Palavrinhas Mágicas - Part. 1

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Eu encarava as páginas do livro, os cartões que Samuel tinha deixado marcando-as, os que eu tinha pego na minha bolsa -- que eram idênticos -- e a minha agenda. De acordo com o livro eu deveria trocar cada uma das letras do código pelas seguintes, mas tudo que eu estava conseguindo era mais uma combinação sem sentido de letras. Mordi o lábio inferior refletindo sobre o que eu poderia ter errado. Li as instruções de novo. Nada. Mas se o código era esse, porque não estava funcionando?

Peguei o bilhete de Samuel e o li novamente, mas dessa vez me prendi numa frase: "Seja do contra ao menos nesse momento."

Fala sério. É claro que se tratando de Samuel sempre tinha que ter alguma complicação. Comecei a decodificar a frase do primeiro cartão que ele tinha me dado, usando o mesmo código, mas dessa vez ao contrário. Em vez de pegar as próximas letras do alfabeto, peguei as anteriores e sorri ao ver que estava dando certo. Logo eu tinha uma frase em letra cursiva -- não tão bonita quanto a de Sammy -- na página da minha agenda:

Sabia que você era a garota certa assim que te vi.

Arregalei os olhos sentindo minha boca ficar seca de repente, então tratei de respirar fundo. Ele não poderia estar querendo dizer o que eu achava que era. Não é? Tipo, ele me deu essa cartão junto com as rosas no meu aniversário, a séculos atrás. Tá bom, não séculos, pouco mais de uma semana apenas, mas depois de tudo isso, sinto que o conheço a muito mais tempo. Ai, meu Deus, a síndrome da garota apaixonada. Fechei os olhos, balancei a cabeça e voltei a abri-los.

Concentre-se em decodificar o resto, Heather. Deixe para surtar depois, pensei.

Buscando me concentrar, comecei a trabalhar no próximo código e soltei um gritinho abafado assim que o tinha decodificado por completo. Foi a mensagem codificada do cartão que ele tinha me dado junto com a pulseira, também no meu aniversário. No cartão onde ele tinha dito que eu era "a melhor amiga que ele poderia ter ganho". Naquele dia eu tinha começado a tentar descartar cada ideia romântica que eu pudesse ter dele, cada sentimento além da amizade -- não que tenha funcionado por muito tempo --, mas vendo o código desvendado agora, percebi como fui boba.

Embora eu gostaria que fosse algo mais.
Amo você.

E por fim, a solução do código do último cartão:

Será que vai conseguir retribuir meus sentimentos um dia, ou isso continuará como algo unilateral?

As lágrimas já lutavam para escorrer pelo meu rosto. Não as contive, deixei-as cair. Estava tão feliz e confusa que meu peito parecia querer explodir. Antes mesmo de perceber eu já estava discando o número de Gabriely no meu celular.

-- Gabe?

-- Heather, você está chorando? -- perguntou preocupada. -- O que foi que a Helen...?

-- Ele me ama -- falei e ri nervosa, mordendo o lábio, sem me importar com o fato de que ele poderia começar a sangrar a qualquer momento.

-- Espera aí, do que você está falando?

-- O Sammy, ele me ama, eu só não entendo porque ele não me disse isso antes, mas...

-- Opa, calma lá! É claro que ele te ama! Você é inocente ou só lerda mesmo? Pensando bem, ignore a pergunta e me diga, que ser te iluminou? Como foi que você fez a "grande descoberta"?

Ela estava sendo sarcástica comigo, mas dava para perceber também, que estava feliz por mim.

-- Ele meio que veio me dizendo esse tempo todo. Lembra dos códigos dos cartões que eu te falei?

-- Aqueles que te irritavam para caramba, ao mesmo tempo em que te faziam parecer uma idiota?

-- Pois é -- funguei baixinho. -- Samuel praticamente me deu as respostas de bandeja hoje e estava tudo lá. Ele disse que me ama com todas as letras. Ai, meus Deus, o que eu faço agora?

-- As vezes eu me esqueço de que você nunca levou um relacionamento a sério -- suspirou. -- Escuta, da próxima vez que você o vir...

-- Eu vou dormir na casa dele hoje, Gabriely! -- exclamei, mais nervosa que nunca.

-- Hã... bem... acho que é melhor você arranjar um jeito de não ficar parecendo uma pateta e conversar direitinho com ele sobre isso.

-- Como se fosse fácil!

-- É fácil. Ele te ama, você o ama também, o que pode dar errado?

Eu odeio essa frase. Geralmente quando as pessoas dizem isso, algo sempre dá errado.

-- Tudo! Como você fez questão de lembrar, eu não levo relacionamentos a sério, Gabe! Se eu começar a namorar com ele, pode ser que eu estrague tudo. E eu não quero estragar, eu só... Ah, droga, eu preciso dele como eu nunca precisei de ninguém. Ele é meu melhor amigo, eu estou apaixonada por ele e me sinto dentro de um clichê.

-- Que bom, não é? A maioria dos clichês tem finais felizes.

-- Na maioria dos clichês sempre acontece algo muito ruim -- argumentei.

-- Foque nos finais felizes. A maior parte da sua vida já foi ruim o suficiente, Heather. Sua mãe já foi castigo o suficiente. Tome as rédeas da sua própria história e não desperdice essa chance -- disse severa e decidi acreditar nela. Vai dar certo. -- Agora, como toda boa mocinha, se renda aos encantos do seu boy magia.

-- Não fale mais boy magia -- pedi.

-- Heather!

-- Okay -- suspirei.

-- Ótimo. Agora que estamos entendidas, você vai começar a me explicar tudo que aconteceu por aí, principalmente uma coisinha: Que história é essa de que você vai dormir na casa dele?

☆☆☆

O capítulo foi dividido novamente, porque o sítio onde eu moro está sem energia elétrica desde ontem e eu só tinha digitado essa parte aqui. O restante ficou no meu netbook descarregado, infelizmente e eu fiquei com raiva porque esse capítulo tinha ficado tão bonitinho que eu queria postar ele inteiro, com mais de duas mil palavras mesmo, mas, enfim, não deu. Cruzem os dedinhos para a luz voltar e eu poder postar o restante hoje ;)

Bjos!

Loucamente Apaixonada [Completo]Where stories live. Discover now