Capítulo 2

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Acordei no susto com o barulho super irritante do despertador. Preciso trocar o som desse treco.
Tirei o braço do Benjamin bem devagar de cima do meu e desliguei o alarme. Quando olhei para o lado para acordar ele, o mesmo já estava abrindo os olhos.

_Bom Dia - falei ainda com voz de sono e tentando abrir um sorriso. A cara amassada da manhã não costuma colaborar muito com isso.
_Bom Dia - respondeu com mais voz de sono do que eu.

Tentei tirar o cobertor de mim para me levantar e ele me prendeu com os braços.

_Levanta vai ou pelo menos me deixa levantar. - tentei uma negociação.
_Não quero. - fez manha e fechou os olhos fingindo dormir.

Já que ele é mais forte que eu não foi nenhum sacrifício me manter presa ali. Nem fiz força porque sabia que não iria adiantar. Só fiquei ali deitada olhando pro teto, esperando a boa vontade.

_Você quer chegar atrasado? - tentei uma segunda negociação.
_Não, não quero, mas também não quero sair daqui - repetiu a dose de voz manhosa, mas dessa vez com a cara enfiada no travesseiro.
_Então me diz o que eu faço pra fazer você levantar. . .

Se virou e fez cara de pensativo.

_É simples, um selindo resolve o seu alvará de soltura. 

Revirei os olhos rindo um pouco e dei o tal selinho nele. Senti que ele queria puxar pra um beijo, mas com aquele bafinho ele não iria conseguir nada.
Seus braços me soltaram de vez e eu finalmente pude me levantar.

_Obrigada - falei enquanto prendia o cabelo e fui ao banheiro.

Fiz minha higiene matinal, ajeitei meu cabelo mais rápido do que das outras vezes e a assombração aparece do nada na porta.

_Que susto Benjamin, ta querendo me matar do coração é? - perguntei com a mão no coração.
_Que isso, matar você. . . - ele apertou minha bochecha e continuou - eu não teria essa coragem.
_Hhum sei.

Ele deu um beijo na minha bochecha e foi escovar os dentes.

_Vou descer pra tomar café, te encontro lá fora. - avisei.

Ele não respondeu, porque estava com a boca cheia de espuma e só fez um joinha com a mão e mostrou do lado de fora do banheiro.

Quando desci, meu pai ainda estava dormindo. Acendi a luz, liguei a TV e fui preparar o meu café da manhã. Fiz panquecas com uma massa pronta e fui comer na sala. Estava passando um programa bem engraçado na hora e quase engasguei. Se o Ben tivesse visto a cena iria me zoar por uma hora.
Terminei de comer, lavei a louça bocejando sem parar e desliguei a televisão. Fui trocar de roupa e pegar minha mochila, que por azar não arrumei no dia anterior e em seguida mandei mensagem pro Ben.

Você já ta ai fora?

A resposta não demorou nada.

To saindo.

Saí de casa e ele estava vindo na minha direção com a sua fiel escudeira, a bicicletinha amarela.

_Você acredita que quando eu fui pular pra dentro do meu quarto, rasguei minha calça? Olha o rombo! A janela não estava de bem comigo.
_Do jeito que você é, eu imagino. A janela que criou mãos né. - olhei o furo - Ah, para de graça, não da nem o tamanho de uma moeda de 10 centavos.

Comecei a rir pelo drama à toa.

_Besta, para de rir. Foi por pouco.
_Nossa, quase perdeu as tripas.

Parei de rir um tempinho depois e perguntei:

_Sua mãe nem falou nada de você ter dormido lá em casa né?
_ Não, só perguntou se eu estava bem e fez as perguntinhas bestas de sempre.

As perguntinhas bestas de sempre incluiam a minha pessoa e a dele, na situação de casal fazendo peripécias de casal, ato que a mãe dele só fica esperando o momento de acontecer e que pelo visto, quer ser a primeira pessoa a ser notificada.
Colocamos as mochilas na cestinha da bicicleta e eu fui em pé atrás, porque amo a sensação do vento batendo no meu cabelo. E para fazer companhia, coloquei pra tocar a melhor trilha sonora pro momento, e sem direito a fone de ouvido: "Hungry Eyes" do filme "Dirty Dancing".

Quando chegamos no colégio, o Ben prendeu a sua bicicleta na grade e entramos, ainda na vibe final da música. Logo de cara avistamos o Will, um amigo nosso que é mais doido do que qualquer outra pessoa que eu conheça.

_E ai lokões! - disse Will todo elétrico, como se realmente tivesse fumado um.
_Eai.
_Oi seu maluco - respondi rindo da agitação dele.
_Mano, vocês não vão acreditar no que a maluca de verdade - disse olhando pra mim - fez dessa vez.
_A Britney? - perguntei.
_E tem outra? - respondeu.
_Fala logo. - Ben apressou.
_Se liga, ela espalhou pra todo mundo da escola que ta namorando com o Benjamin.

Que lokaaaa

_O quê? - eu e Ben falamos juntos.
_Pois é. Parece que aquela garota não bate bem das ideias... - um amigo parou pra comprimentar o Will.
_Só não parece como bebeu. - disse de canto.

Eu já comecei a ficar irritada.

_Ta e o que eu faço agora? Porque deixar ela bancar a minha namorada não é uma opção. - Ben disse aparentemente preocupado, mas eu tinha minhas dúvidas sobre ele tirar proveito da situação.

Nesse instante, a vaca da Britney apareceu. É, uma garota chamando a outra de vaca, que solidário. Caguei pra isso, não gosto dela e não é de hoje. Mas ok, solidariedade às vacas.

_Oi Benibu - disse com aquela voz enjoada de nariz entupido.
_Britney, o que você tem na cabeça? - fui direto ao ponto - Sei que inventar mentiras é o seu forte, mas pra que meter o Benjamin nessa agora?
_Mas que mentira? - perguntou se fazendo de sonsa. São tantas que ela se perdeu fácil assim?
_Mano que mundo cê vive? - Will falou mais pra ficar do meu lado do que por estar interessado na conversa.
_Escuta aqui, se algum de vocês três falarem que o namoro é mentira pra mais alguém, eu não respondo pelos meus atos, eu to falando sério. - falou meio agressiva e apontando o dedo, num tom de ameaça.
_Pois eu também não respondo pelos meus senhora dedinho.

Fechei a mão num murro e o Ben notou. Segurou a minha mão como se me pedisse pra me acalmar. Mas eu não ia bater nela, foi só um reflexo de raiva.

_Sério, pra que isso Britney? Tipo, necessidade? Que coisa infantil fingir namoro, quer que eu saia de mãos dadas com você agora? - o Ben perguntou com a maior calma.
_Não interessa. - respondeu sem paciência.

Ta, eu quis rir, mas vai dizer que você não lembrou do meme "Não interessa pra você, palhaço"?

_Na verdade interessa, e muito, ou não é meu nome que ta circulando pela escola?
_Você ainda vai cair aos meus pés Benjamin. - jogou o cabelo por trás do ombros e saiu rebolando.

O Will, com a maior cara de pau do mundo, se inclinou pro lado e ficou olhando pra bunda dela. De novo, sério? Qual a necessidade disso?

_Pelo amor né Will, se você não consegue se controlar, pelo menos disfarça. - revirei os olhos.
_Ela pode ser a garota mais chata do mundo, mas que ela é gata, ah ela é.
_Cala a boca Will. - Ben disse rindo.
_Que foi? Vai dizer que não concorda?

O sinal tocou e nós três fomos para a sala, comigo reclamando o caminho todo, é claro.

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