eu tentei um diálogo sorrindo amarelo, o coração já batia à mais de 120, acredito que se abrisse a boca naquele momento, ele escaparia.

 Você é uma aberração! – Meu pai disse se levantando do sofá e me dando uma bofetada.

[Camren] My SinOnde as histórias ganham vida. Descobre agora