Capítulo 13

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Quando acordo, estou sozinha.

Pergunto-me se Liam dormiu comigo. Onde mais ele dormiria se aquele era seu quarto?

Espreguiço-me e coloco os pés para fora da cama, meus pés descalços afundam no tapete macio. Minha bolsa, que nem lembrava onde tinha deixado ontem à noite, repousa sobre a cadeira vitoriana.

Eu pego meu celular e verifico as horas. Ainda é muito cedo, pouco mais de sete horas. Apuro os ouvidos, o apartamento está no mais absoluto silêncio. Onde Liam se meteu tão cedo?

Dou mais uma olhada no celular e há algumas mensagens de Zoe; Eu me sinto culpada e lhe mando uma mensagem dizendo que estou bem. Espero que isto sirva para acalmá-la por enquanto.

Meu estômago ronca e eu mordo os lábios olhando para mim mesma, nua. Minhas roupas estão todas picotadas no lixo. Oh droga!

Hesitante, eu abro a porta do closet de Liam, sentindo-me culpada e curiosa ao mesmo tempo. É enorme. Com prateleiras e gavetas brancas e sóbrias.

Tudo muito arrumado por categorias. Ternos, calças, camisas, gravatas. Tediosamente elegante e com etiquetas de grifes.

Abro as gavetas e sorrio ao ver que são cuecas boxer.

Ah sim, eu posso usar uma destas.

Continuo a fuçar nas gavetas e começo a achar roupas mais comuns, como moletons e camisetas.

E pego uma preta, escrito NIN Setembro 2013 – Troubadour - LA. Ah, era uma camisa de um show daquela banda de rock pesado que ele escuta. Eu tento imaginar Liam num show de rock. Não consigo. Pego a camiseta e a visto.

Sentindo-me apresentável, saio do quarto e, enquanto caminho pelo corredor em direção à sala, começo a ouvir vozes. Uma é de Liam. E a outra é feminina.

Intrigada, apresso o passo e paro aturdida ao ver Liam todo arrumado num dos seus ternos escuros andando de um lado para o outro em frente à grande parede de vidro com o Central Park ao fundo recitando furiosamente coisas que não entendo nem a metade, usando jargões financeiros e uma garota elegante digitando muito rápido em um laptop em seu colo.

Ela é a primeira a me ver, quando levanta o olhar da tela e arregala os olhos, surpresa com a minha presença.

– Me desculpe – murmuro, ficando vermelha e é então que Liam se vira e me vê.

Ele não parece surpreso obviamente. Na verdade, sua expressão é uma máscara impassível. Muito parecida com aquela que ele vestia quando eu entrei na sua sala pela primeira vez.

Não consigo dizer se ele está irritado com minha interrupção ou não. Mesmo assim me sinto em apuros, meu cérebro lembrando-se das palmadas que levei na noite passada.

Por um momento me sinto meio ridícula, por estar parada ali, perguntando-me se serei punida por mais uma transgressão. É quase como se eu estivesse num mundo paralelo diferente do meu mundo real e normal.

No mundo real não existiam amantes que puniam com sonoros tapas no traseiro. Também não existiria Liam Hunter.

Eu tinha ultrapassado a barreira do que eu considerava normal e aceitável e tinha entrado num mundo totalmente novo, diferente e um tanto bizarro. E pior: eu não queria sair dele, porque dizer que tudo aquilo era insano e ir embora sem olhar para trás, significava deixar Liam.

E um mundo sem Liam Hunter era impensável para mim.

Oh, inferno, eu estava tão ferrada.

– Me desculpe – consigo dizer por fim – eu não queria atrapalhar, eu... Vou procurar alguma coisa pra comer... – e me afasto rapidamente na direção da cozinha, antes que qualquer um deles esboce alguma reação.

O Leão de Wall Street - DegustaçãoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora