Capítulo 1

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Já eram 11:38 da noite e aqui estava eu, mais uma vez deitada no meu quarto sozinha com o  tédio me consumindo enquanto escutava música. De repente, meu doidinho entrou pela janela com o maior sorriso do mundo, fazendo com que eu retribuísse o sorriso na mesma intensidade.

_Oi - disse prolongando mais o "i".
_Oi - respondi do mesmo jeito.

Ele se aproximou rapidamente e deitou sua cabeça em meu colo. Ficamos os dois deitados na minha cama por um bom tempo em silêncio, apenas mexendo no celular, até que ele me fez uma pergunta bem específica. 

_Seu pai ta melhor? - me perguntou olhando pro teto.
_Está como sempre, nenhuma melhora, mas pelo menos não piorou. - respondi enquanto fazia um cafuné em seu cabelo.

Bom, pra vocês se situarem na conversa... o meu pai é alcoólatra. E bem, minha mãe... não, não é, mas querendo ou não meu pai ficou assim depois dela. Eles se divorciaram quando eu tinha 10 anos, e lembro bem o quanto ele era apaixonado por ela, mas pelo visto ela não sentia o mesmo. Eu era muito nova na época e como era ela quem estava indo embora, resolvi ficar morando com o meu pai porque estava muito triste e brava. Hoje em dia eu falo com ela, mesmo que nossa relação nunca mais tenha voltado a ser o que era antes.

_Posso dormir aqui hoje? - ele perguntou fazendo cara de cachorrinho abandonado e lógico que não tinha como eu negar.
_Claro né.

Me levantei e fui pro meu banheiro me trocar pra dormir. Vesti uma camiseta comprida e saindo do banheiro enquanto dobrava as mangas, fui me adiantando:

_Benzinho. . .
_Não começa com Benzinho - respondeu seco.
_Credo. Só quero saber se você pode me ajudar com. . . 
_Já sei, eu te ajudo. - dessa vez respondeu com mais delicadeza. 

Descemos as escadas e meu pai estava dormindo na velha poltrona marrom da sala, acompanhado de várias garrafas de cerveja ao seu redor, a cena clicê do esteriótipo do bêbado solteiro.  A televisão ainda estava ligada e passava algum jornal noturno sobre as desgraças do mundo. A claridade da TV  iluminava pouca parte da sala, assim como o rosto do meu pai, que pelo visto voltou a ser um bebê que estava nitidamente precisando de um babador.
Enquanto o Ben foi do lado de fora da casa jogar as garrafas de vidro no lixo, eu peguei um cobertor que sempre ficava na sala, cobri meu pai e desliguei a televisão.

Subimos tentando fazer o menor tipo de barulho possível e fechando a porta do meu quarto, agradeci ao Ben pela ajuda. Ele sabe o quanto eu detesto ver meu pai naquelas condições e lidar com isso sozinha não é uma situação nada agradável.
O Ben trocou de roupa rapidamente e antes que se pergunte com que roupa, fique sabendo que ele sempre deixa algumas roupas aleatórias no meu quarto. Pois é, o que o convívio não faz.
Apagou a luz e quando já estávamos deitados, eu sussurrei:

_Você é o melhor amigo mundo sabia?
_Eu sei.
_Nada convencido.

Me deu um beijinho quente na bochecha e só o que eu me lembro depois foi de ter pego no sono sorrindo.

Me deu um beijinho quente na bochecha e só o que eu me lembro depois foi de ter pego no sono sorrindo

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