Capítulo 14

4.4K 255 6
                                    

Dessa vez, acordei antes do Golias vir abrir as cortinas e fui direto pro banheiro igual a um zumbi. Mesmo tendo acordado com a aparência péssima, eu estava inspirada e queria fazer algo diferente.
Coloquei uma roupa mais informal pra escola que sempre quiz usar, escovei meus dentes, fiz aquela make básica - corretivo, rímel e blsuh - e organizei minha mochila.
Não estava afim de tomar café da manhã em casa e fui no Starbucks, que era o que ficava mais perto da casa. Fui escutando música e quando estava na fila pra pagar, alguém encostou no meu ombro. Me viro rápido e com medo. Me arrependi de ter virado.

_Luiz como é que você sabe que eu vim pra cá? Você tava dormindo quando eu saí.
_Engano seu. Eu estava na sala, você passou tão rápido que nem me viu. Eu estava te esperando pra tomar café da manhã e pra te dizer uma coisa.
_Espera aí.

Paguei o capuccino e fomos andando pra escola.

_Fala. - tomei um gole do capuccino.
_Então, eu percebi que se eu for ter que falar com você todos os dias, a gente não pode ficar nessa situação e eu quero me desculpar por tudo que eu te fiz.
_Você ta de palhaçada com a minha cara que eu sei. - do nada? suspeito.
_Eu juro que não estou sendo irônico.

Parei de andar e olhei bem nos olhos dele.

_Esse pedido de desculpas inclui você parar com as suas manias assustadoras de ficar me perseguindo?
_Não é pra tanto, mas sim.
_Só pra você que não é. Tudo bem, aceito suas desculpas.

Chegamos na escola e eu fui pra um lado e ele pra outro.
Estava guardando uns livros no meu armário e senti uma sensação horrível dentro de mim. Não sei o que está acontecendo, mas alguma coisa me diz que é com o Ben.
Assim que vi o Will e a Liz conversando, fui correndo até eles.

_Que foi Aisha? - Liz perguntou ao me ver com uma expressão preocupada.
_Vocês já viram o Ben hoje?
_Eu falei com ele hoje de manhã e ele falou que estava vindo para a escola. Mas o que aconteceu pra você estar assim? - Will perguntou.
_Eu também não vi ele ainda, mas tô com uma sensação estranha e acho que tem a ver com ele.

Ficamos conversando e o sinal tocoum, mas ele não chegou. Já estava ficando mais preocupada. Ele não é de faltar sem avisar, muito menos me avisar.
Estávamos na segunda aula e nada dele. De repente, a diretora apareceu na sala e pediu a atenção de todos.

_Aisha e Willian, me acompanhem até a minha sala por gentileza.

Nos olhamos e fomos.
Chegando na sala dela, ela pediu pra gente sentar e eu já estava com o coração na mão. Era sobre o Benjamin, eu tinha certeza.

_O que foi diretora? - me sentei na ponta da cadeira e perguntei já totalemnte agoniada.
_Então - juntou as mãos e as colocou em cima da mesa, acompanhadas de uma expressão fria no rosto - Vocês são os mais próximos do Benjamin, certo?

Jesus me salva, to quase tendo um infarto aqui, sem brincadeira nenhuma. Isso tem que ser pegadinha.

_Sim, somos. - Will respondeu por mim.
_Pois bem. Quando o Benjamin estava vindo pra escola, ele se acidentou. As pessoas que estavam em volta notaram que ele com a blusa da escola e ligaram pra cá.

Eu fiquei em choque, nem conseguia chorar. O Will só me abraçou de lado.

_Então, estávamos tentando comunicar a mãe dele, mas o número que temos no sistema consta como inativo, por isso chamei vocês aqui para ajudar. Vocês tem o númer de telefone dela atualizado?

Peguei meu celular tremendo e mostrei o número pra ela.
Ela ligou e deu pra escutar a dinda chorando do outro lado.
Estava na mesma situação que ela, só que eu não conseguia expressar.
Eu não queria acreditar que o meu doidinho estava no hospital, correndo risco de vida. Eu quero ver ele aqui comigo, sorrindo. Eu sabia que tinha algo errado, mas nunca que imaginaria isso.
Em situações como essa, ondeeu  passo mais nervoso do que consigo aguentar, fico falta de ar. É raro, mas acontece e quando isso acontece, eu tenho que tomar um medicamento muito específico, que infelizmente não da pra comprar numa farmácia. Por isso, tenho que ir pro hospital tomar ele lá. E foi isso que eu tive que fazer dessa vez, só que eu apaguei antes que conseguisse dizer o que eu precisava.

_Você está bem Aisha? - Will perguntou preocupado.
_Crise. - falei com a mão no pescoço e aquela sensação do meu pescoço estar se fechando aumentou.
_Quer que eu ligue para o seu pai?
_Médico. - tentei falar.
_Ela tem crises de falta de ar e precisa ir pro hospital agora. - falou desesperado e se levantou.

A partir daí não me lembro de mais de nada, só de uma picada bem forte no meu braço que me fez acordar. Logo que abri meus olhos, vi meu pai sentado numa cadeira de acompanhante do hospital.

_Pai?
_Oi filha.
_Onde eu to? - falei olhando em volta.

Nisso, percebi que uma enfermeira estava terminando de verificar o medicamento que estava ligado a mim pela veia.

_Vou deixar vocês a sós. - e saiu, fechando a cortina que estava me impedindo de ver o resto do lugar.
_Você teve outra crise de falta de ar e está no hospital.
_O Ben. - me lembrei dele quando ouvi a palavra "hospital".
_Ele está em outra ala. Vi a mãe dele e fiquei sabendo do que aconteceu. Por isso to com essa
cara de zumbi igual à você. - falou tentando sorrir, mas outra lágrima ameaçava a cair.
_Eu preciso ir ver ele. - tentei levantar da cama.
_Vai com calma, eu te ajudo.

Ele foi empurrando um negócio, que era onde ficava pendurado o saquinho com o medicamento e eu fiquei parecendo aquelas pessoas que tem câncer e tem que ficar com um desses pra lá e pra cá no hospital.
Cheguei na ala do hospital em que ele estava e vi a dinda.
A abraçei tão forte que foi o que estava faltando para me fazer chorar.

_Ele ta bem? - perguntei com dificuldade entre soluços.
_Ta sim minha linda, não tanto, mas está. Pode ficar mais calma. - alisou meu cabelo com a mão. - Você parece não estar muito bem também, o que aconteceu? - perguntou olhando pro meu pai.
_Outra crise. - respondeu.
_Oh meu amorzinho.
_Eu preciso ver o Ben, por favor. - pedi enquanto limpava minha lágrimas.
_Sim, claro. Pode entrar, graças a Deus ele não ficou em coma, mas foi por pouco. - disse enxugando as próprias lágrimas.

Meu pai ficou lá com ela e eu entrei. Ele estava esfregando o olho e sorriu ao me ver.

_Outra crise senhora? - perguntou olhando pro meu braço ligado ao medicamento.
_Isso não importa, to preocupada com você. - Me aproximei e fiquei receosa em dar um selinho nele, já que ele estava todo ralado e não queria machucá-lo - O que aconteceu com você? - perguntei quase chorando de novo.
_Senta ai.

Me sentei na poltrona ao lado dele, segurei sua mão e ele começou a falar.

_Como sempre, eu saí de bicicleta pra ir pra escola. Eu estava perto daquela loja de doces que a gente adora e só me lembro de uma pancada muito forte do meu lado esquerdo. Não to sentindo nada desse lado, acho que é o efeito de algum remédio.

Olhei em volta dele e não havia nenhuma agulha com medicamento colocada nele.

_Ben, você não está ligado a nenhum remédio. - falei colocando a mão na boca porque sabia o que isso significava.
_Ai não.

Ele começou a chorar e colocou as mãos no rosto. Chorei também e o abracei, se ele sentir dor ele avisa né.

_Ben eu te amo tanto, vai ficar tudo bem.

Choramos mais, até que uma enfermeira entrou no quarto.

_Desculpe interromper, mas eu estava te procurando mocinha.
_Bom, me achou.

Soltei o Ben do abraço e enxuguei minhas lágrimas.

_O que foi?
_Fizemos alguns exames em você por causa da crise...
_Quando foi isso? - perguntei confusa.
_Ah sim, foi enquanto estava apagada por causa da sua crise. Mas então, como seu pai me pediu pra não te dizer nada sobre os resultados... - ta, isso me assustou - só vim avisar que você terá que vir aqui todas as noites, porque se você não tomar esse medicamento, talvez não consiga resistir até o dia seguinte.
_Oi? Eu escutei isso direito? Vamos voltar o foco a pessoa certa, que é ele aqui. É muita informação pra um dia só, concorda? - tentei disfarçar o choque da informação.
_Aisha, você é muito sem noção sabia?
_Ué, não falei nada de mais.
_O recado está dado, vou me retirar. - e saiu do quarto.
_Aisha, você pode morrer de noite e nem se preocupa com isso? - perguntou parecendo estar bem preocupado.
_Depois que o choque de saber que você ta assim passar talvez eu sinta mais esse choque.
_Meu Deus. - riu.

Só de ter feito ele sorrir um pouco, já me deixou feliz.

Perfeita Amizade ColoridaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora