Capítulo 1 - Minha Vida

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"Se as pessoas dissessem como realmente se sentem, as ruas estariam inundadas de lágrimas."

Pretty Little Liars

Onze anos depois do acidente...

- Meus pais morreram, tiveram uma história semelhante a de Romeu e Julieta. Fui criada pelo meu padrinho Paulo, amigo do meu pai, e sua esposa Tereza, juntamente com o filho deles, Peter. Essa é a história da minha vida, não quero contar os detalhes mórbidos. Acho que Shakespeare deve ter previsto o futuro contando sobre a morte dos meus pais, com algumas diferenças, por exemplo: sou filha deles, fiquei órfã. Isso não tinha na história, não é? O que digo é que o amor é inútil, tão inútil quanto esse trabalho de casa! Tudo bem – dou de ombros com o sorriso intacto.

E, não! Definitivamente não estou bem. A professora nos fez escrever um trabalho sobre nossas vidas e das nossas famílias, obrigou a ler na frente de toda a classe. Poderia ter mentido ou inventado qualquer outra coisa. Não estava com cabeça para mentir, precisava desabafar para melhorar o ânimo, talvez diminuísse o buraco no meu peito. Agora, ao ver o olhar de pena de todos da minha sala, muitos não sabem sequer meu nome, dá vontade de gritar de raiva. Detesto que sintam pena de mim. Contar uma história triste não significa que precisam me tratar como se eu fosse uma pobre coitada. Qual é?

- Amora, não sabia dessa história, sabia que você foi criada pelo seu padrinho Paulo e a esposa dele, que faleceu alguns anos atrás – a professora, Janaína, faz uma pausa respirando fundo, como se quisesse evitar o assunto. Reviro os olhos por ela ter feito lembrar também de Tereza. Ótimo, não tem como esse dia ficar pior!

- Mas não sabia de tudo isso, sinto muito...

- Pois é, não costumo contar minha vida inteira para as pessoas - mexo nas minhas tranças, irritada – Resumi a história, como você pode perceber. Eu não estava lá para lembrar os mínimos detalhes. Até porque não estava a fim de contar para um bando de curiosos – falo com desdém.

Janaína olha surpresa, um tanto brava, não diz nada. Volto o olhar para os babacas à minha frente, todos estão de boca aberta, parece que falei uma mentira. A turma permanece em silêncio.

- Espero que tenha ficado bom, tenho que tirar uma boa nota.

Bate o sinal. Pego a bolsa e saio da sala junto com os outros alunos, sem me dar ao trabalho de esperar para ouvir o que ela tem a dizer.

Peter deve estar me esperando. Chego ao estacionamento, no pátio. Ele está na moto rodeado de garotas, o que não é novidade nenhuma. A jaqueta de couro preta e os óculos escuros lhe dão um ar de mistério, a calça jeans surrada o deixa extremamente gato. Todas o olham como idiotas, inclusive eu. Dificíl não olhar para ele. Peter é lindo. Ele tira os óculos para mostrar que consegue ser ainda mais charmoso. Seus olhos azuis, indescrítiveis, com tons de verde. Tenho quase certeza que é humanamente impossível ter olhos como aqueles.

O típico Bad Boy.

- Terminou de paquerar as garotas? Podemos ir embora ou devo pegar um táxi?! – pergunto alto o suficiente para chamar sua atenção, os olhares se voltam em minha direção.

- Seu irmão estava apenas conversando com a gente – diz uma garota de cabelos castanhos curtos, alta, com um vestido justo verde água. Se não me engano é uma das colegas de Peter, está grudada no braço dele como se fosse cair se o soltasse.

Tento ignorar a raiva que cresce em meu peito por tamanha idiotice.

- Ele não é meu irmão! – enfatizo a última palavra e a empurro de leve. A garota quase cai. Bom, com aqueles saltos gigantes, maiores do que as próprias pernas, quem é que não iria cair, não é mesmo?!

A Filha De Romeu e JulietaOn viuen les histories. Descobreix ara