– Vamos tentar manter a calma – ela evitava chorar, porém seu rosto permanecia todo contraído, quase pronto para soltar lágrimas.
Robert entregou o filho à mulher, passou o dedo indicador no braço, onde criava um corte apenas com o toque. Ele assoprou o sangue que escorria, mostrando para Haydee que a coloração mudava de vermelho para azul marinho. A mulher pareceu compreender a gravidade da situação somente com aquele ato, não precisou de mais nada para entender. Então logo esticou a mão com a palma virada para baixo e com os dedos bem esticados.
– Só consigo nos levar para casa com o auxílio disto aqui – ela apresentou, ainda com o braço esticado, o que mais parecia um dicionário de bolso – Letra C, letra C... – ela folheava com pressa – Aqui, letra C!
Casa: Destino, em geral, à habitação, estabelecimento, morada, domicílio.
Pingaram gotas de água dos dedos de Haydee, fazendo-a se afastar de um lago que surgia daquelas gotas na calçada. Um redemoinho instalou-se no meio e eles pularam na água. Por poucos segundos, eles mantiveram seus corpos debaixo das profundezas até caírem com os pés molhados num chão de madeira empoeirado. Thomas caía devagar e sequinho como uma pena num sofá vinho ao lado de um criado-mudo e um armário. Robert se aproximou, preocupado. Um rastro de pingos que caía da roupa do homem fazia poças no chão daquela misteriosa casa abandonada.
– Não tive tempo de perguntar direito como estão – falava Haydee, enquanto torcia os cabelos – Sandra era uma pessoa espetacular.
O Sr. Flintch a olhou e engoliu em seco, seu rosto dizia o que muitas palavras não podiam explicar: angústia, cansaço, perplexidade, dor, tristeza, tudo levava a pensar que não conseguiria ser mais feliz.
– É melhor você se preparar, esse foi apenas o começo. Agora Tertius achou vocês.
– O quê? Agora você fala que eu vou ter que viver às espreitas e me escondendo? – gritou Robert, todo molhado.
– Faça isso pelo Tom, pelo menos por enquanto. Tertius matou nossos pais, nossos primos, tios e agora Sandra. Só sobrou a gente e você ainda espera se vingar? Com o tempo, meu irmão.
– Roger e Simone também estão vivos – contrapôs o homem, com um fôlego desprezível.
– Os padrinhos de Thomas não têm o nosso sangue. Tertius quer o sangue do seu filho!
– Você também não tem o meu sangue.
– Fomos criados juntos, como irmãos. Nossa mãe me adotou e me deu o mesmo carinho que deu a você. Ela teria nojo se o ouvisse falar assim. A propósito, o que esse corte que você fez lhe provou? – Haydee apontou para o braço do homem.
– Entre tantas coisas, esse corte nos deu a certeza de que é o sangue dos Flintch o que Tertius procura. Ele precisa do meu sangue e agora do sangue do Tom também. Alguma coisa ele quer com isso.
– Posso não ter o mesmo sangue que vocês, mas tenho o mesmo sobrenome. É perigoso?
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Aquala e o Castelo da Província (vol. I)
AdventureExtraterrestres. Será que eles realmente existem? De onde vêm? Será que são do jeito que os humanos imaginam? E se muitos deles já vivessem disfarçados entre nós, escondendo sua verdadeira identidade? Thomas Flintch é um menino pobre de 14 anos que...
CAPÍTULO 2 - O DICIONÁRIO DE BOLSO
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