Capítulo 11 - Pânico

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ATENÇÃO: Possível trigger de crises de ansiedade, não leia se for sensível
Se não for, seja feliz e aproveite ♥

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Marinette estava terminando a lição de casa quando ouviu a campainha tocar. Esperou um de seus pais atender a porta, mas não ouviu qualquer barulho no andar de baixo. Ouviu então a campainha soar pela segunda vez, e lembrou vagamente de sua mãe comentando que sairia para jantar fora aquela noite. Passara o dia tão distraída com a felicidade por Adrien ter aceitado seu presente que sua memória havia falhado. Olhou o relógio que apontava 7h30 da noite. Provavelmente seus pais haviam esquecido a chave e voltaram para buscar.

"Já vai!" ela gritou do quarto e desceu as escadas correndo, quando a campainha soou uma terceira vez "Já vai, eu disse!" franziu a testa furiosamente, abrindo a porta. E seu queixo caiu no chão.

Do outro lado da porta estava Adrien. Pior do que isso, estava um Adrien sem fôlego, com o rosto vermelho e uma ruga profunda na testa a qual ela nunca tinha visto antes. Imediatamente percebeu que havia algo errado.

"A-Adrien? Aconteceu alguma coisa?" dessa vez o que lhe fazia gaguejar não era vergonha, e sim apreensão.

"Eu posso entrar?" falou ainda ofegante, e Marinette deu dois passos para trás, empurrando a porta com as costas e dando passagem para o garoto. Percebeu então, que nas mãos ele trazia a sacola das luvas. Sentiu o estômago girar.

"S-Senta..." ela indicou o sofá, sentando-se ao lado dele, certificando-se de que se encontrava a uma distância segura. Ela ouvia Adrien respirar com dificuldade, como se tivesse corrido uma maratona "Você aceita algo para beber? Água? Suco?"

"Água, sim, por favor." ele viu Marinette levantar e ir até a cozinha, pegando dois copos do armário, um pouco trêmula. Parecia que ambos iriam precisar daquela água.

"Desculpa vir assim tão tarde." disse então, começando a perceber que havia tomado uma atitude impulsiva e que agora a garota provavelmente estava sentindo-se desconfortável, ou pior do que aquilo, assustada.

"T-tudo bem. Eu acabei de fazer a tarefa de aula pra amanhã, então estou livre, quer dizer, não que eu não pudesse ficar livre pra falar com você, quer dizer, é bom ficar livre, urgh..." ela gemeu e instantaneamente teve vontade de enfiar a cara dentro do copo d'água até se afogar nele. Levantou os olhos e percebeu que Adrien mal prestava atenção. De cabeça baixa, o garoto movia os lábios em silêncio, como se ensaiasse um discurso. As mãos agarravam a sacola até as pontas dos dedos ficarem brancas.

Marinette pegou os copos e andou até o sofá, colocando os dois copos sobre um banquinho à frente deles. Quando ela sentou, ele levantou a cabeça, nos olhos a expressão de quem recém havia percebido onde estava.

"Marinette..." ele enfiou as mãos dentro da sacola e tirou o que tinha lá dentro, colocando na frente dela.

Ali sobre o sofá, entre os dois, estava o par de luvas e o cachecol, ambas as peças que Marinette havia tricotado.

"Você pode me explicar isso?" ele perguntou, puxando cada uma das peças e mostrando a letra M alinhavada em dourado. Ela arregalou os olhos e sentiu que seu coração ia sair pela boca. Tantas e tantas vezes assinava a inicial ou seu nome completo nas peças que fazia, que esquecera que também as colocara ali. Ergueu os olhos para Adrien, que franzia a testa seriamente.

"Adrien, eu..." ela começou, mas descobriu que não sabia o que deveria dizer. Se dissesse a verdade, que havia feito o cachecol, Adrien ficaria extremamente triste por não ter ganho um presente de aniversário do seu pai, e sabia o quanto ele o amava e quão difícil era a relação dos dois. Se não dissesse a verdade, teria que inventar que havia comprado as luvas, ele acharia que a mentirosa era ela e a odiaria para sempre. Ela sentiu as mãos gelarem e os tremores piorarem. Estava entrando em pânico. Aquilo não era nada bom.

CronômetroWhere stories live. Discover now