Capítulo 13 - Ame seus inimigos ❤

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Eu senti a luz do dia invadindo meu quarto, ouvi de longe o som das cortinas se arrastando. Mas eu não levantei, apertei meus olhos e enfiei minha cara debaixo da coberta, mesmo já sentindo o calor invadindo meu quarto. O vento natural também estava penetrando e não me agradava muito. Nunca fui chegada a natureza, essa era a Anna, mas com ela, eu até aprendia a admirar as coisas ao meu redor, até as que eu não gostava. Acho que isso é uma das coisas que mais me fazem falta nela, o poder dela fazer algo odioso se tornar bom.

— Levanta ruiva – Bernardo puxou meus cobertores para o chão, me encolhi e cobri minha cabeça com os braços. — É domingo e eu estou sentindo falta da igreja daqui.

— Você sabe o caminho – Bufei, mas ele me pegou pelo pé e me fez cair no chão.

— Esqueci. – Deu de ombros, obviamente mentindo. — Vamos logo, eu quero que minha melhor amiga me acompanhe. – Insistiu.

Ele sabia muito bem que eu não ia a igreja, com toda certeza ia se juntar a turma "fazer Angelina voltar pra igreja", isso já me encheu o saco por ontem e agora por hoje. Ninguém aceita meu estado atual; está na cara que estão insatisfeitos comigo, eu sei que Bernardo tem as melhores intenções, mas isso já estava me irritando profundamente.

— Vamos ruiva, vá comigo... só hoje e não insisto mais – Prosseguiu pedindo, suspirei insatisfeita e deixei meus olhos esverdeados para fora, para poder ver a expressão dele. Eu adorava quando ele dava uma de cão sem dono.

Ele tinha belos olhos castanhos e, sinceramente, sabia persuadir qualquer um apenas com um sorriso, eu adorava isso nele, a simplicidade do olhar, do sorriso, de tudo. Eu olhava para ele e via um homem forte e humilde, um melhor amigo excepcional.

— Já te disse que você é insuportável? – Peguei a coberta no chão e me cobri até a cabeça — Sai daqui para eu me arrumar, a não ser que queira assistir. – Caçoei.

— Deus me livre! – Ouvi os passos dele correndo para fora do quarto e a porta bater.

Dei um pulo da cama para não me arrepender da minha decisão – que no real eu já estava arrependida – Fui para o banheiro fiz minha higiene e sai, sequei meus cabelos e deixei-os soltos para facilitar minha vida. Embelezamento não é comigo, ainda mais no domingo de manhã.

Coloquei um vestido verde de renda com um cinto que marcava minha cintura. Não sabia ao certo se isso estava na moda, mas era o que eu tinha naquele momento.

Desci as escadas rapidamente e me olhei no espelho redondo pendurado ao lado da estante da sala. Não sabia se prendia ou deixava solto.

— Solto fica melhor. – Opinou e eu sorri. — Para quem não queria ir... – Ele me olhou de cima a baixo. — Até que está aceitável.

— Meu bem, eu sou maravilhosa. Cego é quem não vê – Joguei o cabelo para trás e segui o cheiro de café vindo da cozinha.

— Fiz panquecas – Sentei na pequena mesa de madeira que tinha na cozinha e dei algumas palmas para ele.

— O cheiro tá bom. – Senti o aroma com cuidado.

— O gosto mais ainda. – Ele colocou as panquecas no prato para mim e encheu de calda. — Nunca vi alguém querer morangos em tudo – Ele riu e me fez rir também, puxei o prato para mais perto.

Dei a primeira mordida com os seus olhos castanhos com atenção na minha expressão.

— Hum... Nota... 9? – Ele relaxou os ombros e suspirou decepcionado.

— Um 9? Porque? – Questionou.

— Não sei. – Dei de ombros e continuei a comer.

— Do jeito que você está devorando parece um 10. – Resmungou e se ajeitou para começar a comer junto comigo.

UMA CARTA PARA MIMWhere stories live. Discover now