Capítulo 2 - E tudo está bem, quando acaba bem!

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"Você pode escolher se quer culpar o destino ou a má sorte. Ou as escolhas erradas. Ou você pode lutar... As coisas nem sempre serão justas na vida real. É assim que acontece. Mas na maioria das vezes, você recebe o que dá. O resto da sua vida está sendo definido agora mesmo. Com os sonhos que você persegue, as escolhas que faz. E com a pessoa que decide ser. O resto da sua vida é um longo tempo... E o resto da sua vida começa bem agora."

One tree Hill


Paulo pega a carta da minha mão. Levanto bruscamente do sofá e sento de novo tentando digerir o que realmente está escrito na carta.

- Amora, sinto muito! Seu avô foi bem explícito: tem que ir passar um tempo com ele, suas tias e primas. Senão entrarão na justiça para ficar com sua guarda, o que ele afirma que não quer, tem muita coisa para cuidar e fazer. Quer apenas te conhecer, conhecer a neta dele. Bem, é o que está escrito aqui.

- Não, não, não! Eu não vou me mudar para uma casa de estranhos, pessoas que nunca vi na vida, ainda mais que proibiram a relação dos meus pais, não, eu não vou! Muito menos sozinha! – afirmo praticamente gritando e sinto as bochechas pegarem fogo.

- Tudo bem, você não precisa ir sozinha, Peter vai com você! – Paulo diz e encara Peter, que também fica sem reação e confuso, assentindo com a cabeça.

É um absurdo, esse homem não sabia da minha existência há quinze anos e agora acha que mandando uma carta dizendo que quer me conhecer, e que devo mudar para sua mansão do outro lado do estado, vou aceitar de bom agrado? Não! É ridículo, completamente insano! Nem ao menos quero conhecer essas pessoas e agora estou sendo obrigada? Justiça nenhuma vai me separar do Paulo. Sei que podem ter minha guarda porque, supostamente, somos do mesmo sangue e eles são minha família.

Família. O gosto da palavra é amargo e pegajoso, igual o gosto da mentira.

- Quando partimos? – minhas palavras são duras e mordazes, transbordando a raiva.

- É melhor fazerem as malas, partirão amanhã – Paulo diz.

Vejo a tristeza nos olhos do meu padrinho.

Ele perdeu o melhor amigo em um acidente de carro, perdeu a mulher que amava para uma doença (câncer) e agora seu filho e sua afilhada irão partir para longe dele por um longo tempo. Sinto meu coração despedaçar.

- Quantos dias ficaremos lá? – questiono emburrada e abro a geladeira procurando algo de bom para comer.

- Dois meses – Peter responde direto.

- Como assim dois meses? – pergunto perplexa e fecho a porta da geladeira.

- Eu sei, é muito tempo, mas seu avô disse com todas as letras: dois meses – Paulo diz desanimado e senta à mesa da cozinha. Sento à sua frente.

- Esse velho só soube da minha existência agora, e não quer que eu fique morando lá. Então por que raios eu tenho que ficar dois meses?? – pergunto mais alto do que gostaria, e foco nos olhos do padrinho.

- Eu sei, Amora, é muita coisa. Só saberá as respostas para suas perguntas se você for.

Ele tem total razão, sabe que essa é melhor do que qualquer outra possibilidade. Não quero abandoná-lo.

- Eu não quero ir. Não quero te abandonar, abandonar minha casa, meus amigos, embora não tenha muitos.

Minha melhor, e única, amiga, Beatriz, mudou faz uns dois meses. Ainda estou tentando superar sua partida.

A Filha De Romeu e JulietaWhere stories live. Discover now