Run: 10 (part 1)

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Três dias se passaram até que os garotos voltaram a ser chamados. Dessa vez o levaram para outra sala, essa mais ampla, com uma grande mesa de ferro no meio. Em cima dessa mesa podiam ser encontrados mapas da cidade e relatórios dos bairros.
-Olá garotos- disse o coronel assim que os viu.- Como está a jornada de vocês no presídio?
-Reveladora- disse Vih de forma fechada.
-Imagino... Eu truxe vocês aqui para falar sobre o ataque que fizemos ao bairro Moinho dos Ventos...- começou o diretor, mas foi interrompido por Talis.
-Deixa eu adivinhar- disse o garoto com ar falso de pensativo.- Hmm... vamo ver... Você mandou muitos homens e todos voltaram ou mortos ou muito machucados.
-Eu estou falando diretor... eles sabem de algo- falou o coronel que estava encostado na parede.
Mas o comentário só alargou o sorriso presunçoso que o garoto tinha nos lábios.
-Como você sabe que fim teve essa missão?- perguntou o diretor, com um ar cuidadoso.
-Parece que você não ouviu o que o Policial dos relatórios falou no outro dia- disse Talis soando entediado.- Não ouviu que ele disse que os a criminalidade do bairro baixou para quase nenhuma?
-Sem falar que todas as casas foram ocupadas- complementou Chris.
-É daí?- pergutou o diretor, irritando os guris por sua ignorância, fazendo os sete revirar os olhos, deixando todos na sala um tanto assustados.
-É óbvio que o bairro todo esta sobre o comando deles- falou Lau.- Se não ja teriam sido denunciado.
-Sem falar que é o terceiro maior bairro da cidade- disse Gnomo.
-Obviamente seus homens não teriam nem chance- falou Talis, terminando a explicação.
-E por que não nos disseram isso?- perguntou o diretor borbulhando de raiva.
-Não temos nada a ganhar com isso- respondeu simplesmente Nick.
-Podemos negociar- disse o diretor abrindo um sorriso sombrio.- Podemos negociar o tempo que vocês passaram aqui.
-Não temos a menor garantia de que você fará isso- disse Vih.- Podemos resolver tudo e você nos mandar de volta para cá.
-E se eles assumirem a prefeitura com certeza nos tiraram daqui- falou Gnomo.
-Que chance eles tem de assumir?- perguntou o coronel debochado.
-Muitas- respondeu Chris.- Não sabemos o número deles, podem ter deles em todos os lugares... como você sabe que ninguém aqui nessa sala trabalha pra eles? E aliás... a cidade já e independente a 50 anos, não temos mais nem um país para mandar reforço caso precisarmos.
O homem pareceu abalado e deu uma olhada em volta, mas logo tentou voltar ao foco da conversa.
-Que tal assim, eu libero vocês antes do trabalho começar- propôs o diretor.- Vocês começam com fichas limpas e trabalham para a polícia, isso e justo perante a lei.
-Eu discordo- gritou o coronel.- Eles não podem ser soltos depois do que fizeram comigo!
-Você não tá em posição nenhuma para discordar- falou o diretor.- Eles são nossa melhor chance... e precisamos agir.
-Podem nos deixar sozinhos por alguns segundos?- pediu Talis e o diretor precisou considerar.
-Podem...- Disse devagar.- Mas tem apenas cinco minutos.
Todos saíram e os amigos ficaram juntos sozinhos pela primeira vez em muitos dias, vários abraços atrapalhados pelas algemas rolaram, antes deles começaram a discutir o assunto.
-Vocês acham que vale a pena?- perguntou Gnomo.
-Eu acho que sim...- falou Thaay.- O máximo que pode acontecer é ele nos mandar de volta para cá.
-Não- disse Nick.- O pior que pode acontecer é um de nós morrer nessa missão.
-Mas eu não quero passar o resto da vida presa aqui- falou Vih meio em desespero.
-Eu sou afavor de ajudarmos- falou Talis.
-Eu também- confirmou Lau.
-Quem é a favor levanta a mão- disse Chris e todos levantaram a mão, mesmo que Nick tenha feito de maneira relutante.
Depois disso eles voltaram aos abraços, até que o coronel, o diretor e os polícias entraram de volta.
-Espero que tenham tomado uma decisão- disse o diretor.
-Tomamos- falou Talis.- Mas temos condições.
O coronel começou a rir, mas o diretor ergueu sua mão pedindo silêncio.
-Queremos que tirem as algemas e limpem nossas fichas- falou o garoto de forma clara .- Queremos trabalhar como estagiários e não como pagadores de pena.
O diretor considerou por alguns segundos e os meninos soaram frio.
-Okay, eu aceito- disse ele.- Tirem as algemas deles e vamos trabalhar!
Enquanto os garotos eram liberados, continuaram se abraçando, podendo fazer isso cem por cento pela primeira vez em dias.
-Por que vocês se abraçam tanto?- perguntou o direror, quase curioso.
Os garotos olharam para ele sem ter uma resposta, pois eles não teria como explicar para um homem como ele, a sensação de segurança transmitida pelos abraços, ou pelo simples contato entre qualquer um dele. Era impossível explicar para uma pessoa o alívio de um porto seguro, quando ela nunca ficou a deriva no mar.
-Você não entenderia- disse Nick e o Coronel revirou os olhos.
-Você não percebe que eles estão mentindo?- disse ele, como se fosse óbvio.
-Vamos ter que confiar neles, por enquanto- falou o diretor.- Eles parecem saber como a mente deles funciona.
Logo Talis e Gnomo estavam em volta da mesa, abrindo o mapa da cidade e o do bairro, parando para analisa-lo com cuidado. Já o resto lidava com os relatórios, os lendo com cuidado.
-Por que aconteceram tanto despejos a dois anos atrás?- perguntou Lau, que analisava uma série de relatórios sobre retiradas de famílias no bairro, pelos motivos mais absurdos.- Praticamente todos nas mesmas datas.
-Como assim?- perguntou o diretor, se aproximando das garotas e vendo que elas realmente falavam sério.
-Garoto!?- chamou Chris, fazendo o policial de vinte tantos anos apontar o dedo pra si próprio e como a perguntasse "Eu?".- Isso, você! Aqui tem o relatório de quem da prefeitura autorizou os despejos?
-Acho que podemos conseguir, senhor- disse o garoto nervoso.
-Ficaríamos muito agradecido se você pudesse, obrigado- respondeu Chris e o menino saiu trás das informações.
-Eu já vou preparar o madado de prisão para quem fez isso- disse o coronel.
Outra onda de risadas baixas mais irônicas passou pela sala, como a do outro dia, mas dessa vez não era apenas Talis que ria.
-E você pretende fazer exatamente o que com isso?- pergutou Vih, sem parar de ler alguns relatórios.- Além, de é claro, entregar que já estamos na cola deles?
O coronel olhava para a guria tentando achar uma resposta, mas não obteve nenhuma.
-Que diferença faz quem foi, se não vamos fazer nada com ele?- pergunto o diretor.
-Precisamos saber de que parte da prefeitura ele é- explicou Nick.- Dependendo do setor que ele trabalha o prefeito está realmente em risco.
-Eles devem estar muito confiantes para fazer uma ameaça direta a polícia, falando que fariam algo com o prefeito- falou Chris olhando para o rosto dos amigos.
-O que quer dizer?- perguntou o diretor, pelo que pareceu a décima vez.
-Eles não estão apenas no setor responsável pelos despejos, isso não fica nem perto do prefeito- falou Vih seguindo a linha de raciocínio do amigo.
-Podem ser os seguranças, outros políticos...- falou Gnomo.
-Vamos então dar um mandato para proteger o prefeito- disse o coronel.- Vinte dos meus melhores homens!
-E quantos desses homens não são deles?- perguntou Thaay.
-Está duvidando dos meus homens?- perguntou coronel.
-Como você tem certeza que nenhum dos homens que estão nessa sala não vão entregar a gente assim que nos sairmos daqui?- perguntou Thaay.
-Estamos jogando no escuro- disse o diretor dando a primeira bola dentro des de que a reunião começou.

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