XV- Fantasia

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O frio abraçava o campo e os primeiros sinais da misteriosa geada noturna que insistia em visitar os campos esse verão como se fora um prelúdio da maldade espreitando,  já se faziam presentes, entrando tais quais lâminas por entre as arestas da tenda.

Coberto por grossas mantas de lã de carneiro, jazia meu corpo nu no colchão jogado sobre o tapete, descansando confortavelmente, acomodado enquanto me aprofundava o sono.

Um perfume doce e marcante exalou...

Unhas longas percorreram meu pescoço enquanto volumosos cabelos caíram sobre meu rosto causando calafrios indescritíveis.

Senti o vento congelante da noite entrar por debaixo das cobertas quando ela afastou-as, deitando seu corpo despido sobre o meu, deixando-me terrivelmente excitado, à medida em que o calor dos nossos corpos fundia-se, fazendo com que eu esquecesse do frio que há pouco tomava conta do ambiente.

Entrelaçando os dedos por entre meus cabelos, ela puxou-me para si, beijando meus lábios com tamanha vontade e urgência, que me obrigava a saborear sua boca quente e macia ao mesmo tempo que minhas mãos descontroladas passeavam pelo desenho de suas curvas, detendo-se por incontáveis segundos em seus seios fartos e rijos.

Tomado de desejo, mergulhei no frenesi que nos possuía, deixando que meu corpo atuasse liberto de quaisquer pensamentos ao passo que, aproximando violentamente seus quadris dos meus, penetrei seu sexo fervente e úmido, arrancando gemidos que me desgovernavam, fazendo com que aumentasse freneticamente a velocidade com que entrava e saía de dentro dela.

A realidade parecia se diluir em sonho e eu perdia a cada instante um pouco mais da noção dos acontecimentos, sendo guiado apenas por meus instintos. Ela conseguira despertar algo de mais primitivo que habitava em minhas profundezas, bagunçando meus hormônios pelo jeito sexy com que se contorcia e sussurrava me pedindo um pouco mais.

Ela agora era completamente minha. Mesmo que fosse apenas por uma noite, valeria à pena morrer por seus beijos. Eu pertencia também completamente à ela e sem que precisasse dizer ela sabia disso.

- Alice eu te esperei a vida toda...

Freando meus lábios com as mãos, ela apenas continuou movendo-se no mesmo ritmo que eu, levando-me ao êxtase, numa explosão de prazer que me fez perder os sentidos e fibrilar meu corpo inteiro. Eu só queria estar ali, como se tivesse caminhado a vida toda só para estar dentro dela. Ficamos por algum tempo abraçados, até que aos poucos pude recobrar a razão e situar-me.

Tateando através do breu em que nos encontrávamos submersos, consegui alcançar o isqueiro que sempre deixava no criado mudo ao lado do colchão.

Acendi um par de velas que estavam no candelabro, fazendo com que a habitação tomasse forma e ainda incrédulo sobre o ocorrido, sem saber se houvera sonhado ou o que, voltei-me novamente para onde recém estivera acostado.

Minha expressão se desfez em mil pedaços e podia sentir minha face desmoronar, no momento em que pousei meus olhos nos dela.

Mal pude acreditar no que via e a confusão generalizava minha consciência, tornando questionável minha sanidade.

Com um sorriso premeditado nos lábios em que há pouco eu me deleitara e com grandes e expressivos olhos negros devolvendo-me o olhar, ali estava ela... Nua em meio aos lençóis, exalando toda maldade que conseguira acumular ao longo dos anos...

- Samara?! - Exclamei, descrente do que via. - O que você fez? O que faz aqui? Por quê?

- Não acha que são perguntas demais para quem recém saiu do meio das minhas pernas? - Respondeu num tom sedutor. -

- Você é louca! Vista-se e saia daqui por favor... - Falei desesperado. -

- Eu sempre disse que você seria meu... E será... Ainda que seus pensamentos estivessem longe, foi comigo que você se deitou. Verá que é apenas uma questão de tempo para você se acostumar e entender que eu sou a mulher da sua vida.

- Isso sou eu quem decide, agora saia ou vou ter que tirá-la daqui à força.

- Tudo bem Igor, acalme-se, mas não esqueça que em breve você estará implorando por meus beijos outra vez. - Disse, enquanto recolhia suas roupas do chão e vestia-se apressadamente. -

Sentado com o rosto entre as mãos, eu não sabia nem o que pensar sobre a besteira que acabara de fazer. Como pude ser imbecil ao ponto de fantasiar desta maneira? Como não despertei e porque acreditei que pudesse ser Alice em meus braços? Isso já era demais, havia passado dos limites...

- Durma bem e sonhe com os meus seios... Percebi que você gostou deles... - Disse Samara em tom de deboche ao sair da tenda. -

O silêncio tornou-se acusador. Eu, perplexo, apaguei as velas e joguei-me na escuridão na vã tentativa de fugir de mim mesmo e esquecer de tudo, até que tomado pelo cansaço da inquisidora culpa que me açoitava a consciência, adormeci.

As Crônicas de Ostara.  Livro 1- UM CONTO DE BRUXAS (Em Revisão)Opowieści tętniące życiem. Odkryj je teraz