Capítulo 2

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Acordei no meio da escuridão, as costas doíam e o meu corpo tremia de frio. Os meus pensamentos eram confusos e não fazia ideia de onde estava, tentei levantar-me e só aí é que percebi que estava presa, era certamente obra em Afonso.

Tentei soltar-me, fiz toda a força possível mas não havia maneira, de cada vez que fazia força para me soltar as cordas apertavam ainda mais os meus pulsos. Não consegui evitar que algumas lágrimas caíssem no meu rosto, estava com medo do que lhe podia acontecer, ou do que me iria acontecer a mim. O tempo passava e cada vez parecia estar mais escuro, não se ouvia qualquer barulho, eu estava sozinha. O meu pensamento recuou até ao último momento perfeito que tinha tido com ele, o nosso último fim-de-semana em paz, mesmo antes de as perseguições começarem.

Flashback

Tínhamos passado horas numa festa de ano novo que parecia nem ter fim, eu estava demasiado cansada e ele também, mesmo que só fossem três da manhã e a festa só acabasse pela manha. Saímos da festa sem que os outros dessem conta, e fomos a correr para o carro dele. Mal me sentei no acento confortável, descalcei os enormes saltos prateados e massajei os meus pés, ele ria enquanto me observava.

-Abre o porta-luvas. - Pediu-me enquanto me observava com um sorriso radiante.

Olhei-o visivelmente confusa, e abri o porta-luvas lentamente e a primeira coisa que vê foi uma simples rosa vermelha. Sorri ligeiramente e aproximei-a do meu nariz para sentir o seu cheiro. Eu nunca gostei de rosas, mas não tinha coragem de lhe dizer, eram as suas favoritas e as favoritas da maioria das raparigas, e não queria que ficasse chateado por lhe dizer que não gostava após tantas rosas que já me tinha dado desde que estamos juntos.

Meia hora depois já estávamos a porta da sua casa, o seu carro preto ficou estacionado do outro lado da rua. Sai depois de ele abrir a porta e pegar-me ao colo até a entrada, pousando-me delicadamente enquanto procurava as chaves da porta.

-A tua mãe esta em casa? – Perguntei.

-Não, foi passar a noite com a tia Cecília. – Respondeu-me com um sorriso matreiro. Levantei ligeiramente o vestido para não tropeçar nos três degraus da entrada.

-Queres pegar numa camisola minha?

Eu assenti e seguiu-o até ao corredor, surpreendi-me quando em vez de me levar para o quarto ele me puxou até à casa de banho. Ele ligou a água quente da banheira e começou a desapertar o fecho em meu vestido, enchendo o meu pescoço de beijos. As suas delicadas mãos percorreram lentamente o meu corpo, já sem o vestido, e quando acabou de me despir pediu-me que entrasse na banheira. Ele tirou o casaco e começou uma intensa luta com a gravata, na tentativa de desapertar, o que me causou um sorriso involuntário, e fiquei ali quieta enquanto ele se livrava do fato, olhando-o, simplesmente olhando-o. Ele acabou por se juntar a mim, sorriu ainda mais e aproximou-se de mim, colando os seus lábios aos meus, enquanto os seus braços envolviam o meu corpo nu. Ele puxou-me para o seu colo, olhei-o atentamente, o seu rosto era perfeito, os seus olhos azuis estavam ainda mais claros, os seus dentes brancos pareciam iluminar toda a sala, os seus lábios eram mais suaves que seda e só queria beija-los e beija-los de novo pelo resto da noite. Passei a minha mão pelo seu queixo, caminhando com ela pelo seu pescoço, ombro, braço e chegando até à sua mão, agarrando-a.

-Nunca me deixes. - Eu pedi com um olhar sério. - Nunca mais.



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