|TRINTA E CINCO| - AS FASES DA LUA.

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─ Sean nunca foi meu namorado. ─ Rebato, percebendo a indignação que domina o seu semblante. ─ Eu vim embora pois senti sua falta, percebi que não havia motivos para eu ficar, quando meu coração desejava estar junto a você. ─ Digo, tranquilamente, expressando meus sentimentos em uma tentativa de fazer Harry manear sua reação. ─ Sean apenas foi gentil e ofereceu uma carona.

─ Não foi o que pareceu. ─ Harry insiste em suas segundas intenções, ignorando quaisquer que sejam as minhas justificativas. Rolo os olhos, respirando fundo, à medida que seus olhos me fuzilam e fervem em ciúmes.

─ Eu não vou ficar aqui e discutir sobre isso. ─ Ignoro Harry, levando a chave na fechadura e abrindo a porta de casa.

─ Você acha certo o que fez?
─ Ele segura a porta, impedindo que eu entre sem a sua presença.

─ Foi a porra de uma carona! Que mal tem nisso? ─ Meu tom de voz se altera, enquanto caminho irritada pela sala. ─ Eu convidei você para essa maldita festa, você não quis ir, se lembra disso?

─ Você sabe muito bem os meus motivos. ─ Ele suspira, expirando sua raiva que dá evidências em seu comportamento.

─ Não. Eu não sei! ─ Digo irritada, aproximando-se de Harry, que une as sobrancelhas em questionamento. ─ E esse é o maldito problema que sempre nos ronda!

─ Do que você está falando? ─ Ele indaga, e eu sinto uma combinação de frustação e arrependimento por ter optado voltar para casa.

─ Disso! ─ Sinalizo com as minhas mãos em sua direção, e seus olhos me olham intrigados, buscando a solução para as dúvidas. ─ Das suas mudanças de humor, do modo como você tende a me afastar e depois a me segurar envolta de seus braços, nesse ciclo em que eu me vejo perdida em meus próprios sentimentos diante você.

─ Eu não acredito no que estou ouvindo. ─ Harry abafa uma risada irônica, descrente em minhas palavras. Enquanto massagea as têmporas em busca de sensatez, porém falha em sua tentativa. ─ Você deveria olhar para o seu próprio reflexo, antes de querer apontar os defeitos alheios.

─ E o que seria? ─ O provoco, irritada pelo o seu comportamento. Não aceitando sua resposta em querer apontar meus erros como supostas justificativas para os seus.

Harry nega com a cabeça, perplexo com minha atitude, levando sua mão ao rosto, buscando prudência enquanto seus olhos me encaram severamente. Ele pondera sua ação, preparando-se para se retirar da sala e me deixar ali sozinha. Mas, por um instante, é como se uma vestígio de fogo soprasse em meio ao campo seco, emanando um afrontoso fogaréu que tem a intenção de incendiar e queimar tudo a sua volta.

─ Você é mesquinha e mimada, acha que o mundo gira a sua volta. Se sente a dona da razão e com isso pensa que pode dizer o que quiser para as pessoas, sem se importar com o efeito que suas palavras podem causar. ─ Harry é ríspido, esbravejando sua intencionalidade de querer me atingir da pior maneira possível, o que de fato começa a pender negativamente sobre mim. ─ O mundo não gira ao seu redor, Mia! Ele nunca girou!

─ É isso que você pensa sobre mim? ─ A respiração de Harry é descompassada, e nesse momento eu percebo que ele não disse metade do que realmente deseja.

─ Você é prepotente, intrometida e preza somente aquilo que lhe convém. ─ Suas palavras trazem consigo um peso de rejeição, e eu começo a perceber que não saberei lidar com isso. ─ Eu quero que você se foda! ─ Harry vocifera, e sinto através de seu olhar o quanto ele deseja me ferir com o seu linguajar.
─ Quer saber? Eu não vou ficar aqui, quando claramente apenas um de nós se importa com essa relação.

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