CAPÍTULO 20 - DOIS HOMENS DE MEON

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Joyce deu dois tapinhas no ombro de Thomas e quase caiu na neve com um relincho alto de Corsena. O garoto foi sentar-se com o amigo e a égua fez o mesmo, de forma a lembrar bastante um cachorro.

– Vou voltar para o Largo do Castelo – disse Florin, a fada que acompanhava a conversa.

Os segundos se passaram e eles não trocaram uma palavra. Esses últimos dias sem Felipe foram terríveis, Thomas sentia que faltava uma parte de onde quer que fosse, porém era orgulhoso demais. Tudo o que o garoto era estava se transformando. Pela primeira vez, ele não pensou em ser orgulhoso e resolveu que queria voltar a falar com seu amigo de qualquer forma. Felipe quebrou o silêncio entre os dois.

– Bela égua, age como um cachorro.

– Bonita, não? – Thomas sorriu, sem graça. Tirou a luva preta de tricô e havia uma outra por baixo, onde estava grudada uma pedra Kespentate – Isso veio junto. Pelo que eu sei, serve para concentrar os poderes. Parece bem útil.

– Esses dias, eu andei perguntando às meninas sobre você. Poxa, somos melhores amigos desde quando me conheço por gente – dizia Felipe, apoiando os cotovelos nos joelhos – Fui eu quem apresentou você a todos os nossos colegas quando entrou na Damatio, lembra?

– Na verdade, não muito bem, mas tenho fotos. Várias fotos.

– Me perdoa. Por favor. Não sei o que deu em mim.

– É claro que te perdoo, já cansei de ser imperfeito também, por que não ajudaria meu melhor amigo a seguir esse caminho? – Thomas abraçou Felipe, era o exemplo mais sincero de uma amizade verdadeira.

Atrás de um pilar agrupado com outras colunas mais finas, estava Laura e Sofia, ao lado dos arcobotantes na lateral de fora do castelo. Elas viam os dois se entenderem.

– Mas é verdade, eu não sei o que deu em mim. Quando eu criei aquela discussão, no mesmo dia, eu tive um ataque, parecia que ia morrer.

Thomas franziu a testa, não sabia aonde seu amigo queria chegar. Felipe continuou.

– Era noite e não havia ninguém por perto quando eu estava num corredor e um escaravelho saiu da minha boca. Era igual àqueles que invadiram o castelo na outra tarde. Depois disso, eu me senti mais leve, sem raiva alguma e com uma enorme vontade de me desculpar por tudo o que eu falei. Acredite, eu não penso nada do que eu falei para você. Eu sou seu amigo e vou com você até o final, para qualquer coisa.

– Amigos de verdade não se abandonam.

– E eu nunca vou te abandonar, pode ter certeza disso.

Tudo pareceu melhor novamente. Thomas não sabia que seu orgulho era algo tão medíocre e que podia ser desprezado daquela forma por ele. Ele se perguntou se abaixar a cabeça era tão difícil, mas se deparou com uma resposta de imediato. Ela dizia que não.

– Não sabia que você estava se dando bem com a Joyce – disse ele a Felipe.

Aquala e o Castelo da Província (vol. I)Where stories live. Discover now