Capítulo 18 - Coragem

17.2K 1.9K 4.2K
                                    

----------------------

*** UMA SEMANA ANTES ***

----------------------

Marinette abriu os olhos devagar, sentindo a cabeça latejar levemente, mas nada comparado à sensação dos dias anteriores, quando mal conseguia abrir os olhos, de tanto que ardiam. O médico que havia lhe dado alta do hospital dissera que podia ficar com tosse por mais alguns dias e que teria desconforto visual, então deixou um xarope amargo e um colírio para ajudar nos sintomas, mas não falou nada sobre a dor de cabeça insuportável com a qual ela teria que conviver. Felizmente, parecia estar aliviando.

Olhou para o lado para ver as horas sobre o criado-mudo que havia sido colocado ali para poder ter acesso mais fácil à água e aos remédios caso precisasse tomá-los durante a noite e viu as peças lã azul já limpas da fuligem do lado da cama lhe observando. Como todas as outras 15 ou 16 vezes que as tinha visto, suspirou fundo.

"Marinette, se toda vez que você olhar pra esse cachecol suspirar desse jeito, o oxigênio do quarto todo vai acabar!" Tikki falava em um tom de deboche "É sério, você já suspirou uma 27 vezes desde que voltou pra casa!" e riu.

"Nem foi tanto assim, Tikki" olhou atravessado para a kwami "Deve ter sido no máximo umas dez" completou em um murmúrio.

"Ah, agora realmente é bem diferente!" Tikki riu, e Marinette a acompanhou.

"Marinette? Tá acordada, filha?" a garota ouviu a voz da mãe soar do andar de baixo.

"Tô sim, mãe. Acabei de acordar." Marinette respondeu, levantando da cama.

"Não precisa levantar, eu estou subindo com o café." Sabine subia as escadas e Marinette sorriu com a ideia de tomar café na cama. Era uma das poucas vantagens de ficar doente.

"É bom não ir se acostumando mal!" Sabine sorria, colocando uma bandeja no colo de Marinette onde repousava uma caneca de café com leite, e três croissants de queijo que ainda fumegavam.

"O cheiro está ótimo, mãe. Muito obrigada!" a garota sorriu, olhando para a mãe que estava cabisbaixa "Mãe?" Marinette inclinou a cabeça para tentar fazer contato visual com a mãe.

"Marinette, eu..." Sabine começou em pé, mas decidiu sentar-se sobre a cama. Seus dedos acariciavam as pernas das filhas que estavam sob o cobertor de lã "Eu podia ter te perdido." ela terminou a frase, sentindo a voz falhar.

"Mãe..." Marinette colocou a bandeja sobre o criado-mudo e abriu os braços, onde Sabine aconchegou-se "Você nunca vai me perder." Marinette beijou a cabeça da mãe. Sempre tomara Sabine como uma mulher forte, mas não havia notado como tinha horas que ela parecia tão frágil. Sabrine rompeu o abraço devagar e olhou para a filha com um tom sério.

"Sabe, quando eu conheci o seu pai, a minha vida estava uma bagunça. Eu estava passando por vários problemas, muitas coisas estavam dando errado e tinha decisões que eu precisava tomar que definiriam não só a minha vida, como a de várias pessoas ao meu redor." Marinette viu uma sombra atravessar o olhar de Sabine e franziu a testa.

"Mas sabe, minha filha..." Sabine estendeu a mão e tocou o rosto de Marinette, sorrindo "As coisas maravilhosas que eu vivi vão estar pra sempre gravadas no meu coração, e elas são parte do que eu sou hoje. Viva ao máximo tudo o que você tiver chance de viver. Aproveite o seu presente com toda a energia que você tiver, porque um dia o seu presente vai ser o seu passado e, no final de tudo, quando você olhar para trás e ver o caminho que percorreu, você vai poder seguir em frente sem arrependimentos."

Marinette sentiu o coração aquecer e inclinou a cabeça para se aninhar ao toque da mão de sua mãe.

"Eu te amo, mãe." Marinette sorriu, colocando a mão sobre a de Sabine.

CronômetroWhere stories live. Discover now