Um pouco sobre mim...

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Sempre me perguntam o que minha família acha do BDSM e se eles sabem, como se eu precisasse da autorização deles para tudo o que decidi fazer com a minha vida.


Dizem que magoa é algo que não se deve guardar, principalmente quando é da própria família, mas apesar do meu dono ter me ajudado muito com isso eu ainda não consigo dizer que perdoei algumas coisas.

Aos 17 anos entrei na faculdade, mas antes disso já havia trabalhado em uma barraca de pastel aos finais de semana por 20,00 reais por dia e depois disso em um restaurante também aos finais de semana, porém por 30,00 por dia. Foi com esse dinheiro que conseguia comprar roupas para ir a escola, pagar minha fantasia de uma apresentação de ballet que eu iria fazer. Minha família não queria que eu trabalhasse nesses lugares, me prendiam e me sufocavam o máximo possível, isso me deixava irritada demais, mas nem por isso decidi usar drogas e beber como muitas pessoas fazem.

Quando recebi por e-mail o comunicado que eu havia conseguido a bolsa através do PROUNI a vontade que tive era de gritar e sair comemorando no meio da rua, pois era la que eu estava já que dentro de casa não pegava internet. Cheguei na minha família e falei que havia conseguido, não receberam essa noticia da forma como eu queria, mas os convenci de que era isso que eu queria mesmo não sabendo como eu iria me manter na faculdade e manter o transporte.

Por sorte uma mulher que trabalhava no restaurante pediu demissão, sem nem pensar duas vezes entrei no lugar dela como mensalista.

Após ter passado pela assistente social e ter efetuado a matricula na faculdade de educação física foi exatamente no dia 06/02/2012 que comecei as aulas e no dia 07/02/2012 que comecei a trabalhar como mensalista.


Todos os dias ouvia as pessoas do bairro e até parentes falando mal de mim, inventando coisas como, por exemplo que eu estava me prostituindo e não estudando, ou que eu não havia ganhado bolsa nenhuma na verdade pagava com o dinheiro que recebia sendo prostituta.

Doía demais ouvir isso vindo da minha própria família, mas eu tentanva não me importar e continuar estudando e trabalhando.

Mas ai vocês me perguntam o porque digo sentir magoa deles e lhes respondo:


Fiquei até os 18 anos achando que eu era filha de um colega da escola da minha mãe, achando que o cara que não queria assumir que engravidou ela, mas isso era mentira, a verdade era que minha mãe teve a capacidade de "dar" para o ex-marido (na época ainda estavam juntos) da minha tia (irmã da minha mãe) e engravidou dele. Não sei se ele esta vivo, não sei se ele sabe que existo e também nem pensei nisso por muito tempo.

Não é apenas esse o motivo de eu guardar magoa da minha mãe, ao receber meu primeiro pagamento corri para pagar a vam, comprar umas roupas e coisas que eu precisaria para poder estudar. Mantive o dinheiro em minha carteira e no outro dia quando eu fui procurar estava faltando exatamente 80,00 reais. Minha reação no momento foi chorar, sim, chorar de raiva, pensar em quem podia ter feito isso. Como minha mãe já tinha feito isso com minha avó eu decidi procurar no guarda roupa dela, e ao colocar a mão debaixo das roupas dela la estavam 4 notas de 20 reais, justamente o que faltava em meu pagamento. Depois disso tomei mais cuidado com meu dinheiro na minha própria casa, brigávamos, pois sempre sumia 10, 20 reais e minha mãe aparecia com umas coisas novas em casa.

E vocês me perguntam dessa vez o que tudo isso tem a ver com o BDSM?

Para se viver o BDSM é necessário ter controle de si, é necessário deixar de ser fraco, manipulável e isso era o que eu me sentia antes de entrar na faculdade e criar coragem de dar a cara a tapa e viver meus sonhos.

A vida é minha e eu vivo da forma que julgar melhor, ninguém da minha família tem o direito de impor nada a mim e eu posso dizer que sim, eles preferiram assim no momento em que decidiram persistir nos erros.

O BDSM que pratico não prejudica outras pessoas, envolve apenas eu e meu dono e assim como qualquer praticante serio procuro passar conhecimento as pessoas ao meu redor. Do que adiante reclamar do preconceito e não bater de frente com ele e expor o conhecimento?


Meu Despertar no BDSMWhere stories live. Discover now