Capítulo 7

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- Mila? O que aconteceu minha linda?
Minha mãe perguntava, enquanto eu estava chorando com a cabeça no seu colo. Aquilo me confortava tanto, saber que minha mãe me amava e que ela sempre estaria comigo, não importa a situação. E eu também a amo tanto, que isso chegava à doer.
Em meio ás lágrimas e os soluços, consegui dizer o que havia acontecido:
- Foi um pesadelo, só isso. Sim, fiquei muito assustada. Mais não foi nada demais.
- Não se preocupe, eu sempre estarei aqui com você.
Eu sabia que ela não estava mentindo, ela sempre estaria mesmo comigo.
Ela começou à acariciar minha cabeça até eu pegar no sono. Não reparei em que momento dormi, mais isso não importava, só queria uma noite calma, dessa vez apenas com sonhos tranquilos ...
(***)
- Bom dia mãe.
Falei ao entrar na cozinha.
- Bom dia minha querida.
- Você não vai trabalhar hoje? - perguntei já que ainda estávamos no meio da semana e que eu saiba não havia nenhum feriado.
- Não vou. Hoje liberaram todos os funcionários, e vai ter um anúncio às 15 horas e todos devem estar em casa.
- Ah.
Pelo amor de Deus! Esses anúncios não vão ter fim? Todo dia um, falando da morte daquele rei idiota e sobre essa coisa de Testados. Quando mais cedo isso acabar melhor. Estou cansada e...
- Vai querer almoçar o que hoje, Mila? - disse minha mãe interrompendo meus pensamentos.
- Pode ser qualquer coisa, não estou com muita fome hoje...
-Okay, vou comprar qualquer coisa para mim.
Disse minha mãe, acabando com a nossa conversa.
Olhei para a tela do meu celular, ela mostrava que ainda era 11:27, eu queria muito, profundamente, com todas as minhas forças, de todo o coração, DORMIR! E muito mesmo. Mais uma coisa fundamental, chamada sono, não queria me fazer uma visita. Nesse caso, comecei a ajeitar meu quarto, que pela situação, havia tido uma guerra nuclear ali dentro... Tá bem, exagerei. Mais se não houve, estava próximo.
Tirei todas as coisas do meu guarda-roupa e coloquei em cima da cama. Depois que as roupas estavam dobradas, organizei tudo como minha mãe fazia, peças pequenas mas gavetas e as roupas nos cabides.
Agora era vez do criado-mudo, onde ficavam minhas anotações, e as poucas jóias que tinha. Sentei na cama e fui organizando minha caixinha de jóias, as agendas, vendo quais não seriam mais necessário.
E por último... Meus amores, minhas vidas... Meus sapatos, sandálias, sapatilhas, salto alto, e por aí vai...
Em média, eles não estavam desorganizados, por que eu os amo muito pra deixar isso acontecer, eles podem esperar um pouquinho...
Depois que meu guarda-roupa "vomitou" todas as minhas roupas em cima da cama, ela se tornou uma zona de guerra. Agora, ela ela que merecia uma arrumação. Balancei o edredom, e algo caiu, fui na mesma hora pegar o anel que havia caído e foi parar sob a cama. Passei a mão por baixo da cama e bati numa caixa, puxei a caixa e o anel que achei um tempinho depois.
Abri a tal caixa e me deparei com uma série de fotos, algumas "obras de artes" feitas por mim e uns vídeos. Peguei o primeiro álbum, era lilás com umas fitinhas douradas, que dava uma bela aparência para algo que estava esquecido, no álbum havia várias fotos minhas, de todos os ângulos que se pode imaginar. Eu no banho, no parque, com a minha mãe em quase todas as fotos(umas criança de poucos meses não tem coordenação motora pra se sentar sozinha, né?!). Enfim, tinha dois álbuns, o lilás e outro verde que eu estava analisando. Não tinha fotos minhas, apenas da minha mãe e dele, do meu pai. Eles pareciam felizes na maioria, rindo, se divertindo, e fazendo outras coisas similares. Nossa, eles eram tão felizes (ou aparentavam), acho que o motivo da separação foi o meu nascimento, por que antes disso eles eram carinhosos e amorosos um com o outro.
- Chega de pensar nisso Mila! A culpa não é sua!
Falei pra mim mesma, afinal, na minha opinião, a culpa não foi minha. Eles não deviam se amar o suficiente. É, deve ser isso. Guardei os álbuns no devido lugar, pensando, achei melhor colocar o meu em um lugar mais visível, coloquei entre meus livros, caso alguém queira ver, estará mais próximo do meu alcance.
(***)
Depois de fazer uma verdadeira faxina no meu quarto, a melhor coisa à se fazer é tomar um banho, mas não qualquer banho, um banho de no mínimo 40 minutos, já que eu estava suada e suja, por que tinha mexido com bastante poeira e coisas velhas(algumas indesejáveis). Depois do banho, fui à sala, aproveitar a companhia da minha mãe, a folga que ela havia conseguido deveria ser aproveitada. Minha mesada quase já se foi, mas ainda sobrou o suficiente para levá-la pra jantar. Ela mal consegue folgas, quando a mesma acontece, é motivo de, digamos, comemoração.
- Mãe, estava pensando, que tal irmos jantar? Você mal folga, devemos aproveitar esses raros eventos - disse já criando desculpas para não ouvir um "não" de sua parte.
- Meu amor, eu adoraria, mas você se esqueceu não é?
Esqueci o quê? Não há nenhuma data comemorativa hoje. Percebendo a confusão no meu semblante, ela prosseguiu:
- Pelo mesmo motivo que o meu trabalho fechou as portas hoje, todos os lugares estão fechados por causa do anúncio de Testados, minha linda.
- Ah, então... Que tal um lanche da tarde? Eu preparo tudo, prometo!
Okay, agora ela não podia negar nada.
- Tudo bem - ela respondeu - tem um suco de laranja na geladeira, fiz hoje pela manhã, menos trabalho pra você.
Completou ela ligando a TV.
Fui para cozinha, preparar meu último lanche em segurança...

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⏰ Last updated: May 16, 2016 ⏰

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