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Olhei para trás, senti a sua mão a deslizar por entre o meu ombro, braço e senti a sua respiração na minha cara.

Que bafo.

Não acredito no que os meus olhos estão a ver...
Era... Era...

... Era o...

JOÃO?!

"JOÃO, O QUE ESTÁS AQUI A FAZER?!"
"Não posso?"
"Não! SAI!!"
"Peço desculpa. Vou-me já embora."
"Não percebo o que tu fazias mesmo aqui a estas horas da noite."
"Eu senti que tinha de te proteger."
"Mas não precisas, agora... Vai-te deitar, antes que eu me passe ainda mais da cabeça."
"Eu já estava deitado, tu é que me estas a mandar embora."
"Tens a tua própria cama, pira-te!"
"Ok!"
"Até amanhã."
"Adeus."
Ele ficou mesmo enjoado e aborrecido, mas ele nunca mais me tinha feito uma coisa destas.

Quando éramos pequenos, ele costumava dormir comigo em noites de tempestade por causa do medo, eu protegia-o e acabávamos por adormecer até ao dia seguinte. Desde então, vinha sempre dormir comigo, mesmo em noites de silêncio agradável, mas quando crescemos e tivemos o nosso primeiro quarto longe um dos outros, deixamos de fazer isso.

Agora deu para repetir isso? Mas porquê? Será que ele tem medo de alguma coisa e não me quer dizer o quê? Nem sequer está a chover, quanto mais tempestade.

Desde a discussão com a namorada e a vinda da ex-namorada que ele anda super estranho e confuso da vida.

Começo a ficar super preocupada com ele, mas eu logo falo sobre isso amanhã com mais calma, porque depois desta noite, eu só quero adormecer e acordar só quando estiver definitivamente recuperada de forças e paciência.

Chegou a manhã e estavam todos acordados, ninguém me acordou para irem comer, ou para ir ver bonecos, ... Nada! Eram umas 14:30h/m quando acordei ao som de uma buzina do carro de um dos vizinhos.

"Já estavam acordados e não me foram chamar?"
"Não te queríamos incomodar, precisavas de descansar."
"Mas podiam ter chamado na mesma, já tomaram o pequeno-almoço, almoço, ...?"
"Sim! Eu fiz-lhes alguma comida."

O João cozinhou? Será que ainda estou a dormir e isto é um pesadelo?
Acordem-me, por favor.
PEÇO-VOS!!!!!

"O que fizeste?"
"Fiz alguma comida, não te preocupes."
"Nunca cozinhaste na tua vida, como é que queres que eu acredite nisso?"
"Eles são testemunhas."

Todos concordaram com ele e eu fiquei com cara de otária a olhar para eles. Definitivamente, ainda estou a sonhar e quando acordar vou sofrer um grande ataque cardíaco.
Exagero, eu sei.

"Está bem, então."

Sai da sala e fui preparar qualquer coisa para eu comer. Ultimamente ando a faltar ao meu horário de refeições e sinto-me pesada, fraca e confusa da vida. Tenho que mudar isto antes das aulas recomeçarem.

"Marta, eu deixei o teu almoço dentro do microondas, só precisas de aquecer. De nada!"
"O quê?"
"Vai ver!"

Ele preparou-me o almoço. Aposto que estão a fazer isto para eu não ter que fazer as coisas sozinha todos os dias. Quando querem, conseguem ser queridos e simpáticos.

Mas só mesmo quando querem.

Sim... Tristeza!
Entretanto, fui comer o almoço que o João fez para mim e acabei por me ir deitar novamente.
Recebi uma mensagem da Clara.

"Marta, preciso de falar contigo pessoalmente, parece que algo de errado aconteceu naquela história entre eu e o tal rapaz. Descobri a razão de ele me ter deixado. Depois combinamos alguma coisa, fica atenta ao telemóvel. Beijinhos!"

Ui! Parece ser algo sério. Desculpem, não consigo ser séria, mesmo quando o assunto é comigo.

Respondi à mensagem de forma directa e deitei-me na cama. Os meus olhos começaram a fechar-se lentamente, quase que adormeci, quando o João bateu à porta.

"Está tudo bem?"
"Sim, está."
"Olha, peço desculpa por aquilo de ontem à noite. Não sei onde tinha a cabeça para fazer aquilo."
"Não faz mal. Estavas sempre a fazer o mesmo em pequeno."
"Ainda te lembras disso?"
"Mas é claro que sim!"
"Pensava que não."
"Quando os momentos são bons, é impossível esquecê-los assim do nada."
"Digo o mesmo."
"Vá, agora sai que eu quero descansar."
"Está bem. Dorme bem!"

Gosto imenso de o ver sorrir daquela forma, faz-me sorrir de volta, nem consigo negar, começo logo a sorrir. É como se fosse automático!
Acabei por adormecer a tarde inteira, quando sinto um outro corpo humano a entrar na minha cama. Era o João!

"Posso?"
"Vá, anda já."
"Obrigado!"

Ele abraçou-me e a sua respiração batia no meu ouvido.
Foi uma tarde estranha, mas acabou bem. Os meus pais voltaram mais cedo para casa, aleluia.

*Bater da porta*

"Marta?"

Oh! Não.
Os meus pais apanharam-nos a dormir juntos.

"Marta, o que vem a ser isto?"
"Olá pai!"

Um Natal de ComédiaTempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang