|TRINTA E SEIS| - O VALE DAS BONECAS.

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'Ou, talvez fosse uma encenação?'

Adiciono a suposição ao meu bloco de anotações que contemplam muitos outros pontos, alguns dos quais já haviam sido descartados, enquanto outros precisavam de uma segunda avaliação. Largo a caneta sobre a mesa, suspirando frustrado, com a falta de evidências que rondam esses casos e que a cada dia mais me fazem duvidar da capacidade dos policiais e do xerife que comanda o departamento de investigações em Ventura. Esse lugar precisa urgentemente de uma restruturação de cargos. Penso em acrescentar mais esse ponto em meu bloco de notas à medida que massageio as minhas têmporas, buscando clarear a minha mente diante os fatos que tenho em mãos.

Seis mortes, seis vítimas, seis vidas perdidas em menos de dois meses. Todas com as mesmas características sofridas anterior e posterior as suas mortes. Volto a atenção a tela do computar que contém várias das imagens das cenas dos crimes. Repasso as fotos, com um clique no mouse, buscando qualquer evidência que possa vir a aparecer e que por alguma razão passou desapercebido à mim.

Uma notificação surge ao canto direito da tela, anunciando uma nova mensagem na caixa de e-mail. Olho intrigado, ao notar que o remetente é direto do departamento de Los Angeles, e tenho o pressentimento que as notícias não serão boas.

"Agente Z.J. Malik

Sendo, eu, o supervisor dos casos em que o nosso departamento está encarregado e relacionado, fui informado sobre a sua atual situação na investigação que tem como prosseguimento.

Estou estarrecido em saber que diante seis vítimas, o senhor não possua nenhuma evidência conclusiva ou vestígios de uma. O que de fato leva-me a contestar a sua capacidade como um agente especial das forças armadas.

Contudo, e perante o seu ótimo histórico com assassinos desse porte, darei-lhe mais um voto de confiança. Dou-lhe o prazo de mais duas semanas para que o culpado por esses crimes hediondos seja encontrado.

Se por eventualidade o senhor falhar com essa ordem, serei obrigado a afastá-lo do caso, para o substituir por outro agente que venha a por um término a esses crimes. Suponho que não irá colocar sua reputação como um excelente agente em jogo.

General J.H. Winstton
Departamento de Justiça.
Divisão de Crimes Violentos,
Los Angeles - Califórnia.
Federal Bureau of Investigation - FBI."

Meus olhos, incrédulos, ainda fitam a mensagem, enquanto tento o processar em minha mente. Eles realmente estão achando que eu não estou fazendo a porra do meu trabalho!. Bato as mãos contra a mesa, descontando a raiva que me assola, à medida que vejo os objetos se moverem e alguns caírem devido ao meu gesto. Alguns olhares pretensiosos e sugestivos me observam em curiosidade. E eu bufo irritado, encarando tais olhares, os repreendendo por isso, ao passo que ficam incomodados e voltam a realizar os seus devidos trabalhos.

Inclino-me para trás na cadeira, buscando relaxar meu corpo, levando aos mãos ao rosto, suspirando em desapontamento, e sabendo que não me resta nenhuma alternativa a não ser acatar com a ordem de meu superior. Encaro o teto desbotado acima de mim, observando em alguns pontos os tons pretejados em coloração ao mofo que se acumula. Tenho a sensação de estar sendo analisado, e abaixo meu olhar, notando que são os olhos do filho do xerife que examinam a minha postura.

─ O que foi Horan? ─ Meu tom é autoritário e minhas palavras carregam certa ríspidez, ainda mais por estar sendo analisado pelo jovem rapaz.

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