Capítulo 4

11.1K 1.1K 93
                                    


– Está com medo?

O bom senso me dizia que eu deveria estar apavorada.

A percepção do perigo penetra lentamente em mim, o medo e o anseio se entrelaçam numa dança perigosa. Será que é assim que as presas se sentem antes do ataque final?

Temerosas e desejosas ao mesmo tempo?

Sacudo a cabeça negativamente a sua pergunta.

Seus olhos brilham mais. Hipnóticos e mortíferos. Passeiam sobre meu corpo lentamente. Sinuosamente.

– Você está pronta para ser devorada, senhorita Jones?

Cerro minhas pálpebras novamente.

Sim.

Eu. Estou. Pronta.

O único som que ouço na sala, enquanto espero é o ribombar do meu coração acelerado no peito.

– Vista-se, senhorita Jones. A entrevista acabou.

O quê? Ainda hesito em abrir os olhos, quando ouço passos se afastando e uma porta batendo. Só então pisco desorientada, ainda sentindo meu corpo latejando e minha mente rodando.

Sento-me rápido e olho em volta.

Estou sozinha na sala.

Por alguns instantes não consigo me mexer. Ainda estou presa naquele doce torpor intoxicante de sua presença. Naquele momento em que nada importava a não ser a perspectiva de sentir mais do seu toque, de sua voz, de seu olhar.

Nada importava a não ser o que ele estava me fazendo sentir.

Agora de repente eu começo a voltar à realidade e meus olhos se arregalam horrorizados ao ver minhas roupas jogadas no chão.

Eu visualizo a mim mesma sentada na mesa de Liam Hunter. Nua.

Quando deveria estar apenas fazendo uma entrevista de dez minutos para a faculdade.

Puta que pariu, que diabos eu estava pensando?

Em pânico, pulo da mesa e começo a me vestir rapidamente, tremendo, não de excitação como a pouco e sim de pavor e repulsa por minha atitude bizarra de minutos atrás.

Aonde ele teria ido? Onde Liam Hunter estava depois de me seduzir, subjugar e por fim humilhar?

Uma onda de vergonha banha meu rosto e eu gemo em desalento ao pegar o gravador e meu bloco de anotações, jogando tudo dentro da bolsa e sair quase correndo da sala.

Não olho para os lados e nem para trás.

Literalmente corro pelos corredores de mármore até estar livre na rua, onde continuo a andar rápido. Finalmente eu caí em mim e estou fugindo. Algo que eu deveria ter tido o bom senso e feito quando Liam Hunter começara a falar comigo com sua voz hipnótica e sedutora.

Estou sem fôlego quando entro no metrô cheio.

As portas se fecham e o trem anda, me levando para longe.

Respiro aliviada.

Estou a salvo.

Não fui abatida pelo Leão de Wall Street.

"Claro que não, ele te rejeitou", uma vozinha zombadora sussurra dentro de mim e eu gemo desalentada de novo, apertando os olhos.

Ao abri-los um homem está me encarando e eu coro, desviando o olhar para o chão.

De repente sinto como se todos soubessem. Todos sabem o que eu fiz.

Sabem que eu deixei um homem que conhecia há míseros minutos tirar minha roupa e me tocar intimamente.

O Leão de Wall Street - DegustaçãoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora