Run: 12

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Foram trazidas oito cadeiras para a sala e depois que todos sentaram, Ricardo começou a explicar, andando de um lado para o outro.
-Nossa organização já existe a algum tempo, ela começou anos depois da cidade virar independente, quando o governo começou a ser corrupto e a polícia parou de se importar- explicava Ricardo, com um ar sábio que não condizia com seu estilo natural.- A anos recrutados pessoas para a causa e agora já estamos espalhados por toda cidade, até mesmo na prefeitura e na policia.
Ele sorriu abertamente quando acabou e olhou no rosto de cada um dos presentes, que demonstravam dúvidas. Menos Lucas, o garoto parecia acreditar em cada palavra dita pelo homem, como um religioso fanático ouvindo a leitura da bíblia.
-E onde a gente entra nisso?- perguntou Thaay.
-Nós estavamos a procura de um símbolo a algum tempo, até que um rumor, sobre um certo grupo chegou até meus ouvidos- falou Ricardo voltando a andar de um lado pro outro, em frente a janela e com a mão nas costas.- Um grupo que fazia o que queria, quando queria e ainda brincava com a polícia.
-Essa nunca foi a nossa intenção- falou Gnomo.
-Começamos a fazer isso, por que não queríamos mais depender de ninguém- disse Chris.
-Exatamente- disse Ricardo sorrindo, como se tivesse realizado um objetivo.- Vocês só queriam ser livres e foram, assim como nosso povo quer.
Um silêncio estranho predominou na sala, enquanto os Alerquinos pensavam sobre o que tinham ouvido. Nunca tinham considerado assim, só pensavam na adrenalina que sentiam e no poder de liberdade que sentiam sempre que enchiam o cofre.
-Eu quero ajudar- disse Vih.- Eu quero ajudar o povo a se libertar.
-Eu também- disse Nick.
Talis trocou olhares com Vih e depois com Gnomo, que concordou com a cabeça.
-Nós também.
-Acho que todos vamos- falou Lau.
-Excelente- disse Ricardo.- Vocês se importam de aparecer para nossos soldados? Acho que seria bom pra eles.
-Claro- Disse Lau.- Acho que não tem problema.
-Bom... primeiro vamos deixar vocês bem acomodados- disse o chefe dos Alerquinos não originais.- Lucas, você leva eles?
-Claro, senhor.
-Leve eles para o meu prédio e coloque eles no terceiro andar, acho que tem quartos suficientes lá- disse o homem despreocupadamente.
-Me acompanhe, senhores- disse Lucas se virando para os garotos e depois saindo pela porta.
Os garotos saíram do prédio, que eles assumiram ser centro de controle do lugar e foram levados por algumas ruas, até chegar a um hotel luxuoso. Lucas passou pelos dois guardas postados do lado da porta com um aceno de cabeça e entrou no lugar, indo em direção ao elevador. O queixo dos garotos caiu quando viram o salão principal, que era gigante e majestoso.
O garoto apertou o botão de terceiro andar, enquanto todos permaneciam em silêncio. Quando a porta abriu, todos os garotos desceram para um corredor bem decorado e lustroso, menos Lucas.
-Vocês podem ficar bem avontade- falou o menino.- Quando for para vocês descerem eu ou Ricardo subimos aqui.
A porta se fechou e os garotos decidiram explorar o andar, cada um indo para um quarto. Eram sete quartos e todos já estavam com tacos de baseball em cima da cama.
Minutos depois de todos escolherem o quarto, os garotos se dirigiram ao quarto de Vih, que como todos os outro do corredor era grande e bem mobiliado, com um banheiro individual.
A garota, Lau e Gnomo sentaram na cama. Talis sentou em uma das poltronas e Chris sentou em outra, enquanto Thaay e Nick sentaram em um sofá duplo que estava encostado contra a parede.
-E então...- perguntou Lau.- O que vocês acham?
-Acho que se os quartos já são luxuosos nesse andar, imagina no quarto andar- disse Talis.
-Devem ser as suítes presidenciais- falou Gnomo pensativo.
-Ricardo deve dormir lá- disse Thaay.
-Acho meio engraçado- disse Vih.- Quero dizer... o fato de que a alguns dias atrás estávamos em cubículos, depois na prisão e agora em quartos de luxo, em um hotel num bairro rebelde.
-Né!?- disse Talis rindo e todos o acompanharam, menos Lauren que se conteve.
-Gente, eu perguntei sobre o que vocês acham sobre o que tá acontecendo- falou ela.- Não sobre o quarto.
Um "aaaaah" de entendimento soou pelo quarto e o garotos voltaram a rir. Quando finalmente ficaram se acalmaram, Lau tentou recomeçar.
-Então, o que vocês acham do Ricardo?
-Bom, ele namorou minha irmã por bastante tempo e ainda estão juntos- falou Vih.- Ele sempre foi muito legal, eu suportava as coisas pela minha irmã e ela suportava por ele.
-Desculpa Vih, mas não confio nele- falou Gnomo.- Quero dizer, não que acha que ele esconde algo, mas ele parece disposto a sacrificar tudo por esse ideal.
-Acho que tudo que podemos fazer por hora e tentar ajudar ele- disse Lau.
-Eu concordo.
Nesse momento batidinhas foram ouvidas contra a porta e Thaay foi abrir.
-Ola- disse Ricardo- Vocês estão prontos?
-Estamos, capitão- disse Nick, imitando a voz da abertura do Bob esponja.
Os garotos desceram até o saguão e foram levados pelas ruas do bairro, até chegar a uma pracinha, onde muitas pessoas já esperavam e vários soldados estavam de prontidão, perto de um palco. Ricardo subiu pela escada lateral e se dirigindo ao pódio.
-Boa noite, Alerquinos- disse ele, mesmo que os garotos ainda considerassem que fosse "tarde" e não "noite".- Hoje temos, finalmente a presença dos inspiradores do nosso nome.
Ricardo estendeu o braço em direção aos garotos, que sorriram e acenaram para as pessoas, enquanto eles aplaudiam furiosamente.
-Isso tá bem estranho- comentou Thaay no ouvido de Vih, em tom que todos os amigos ouvissem.
-Só a mantém firme- disse Lau ainda sorrindo.
-Hoje um novo ciclo começa para nós- recomeçou Ricardo.- Agora é a hora de colocar nosso plano em prática, agora que temos os Alerquinos a nosso favor.
Aos poucos os garotos perceberam que Lucas não era o único que ouvia Ricardo cegamente, a mesma expressão de crença cega em Ricardo e naquele momento os garotos tiveram duas certezas; a guerra seria difícil, mas o mais difícil seria fazer o povo e Ricardo perceberem isso.

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