Abro a mala. Tudo que trouxe foram algumas roupas, minha bíblia e um porta-retrato com a foto de meus pais. Coloco-o na escrivaninha me permitindo sorrir. No final das contas existe esperança para mim. Após terminar e organizar minhas coisas desço em direção a cozinha, já percebendo a movimentação de pessoas pela casa. Encontro todos reunidos. Felipe está falando com um tom alto, enquanto o restante rir de alguma piada. Nick está confeitado um bolo.

— já conheceram o Lucas? — Nick diz. Eles se viram para mim

— Sou Pedro — fala o cara sentado na mesa, com um livro nas mãos — estou no segundo ano de engenharia civil.

— Me chamo Rafael, também faço engenharia civil — diz o outro cara levantando da cadeira para me cumprimentar.

— Se não quer ser idiota, fique bem longe deles — Felipe comenta mordendo um pão. Fazendo Pedro bater no topo de sua cabeça.

— Me chamo Marcelo, também sou novo aqui, vim estudar odontologia e não sou idiota, mas já ando com eles — diz um homem negro. Que pelo visto já chegou se enturmando, não deve ser tão difícil assim.

Ficamos conversando por um bom tempo. Descobrir que Pedro e Rafael também são cristãos e frequentam uma igreja na outra rua. Estão tentando levar Marcelo também, que comentou se sentir muito bem quando visitou o lugar pela primeira vez. Pedro me disse que Nick já foi algumas vezes, que ele é um cara bom, porém, algo o impedi de se entregar completamente a Jesus.

Já Felipe não quer nem saber sobre nada que gira em torno da religião. Ele está no terceiro ano de administração, popular no campus pela sua personalidade que querer dar atenção para todos. Principalmente pela parte física, que atrai quase todas as garotas universitárias, fora isso uma boa pessoa para conviver.

É apenas o meu primeiro dia aqui e me sinto como se estivesse no lugar certo. Cheguei a pensar que está cursando medicina, no Campus universitário do Rio de Janeiro, não era a vontade de Deus. Foram tantas dificuldades que imaginei todas as possibilidades que não deveria ir. Eu sei que faculdade é pública, porém, o curso de medicina tem uma carga horária integral e não iria conseguir me manter com as despesas extras, principalmente de moradia.

Fiquei várias semanas orando a Deus, em busca de uma solução, e quando estava quase perdendo as esperanças, em uma certa noite, meu pai entra no quarto:

— Lucas, precisamos conversar — ele começou. Assentir, pois, quando meu pai fala "precisamos conversar" com cara de poucos amigos, posso esperar tudo dele — estive pensando e resolvi ajudar você com as despesas para ir à universidade.

Confesso que fiquei muito confuso, meu pai era a última pessoa que passou pela minha mente que me ajudaria. Faz muito tempo que eu e ele não temos uma relação amigável, de pai e filho. Cheguei a pensar que foi uma forma de se aproximar de mim. No entanto, não tenho tanta certeza. Ele ainda não me perdoou.

Não tenho mais um coração orgulhoso, as coisas velhas já se passaram e tudo se tornou novo. Agora tenho um coração amável para Deus, e por esse motivo aceitei sua ajuda, mas após pensar muito a respeito. Deus é tão misericordioso e amoroso, mesmo depois de tudo que fiz de tudo o que aconteceu. Ele ainda me deu essa oportunidade de seguir no seu caminho e aprender sua palavra.

Às vezes não entendemos o perdão que foi derramado em nós, o quão profunda é a cova que estamos enterrados. Fico pensando em quantas pessoas estão na mesma situação que eu passei, de quantas pessoas precisam saber que ao Senhor pertence à salvação e pode mudar sua vida. Ir para universidade além de ser um bom começo de vida, posso levar o evangelho a todos os estudantes, fazendo entender que o senhor, inclina seus olhos para todos que colocam sua fé em Jesus Cristo, declarando que ele é justo diante de Dele. Não quero esquecer meu passado, mas aprender com todas as coisas que aconteceram e ser uma pessoa melhor para minha mãe, e para a menina que sempre amei. Tento imaginar que estejam lá no céu, felizes por mim.

Quero principalmente ser uma pessoa melhor para o Senhor.

No meu segundo dia, aproveito também para conhecer a igreja que Pedro e Rafael frequentam, era uma noite de culto dos jovens. A quantidade de pessoas que participam me faz sentir com o coração agradecido. Surpreendo-me logo que entro na igreja. Sentamos no último banco, o pastor, um homem muito sábio, fala de um modo admirável.

— Jovens, a palavra de Deus tocou no meu coração para falar sobre a compreensão do arrependimento, lá no livro de Romanos nos diz: "porque nem mesmo compreendo o meu próprio modo de agir, pois, não faço o que prefiro, e sim o que detesto." Você jovem cristão que se arrependeu de todo coração deve ter vergonha do seu passado, para que sempre você se lembre dele e nunca possa cometer os mesmo pecados. Se algo aconteceu na sua vida é porque você se arrependeu e Deus o salvou, mas é preciso ter certeza desse arrependimento, se você não mudou sua vida, não começou a crescer na graça e no seu ensino. É porque o Senhor ainda não o salvou, a evidência da salvação é que você continua caminhando com Ele. Busque o Senhor quanto ainda é tempo, até Ele ter salvado você.

Vejo muitos jovens aceitando Jesus e o Espírito Santo paira nesse lugar. Ao término do culto Pedro me apresenta ao Pastor Elias, conversamos cerca de meia hora, sobre minha vida e a maneira que poderia ajudar a igreja. Estou feliz e cheio de planos para contribuir para a obra do Deus.

Através do Seu Olhar ( Degustação)Where stories live. Discover now