Capítulo 11 - Pânico

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"Quando eu percebi isso, vim correndo. Eu nem pensei direito. Se você fez o cachecol, por que não me contou?" Adrien dizia a verdade. No momento em que seus olhos haviam caído sobre a letra dourada no cachecol, juntara as peças na sacola e saíra correndo porta afora. Esquecera até mesmo de levar Plagg consigo. Havia corrido o caminho todo, tentando encaixar as emoções que explodiam em seu peito ao mesmo tempo.

Marinette debatia-se internamente com a decisão do que dizer para Adrien. Tentava pensar numa terceira explicação, um meio-termo, algo que pudesse manter os sentimentos dele e os dela protegidos, mas nada lhe ocorria. Teria que escolher, teria que optar. Ele estava ali, com o olhar apreensivo sobre ela, esperando a explicação, e tudo que ela conseguia fazer era sentir pânico. Ela estendeu a mão até o copo, decidindo tomar um gole de água para se acalmar, mas não conseguiu agarrá-lo. Sentiu a mão tremer descontroladamente, próximo ao copo, e sua respiração começou a ficar mais e mais acelerada. Ela estava perdendo o controle.

"Marinette?" ela ouviu a voz de Adrien, mas não conseguia responder. Não conseguia sequer se mover. Ficou ali, com os dedos estendidos próximos ao copo, sem conseguir agir. O tremor de suas mãos começou a invadir seu corpo, irradiando-se em todas as direções.

"Hey" Adrien percebeu os tremores da garota, inclinando-se para olhá-la nos olhos, e o que viu foi puro terror estampado no rosto que tanto gostava de ver sorrir. Ele conhecia aquele olhar, lembrava da quantidade de vezes que as modelos tinham crises de pânico antes de enfrentar o palco em um desfile, e o quão feio aquilo podia se tornar "Essa não." Adrien juntou rapidamente as peças de lã, jogando-as dentro da sacola "Marinette, calma" percebeu que ela não se movimentava, então jogou-se de joelhos no chão, à frente dela, para encontrar seu olhar.

Marinette não conseguia pensar ou agir. Sentia que o oxigênio da sala desaparecia e que as paredes se fechavam ao seu redor. Via Adrien a sua frente, ele parecia assustado. Não conseguia fixar os olhos nos dele. Ela queria acalmá-lo, queria dizer que estava tudo bem, mas nenhum músculo obedecia.

"Mari, olha pra mim. Você consegue olhar pra mim?" ele viu ela movimentar os olhos em sua direção "Isso, muito bem, ótimo" Adrien repetia as mesmas falas que lembrava terem sido ditas para as modelos em pânico. Elogiar os avanços, estimular novas ações, nunca pressionar "Agora a gente vai tentar melhorar a sua respiração, tudo bem?" ele falava com calma, mas notou que ainda assim os olhos dela arregalaram, como se dissesse que não conseguiria "Você consegue, eu acredito em você, você é forte, vai ficar tudo bem."

Adrien notou que suas próprias mãos começavam a tremer, mas manteve ambas pressionadas sobre as pernas para se controlar. Ela precisava dele agora. Sentia a culpa lhe corroer por dentro. Ela estava daquele jeito por causa dele. Ele que havia causado aquele pânico. Precisava manter a calma e consertar tudo.

"Respira comigo, vamos" ele inspirou profundamente, expirando a seguir "Agora você" ele notou que ela tentava, mas que os tremores pioravam e ela avertia os olhos quando não conseguia "Calma, hey, você está fazendo um ótimo trabalho, vamos tentar de novo" e repetiu o padrão de respiração várias e várias vezes, até notar que ela começou a acompanhá-lo com mais frequência.

"Perfeito, ótimo. Você vai ficar bem, Marinette." ele elogiava, percebendo que ela já conseguia piscar e que abaixara o braço antes esticado "Marinette..." ele murmurou "Você sabe quem eu sou? Consegue dizer o meu nome?"

Marinette sentia-se mais calma, mas os tremores ainda lhe jogavam calafrios pela espinha. Ela abriu a boca duas vezes, mas nenhum som saiu. Teria perdido a voz? Começou a sentir o medo voltar a ocupar seu peito.

"Por favor, não. Marinette, sou eu." Adrien viu que a respiração da garota se tornava instável novamente e terror tomou conta do peito dele. Se ela tivesse uma recaída, seria uma crise pior do que a primeira. Num impulso, esticou o corpo ainda sobre os joelhos e jogou os braços ao redor do pescoço dela, puxando-a para si "Sou eu, Marinette, sou eu. Está tudo bem, você está segura. Eu estou aqui, está tudo bem." os tremores do corpo dele se confundiam com os dela, mas ele só se preocupava em vê-la bem "Nada de ruim vai acontecer, você está comigo, só nós dois, está tudo bem, vamos, respira comigo" ele recomeçou o ritual de respiração, inspirando e expirando vagarosamente.

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