Capítulo 2

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ANABELLY

Quando chego em casa, já são dezenove horas. Eu não falei que o trânsito estava um caos? Daqui a alguns dias, vai ser impossível sair de casa usando carro ou qualquer veículo.

As meninas ainda não chegaram. Que bom, assim posso tomar banho e me enterrar nos novos projetos. Preciso inventar uma desculpa quanto ao motivo de não ir a essa tal boate que Sarah descobriu. Desconfio que seja uma bem chinfrim, com aqueles cantores de karaokê horríveis.

Demoro uma meia hora no banho, pois estava precisando relaxar. Assim que visto um moletom e me jogo no sofá para começar a ler um dos projetos, escuto o barulho da porta sendo aberta. "Ops! Hora de me preparar para a guerra!".

− Como assim? Que roupa é essa, Ana? _Sarah solta a frase aos gritos logo que me vê. Sabia que seria uma guerra. A cara de Elle é a mesma que da Sarah. Vai ser difícil sair dessa!

Uai, quando cheguei vocês não estavam e, como tenho muito trabalho extra, resolvi começar logo. Mas vocês podem se arrumar e irem sem mim. _ digo tentando me esquivar.

− De jeito nenhum, mana! Levanta essa bunda do sofá e vá se arrumar! _ Elle já começa a falar como uma irmã mais velha chata pra caramba. Estreito os olhos para ela e penso em outra desculpa.

− Olha, estou extremamente cansada. E outra coisa, estou sem uma blusa decente pra sair.

− Não adianta, Ana, você tem aquele vestido preto curto com correntes nas costas que nunca usou. Sinto muito, mas essa não cola.

− Verdade, mana. Decidido! Você vai com o vestido preto, uma sandália de salto e com a make de arrasar que a Sarah faz. Garanto que qualquer cara da boate vai querer ficar com você.

− Vocês querem que eu vá pra arrumar um cara pra mim ou pra gente comemorar?

− As duas coisas, querida!_ Sarah fala com olhar malicioso. Essa é dureza, viu?!

− Meninas, eu não quero ninguém. Será que dá pra entender isso, poxa?

− OK, OK! Apenas vamos comemorar. Pare com isso, Anabelly. Vá se arrumar agora!_ Elle diz.

Aff. Já vi que não adianta. Já sei! Vou fazer cara de cachorrinho, vai que cola?! Pela cara delas, não colou. Então digo:

_ OK, eu vou!

− Isso ai, garota!_ Sarah fala e dá um tapinha no meu traseiro quando passo por ela. Quarenta e cinco minutos depois, estamos prontas e saímos no carro da Sarah.

Retiro o que eu disse sobre a boate. É bem legal, pelo menos a entrada, onde já há uma fila pequena para entrar. Já no salão, vou direto para o bar. Preciso de uma bebida para aguentar essa noite.

− Uma dose de tequila com limão e sal, por favor!

− Mais duas para nós. _ grita Elle vindo me encontrar.

− Sabia que você logo se sentiria melhor._ comenta Sarah.

− Na verdade, não. A tequila é justamente para ajudar. _ digo ironicamente, e é nesse momento que escuto a música vinda do palco. "Meus Deus, que voz é essa?!".

O barman entrega nossas bebidas e eu chamo as meninas para ficarmos em frente ao palco. Os seus olhinhos brilham imediatamente e elas me seguem. É nessa hora que o mundo para. Minhas pernas bambeiam e eu não consigo desviar meu olhar daquele pedaço de mau caminho.

Quando tento desviar meus olhos, sinto os dele pousarem desconcertantemente sobre meus, estabelecendo uma forte conexão entre nós. É como se todos na boate tivessem desaparecido e ele estivesse cantando para mim. Eu devo estar louca! Como seria possível um deus grego desse me notar no meio dessa multidão? E se nem a distância nem as luzes que pairam no ambiente estiverem me pregando uma peça, posso apostar que ele é dono de olhos castanhos sedutoramente lindos. Eu sou capaz de imaginá-los imediatamente brilhando de desejo. Foco, Anabelly! Foco! Mas a minha boca entreaberta só deixa clara a minha incapacidade de desviar meu olhar. Ele veste uma camiseta preta colada destacando todos os seus músculos perfeitamente desenhados, uma calça jeans e coturnos pretos. Um completo deus do rock. E eu? Uma completa idiota.

Aqueles Olhos (DEGUSTAÇÃO)Où les histoires vivent. Découvrez maintenant