Capítulo 17 - Bernardo

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Nossa motorista não responde, mas pisa fundo no acelerador ao chegarmos numa reta e freia bruscamente. A cabeça de Alan balança para frente num arco perfeito antes de jogá-lo para trás, com um barulho oco no banco.

- Cinto. Agora – demanda Jane. "Como se ele não soubesse disso", resmunga para si mesma.

- Você faz isso toda vez e nunca perde a graça! – A gargalhada alta de Alan quase abafa o clique do cinto de segurança. – Isso não é justo, Jane. A gente sempre bebe e você fica só no refrigerante. Depois você leva a gente em casa e ainda tem que dirigir de volta para aquele lugar tão... tão... longe... lá do outro lado mundo. – Sua voz oscila entre preocupada e triste. Alan parece ser um daqueles bêbados. – Semana que vem, você bebe e eu levo todo mundo para casa nesse carrinho de mão.

- Só nos teus sonhos, Alan – murmura Jane.

- E vocês dois, hein, pessoal? – Alguns segundos depois, Alan cutuca meu braço e vejo que está fazendo o mesmo com o de Jane. – O que está rolando aí? Uns amassos? Um rala e rola?

- Fica quietinho, amiguinho – diz Jane.

- Ei, Jane. – Ele volta a cutucar o braço da garota. – Esse aqui, ó! – Suas mãos nervosas batem em mim. – Ele é um cara legal. Todo mundo achou esse aqui um cara legal. Não vai quebrar esse aqui também, tá? Até porque Bernardo prometeu me passar uns jogos legais, então espera algumas semanas pelo menos, tá?

Jane não responde e estaciona o carro em frente a uma casa verde, do outro lado da nossa cidade pequena. Meu apartamento não fica longe daqui.

- Vai. Tá entregue – diz Jane. Alan solta o cinto e abre a porta, mas em vez de sair, se empoleira em nossos bancos. Num movimento rápido, segura o maxilar de Jane e a beija na bochecha, o que a faz grunhir:

- Você fede, Alan! – Jane passa a mão no rosto, enquanto Alan beija minha bochecha com a mesma amabilidade.

- E você também! – rebate. Ele sai do carro e, ao passar pelo lado do motorista, enfia a mão na janela aberta e bagunça os cabelos de Jane. Sem pressa, ele cruza a frente do carro, rumo à porta de casa.

- Oh, que gracinha... ele já me ama! – digo, assim que Jane acelera o carro na rua quase vazia. Ela deixa escapar um meio sorriso. – Mas concordo com ele, não vai me quebrar, tá? Porque é bastante provável que volte para assombrar seu traseiro teimoso.

- Então você pretende dar uma de Gasparzinho para cima de moi? – diz Jane, passando a marcha.

- Não preciso ser um fantasma para assombrar seu traseiro... teimoso, certo? – digo, mal-intencionado. Tiro uma mecha de cabelo de seu rosto. Ela fecha os olhos, inclinando-se levemente para minha mão. – Se você prometer não me quebrar, prometo não fazer o mesmo com você.

Estendo minha mão, para que possamos fechar negócio. Num trato, isso é o que deve ser feito.

- Você entende que preciso tirar uma mão do volante para apertar a sua? - pergunta marota.

- Vamos fazer uma exceção... a única. – Jane estica sua mão direita para fecharmos o acordo. Seguro-a, trazendo-a à boca num beijo rápido, para não infringirmos muito a lei. Jane diminui a velocidade e estaciona a algumas ruas de distância do meu prédio.

- Levante e brilhe, raio de sol. – Jane estica o braço para cutucar a perna de Paulo e acordá-lo. Tudo o que ele faz é resmungar e deitar-se no banco traseiro. Jane xinga baixinho e sai do carro, abrindo a porta de trás do lado da cabeça de Paulo. Saio do veículo em seu encalço, caso precise de ajuda.

- Garrafa de água do porta-luvas? – pede, apontando para o lugar. Encontro a garrafa entre vários objetos pequenos e indefinidos. Num movimento rápido, ela desatarraxa a tampa e segura a boca da garrafa com o dedão. Sem piedade, Jane entorna a garrafa sobre o rosto pacífico de Paulo.

A fórmula matemática de Bernardo e Janeحيث تعيش القصص. اكتشف الآن