Capítulo 17

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MÔNICA ACORDOU NA MANHÃ SEGUINTE ALIVIADA. Não que as coisas estivessem cem por cento boas, mas só o fato de ter conhecido o André e de ter desabafado com o Jorge lhe tiravam peso das costas. Tomou um banho e desceu.

Ao chegar na sala, viu que Jorge dormia no sofá. Foi até a cozinha, colocou a água para fazer o café para ferver e voltou para acordar o moço.

– Jorge... Acorda, está na hora...

– Ummm... – Ele sorriu.

– Vou na cozinha fazer o café. E você, trate de levantar: daqui a pouco que eu tenho que ir trabalhar.

Jorge pegou na mão de Mônica e tentou puxá-la para perto de si. A revisora ficou sem reação. Olhou para o ex-namorado, que ainda permanecia deitado no sofá e disse:

– Jorge, é sério, vou fazer o café.

– Mônica, espera.

– Jorge, vou me atrasar!

Mônica voltou para a cozinha correndo, enquanto Jorge foi ao banheiro. Dez minutos depois, eles se encontraram novamente, para tomar o café da manhã.

– Mônica, você ainda me odeia, não?

– Jorge, eu não te odeio, mas...

– Mas...

– Mas eu não quero mais nada com você.

– Então é melhor eu ir...

– Termina de tomar o café. Eu não estou te expulsando.

Eles ficaram em silêncio, até que o celular de Mônica tocou. Pelo toque, ela sabia que era uma mensagem. Foi ver. O texto dizia:

"Bom-dia, espero que você tenha dormido bem. Terminei de revelar as suas fotos. Queria te mostrar. Topa almoçar comigo hoje?! André!"

Jorge percebeu que a expressão da moça mudara. Mônica mantinha um sorriso misterioso na face. Parecia feliz. Então, ele não resistiu e perguntou:

– Alguma novidade? Aconteceu alguma coisa?

– Digamos... Digamos que eu terei um bom dia hoje!

– Você não vai me contar mesmo, não é?

– Não.

Ela manteve o mistério, e ele voltou a comer, enquanto ela teclava:

"Agora estou curiosa. Nos vemos no café perto do escritório?! Beijos".

Minutos depois, o celular soou com a resposta: "Ok, te vejo lá!"

Jorge ficou sem entender o porquê de Mônica estar tão feliz. Não era para ela estar sofrendo se não quer mais nada comigo? Terminaram o café em silêncio.

– Mônica, você está estranha hoje.

– Estranha, eu?!

A indagação soou irônica como ela queria. Deu-se por satisfeita e foi até a cozinha, levar a louça suja para a pia. Ele ainda tentou conseguir alguma informação insistindo:

– Sei lá, está mais fria, mais... Misteriosa... Talvez...

– Você me fez ficar assim...

Jorge pensou em argumentar, se defender dizendo o quanto achava que ela estava sendo dura, o quanto ele desejava que tudo aquilo não tivesse acontecido, quando foi a vez de seu celular tocar:

– Alô.

– Querido, não tem vergonha de voltar para casa da ex???

Jorge ficou pálido. Ele reconheceu de imediato o tom ácido de Janaína, mas não achava justo responder a ligação na presença de Mônica. Aproveitou que ela estava de costas e foi até a sala.

– Não entendi o que você quis dizer com isso. Aliás, como foi a matéria?!

– Não tente mudar de assunto. Sou muito ciumenta e não gosto de saber que o meu namorado passou a noite na casa da ex dele.

– VOCÊ VAI FICAR ME SEGUINDO AGORA?!?!!? – Jorge bradou ao telefone, todavia diminuiu o tom de voz ao se recordar que estava na casa de Mônica. – Aliás, gostaria muito de conversar com você... Quero te contar o motivo que me trouxe a casa da Mon.

– Jorge, meu bem, a ironia não é o seu forte...

– Ah! Não é?!?!? Então por que você me persegue?! Afinal, nem para ser irônico eu sirvo, não é?!

– Não, mas você é ótimo em otras cositas.

– Você tem tempo para uma conversa ou não?

– Tudo bem, a gente se vê na hora do almoço, pode ser?!

– Pode. Até lá, amorzinho.

Desligaram. Jorge sentou-se e colocou as mãos nas têmporas, massageando-as. Viu o vulto de Mônica indo em direção ao quarto, mas não se moveu. Instantes depois, a moça lhe dirigiu a palavra:

– Jorge, está na hora de ir.

Eles saíram em silêncio.

História de um casalWhere stories live. Discover now