Capítulo 5

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Eu achei que receber a minha própria foto nua no celular em plena aula de filosofia tinha sido o fato mais assustador daquele dia.

Eu estava enganada.

Muito. Muito enganada.

Eu vejo agora a mim mesma parada na porta da sala de Matt Thomas como uma estátua de sal congelada pela cruel medusa, enquanto Erica se abana fazendo cara de maravilhada atrás de Liam Hunter que me fita como se eu fosse seu suculento almoço que acabara de chegar servido numa bandeja de prata.

E que ele não via a hora de devorar.

Me Devorar.

Por um momento aquela constatação permeia meu cérebro e explode em milhões de minúsculas partículas de calor que invadem minha corrente sanguínea derretendo minha pele transbordando em sensações por onde passa.

Ele. Quer. Me. Devorar.

Sim...

Não!

Eu pisco e dou um passo para trás, horrorizada com aqueles pequenos segundos de submissão ridícula e irracional.

Aquele cara era o mesmo que tinha me seduzido e me largado nua e humilhada em sua mesa e que tinha acabado de me mandar uma foto que eu nem fazia ideia de como ele havia tirado para meu celular.

Que diabos estou pensando me deixando deslumbrar de novo?

Havia alguma coisa muito errada comigo, não era possível!

Mudo o foco do meu olhar amedrontado e Matt continua sorrindo como um cachorrinho feliz. Erica continua babando e agora está do lado de Liam jogando o cabelo de um jeito que ela considera sexy e o brutamonte de cabelos pretos está bem atrás de mim, sério e impassível.

– Emma, não é fantástico que o Liam tenha vindo nos visitar? – Erica diz animada e sorri para Liam - não se importa que o chame de Liam não é? Você é tão jovem e não me parece certo chamá-lo de senhor...

– Erica, não exagera – Matt lhe lança um olhar de advertência. – o Senhor Hunter foi mesmo muito atencioso em nos prestigiar, apesar de seu escasso tempo, visitando nosso jornal...

Ah Deus, porque Erica e Matt estavam competindo para ver quem era o mais idiota?

Será que eles não percebiam que Liam Hunter era um cretino egocêntrico?

Respiro fundo e o encaro, fazendo um esforço para manter minha expressão inabalável. Mesmo que meus joelhos estejam um tanto trêmulos.

– Claro, o senhor Hunter é mesmo muito ocupado. Dever ter muito trabalho sobre a sua mesa – ironizo.

– Na verdade eu deixei um trabalho inacabado sobre minha mesa ontem, se lembra senhorita Jones?

Eu coro violentamente.

Ah, inferno.

– Não faço ideia do que está falando... Senhor Hunter.

– Da nossa entrevista, claro. Eu estava com meu tempo limitado, com... muitas... distrações. Eu fico assim quando estou... faminto.

– O almoço estava sobre a mesa, por que não comeu? – Rebato sem pensar, entrando naquele jogo de palavras.

– Porque eu não queria apenas um aperitivo rápido. Bastou ver o que me era oferecido para eu decidir que queria um banquete completo. Com muito, muito tempo para degustação, senhorita Jones.

– Talvez devesse ter aproveitado naquele momento, agora é tarde. Acredito que ele não esteja mais disponível para o senhor.

– Ah, acho que temos opiniões diferentes sobre este assunto. Na verdade, acho que estou me sentindo faminto novamente neste momento...

O Leão de Wall Street - DegustaçãoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora