Capítulo 6

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(POV Luís)

Sempre odiei ver raparigas a chorar, mas vê-la a ela custava ainda mais. Sempre gostei do seu sorriso, era diferente de todos os outros, até os seus olhos pareciam brilhar quando sorria. Desde a primeira vez que a vê que a achei diferente de todas as outras, mesmo que nunca tenha sido amigo dela eu conheço-a, talvez melhor que alguns amigos dela. Ela não era o tipo de rapariga que fica em casa a tratar das unhas, nem tão pouco se preocupa com a marca da sua roupa, ela é especial, e o único defeito dela é estar tão cega com o Filipe, ele é um cabrão que faz tudo para se aproveitar dela, não sei como foi capaz de ser tão cobarde de a deixar sozinha a pagar pela merda que ele próprio fez

. -Eu tenho de ir embora. - A sua voz frágil fez-me acordar dos meus pensamentos.

-Tens alguém em casa? – Perguntei

. -Não...- Respondeu com os olhos baixos, não sei muito sobre a sua família, sei apenas que tem um irmão mais velho, Tiago, que esta algures a trabalhar na Alemanha com o pai. Sobre a mãe não sei nada, provavelmente ficou em Portugal para cuidar dela, mas pela sua resposta não me parece que ela seja uma mãe muito presente

. -É melhor passares aqui a noite.

-Não, eu não posso.

-Eu fico aqui no sofá, tu ficas na minha cama, podes trancar a porta se não confiares em mim, o Afonso sabe onde vives, é o primeiro sitio onde vai procurar-te.

O seu olhar estava distante, os seus grandes olhos castanhos estavam ainda mais abertos que o habitual, e as suas mãos tremiam, por mais que ela as tentasse esconder, ela estava com medo

. -Eu tenho de encontrar o Filipe. - Disse com a voz trémula, mas será que ela não consegue pensar nela própria por um momento?!

-Eu já te disse que o vê sair da cidade Anabela.

-Ele pode ter voltado. - Os seus olhos brilhavam só de pensar nele, como podia ela ficar assim por ele? - Ele pode ter voltado para me vir buscar, ele pode estar agora nas mãos do Afonso!

Ela levanta-se e começa a vestir o casaco e a preparar-se para sair

. -Anabela olha para mim. - Ela continuou a apertar o casaco, e foi preciso que a puxasse pela cintura para que ela olhasse para mim. - Eu não te vou deixar sair daqui esta noite, se queres procurar por ele terá de ser amanha.

Os seus olhos começavam a ficar vermelhos, ela estava a tentar não chorar de novo, puxei-a, para mim num abraço, e ao contrario do que esperava, ela não recusou. Tirei-lhe o casaco novamente, ela permanecia imóvel como uma estatua, levei-a ate a casa de banho e lavei lhe a ferida no seu pescoço, custava-me saber que aquela ferida era culpa minha por ter começado a luta com aqueles monstros, eu vou desfazer o Afonso por lhe ter tocado, nem que seja a ultima coisa que eu faça! Pego nela ao colo, ela esta completamente dominada pelo medo, parece que já nada interessa para ela, pelo menos sei que vai ficar em minha casa e que a vou poder protege-la. Deixo-a coberta na minha cama com todos os cobertores que encontrei. Deixei-me cair na cadeira ao seu lado, sei que prometi deixa-la dormir sozinha, mas não conseguia desviar os meus olhos dela. Os seus olhos fecharam-se lentamente, as suas longas pestanas pousaram nas suas bochechas avermelhadas, os seus lábios pareciam formar um pequeno sorriso, e o seu longo cabelo despenteado escondida parte do seu rosto, como ela era linda. Mas o que é que eu estou para aqui a pensar? Depositei um beijo na sua testa e fechei a porta devagar para tentar não a acordar, deixando-a sozinha como tinha prometido. Deitei-me no sofá e adormeci rapidamente, estava tão cansado quanto ela, agrada-me a ideia de que a verei quando acordar, mesmo que não possa dormir ao seu lado.

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Depois de tiWhere stories live. Discover now