treze

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Entre as ruas estreitas da capital francesa, passeava pacificamente de mãos entrelaçadas com o rapaz de cabelos tingidos, (que pela justificação a ocasional carícia se devia ao facto de a brisa gélida arrepiar sistematicamente os nossos corpos). As decorações alusivas à época natalícia eram cada vez mais notáveis, aquecendo os corações de todos os que se aventuravam a um curto passeio e desafiavam as temperaturas rígidas. Porém, o odor proveniente dos bolos e cafeína que pairava pela avenida era uma razão plausível para que, as pessoas se recolhessem nos lotes comunitários acolhedores e cómodos.

Enquanto o pôr-do-sol incomparável era acompanhado pela voz de Michael que, cantarolava uma melodia que se encontrava presa à sua mente há dias, o momento atípico transmitia uma sensação de uma memória que nunca havia acontecido antes contudo, aparentava já ter decorrido anteriormente. Poderia afirmar inúmeras vezes que de facto, a realidade era um autêntico pesadelo. Todavia, ocasiões como estas faziam com que contrariasse as minhas ideias firmes. Encaro Michael após este apertar repentinamente a minha mão, encaminhando-me para a ponte que cobria o extenso e límpido rio; este que não faltava à regra de decoração aprimorada devido aos enfeites de luzes brancas que cobriam os cantos e recantos da curta ponte

Observo Michael a ocupar um dos três bancos de madeira escura, sendo interrompida pelas vozes de jovens turistas que, acenavam em direção às pessoas que se encontravam de passagem pela ponte. Acabo por acenar, debruçando-me pelo pequeno muro tijolado, recebendo de imediato múrmuros pela parte do meu sensato companheiro.

– Claramente que daqui a uns anos serás tu quem irá acenar por todas as almas vivas que avistares no passeio. – ele comenta, sacudindo as folhas secas caídas sob o banco de madeira.

– Cheguei a um ponto que não tenho a mínima ideia de como será o meu futuro daqui a uns dez ou quinze anos. – profiro, ocupando o lugar disponível ao lado do jovem rapaz. – Nada é sólido, apenas incertezas e dúvidas...

Mantendo o silêncio, Michael esboça um breve sorriso desviando a sua atenção para a mochila que carregava nos seus ombros, retirando da mesma o conhecido bloco. Objeto composto pelas folhas cada vez mais danificadas devido às chuvas distorcendo assim, partes dos seus textos. Suspiro pesadamente, esperando que a concentração do rapaz de cabelos vermelhos ocupasse somente as páginas tingidas, deixando que o meu estado de espírito preenchesse a minha mente caótica.

– Como tu tanto decifras, é apenas uma questão de tempo. – ele ri, entregando o bloco para as minhas mãos sardentas.

– Porquê agora? – interrogo, permanecendo estática ao examinar as páginas soltas dos seus mistérios.

Num ato discreto, o rapaz abre o bloco cuidadosamente deixando que as páginas esvoaçassem à medida que a brisa embatia nas mesmas. Tentada com a curiosidade que fervilhava no meu sangue, ansiava obter as respostas esclarecedoras e plausíveis que explicassem todas as horas, dias, minutos, ocupadas em papel retangular. Pelas suas palavras exasperadas; tudo tinha uma razão. Hesitante, esfolheio as páginas rabiscadas cobertas pelos seus segredos apresentados pela caligrafia descuidada, esboços artísticos inacabados, detalhes que relembraram que enquanto ele encobria os seus pensamentos obscuros em algo físico e exprimível, eu encobria-os de tal forma em nem eu mesma saberia onde os reencontrar.

– Nunca ponderaste o porquê de ter entrado naquele inferno somente aos quatro anos? Lembro-me perfeitamente as tuas feições sublimes e alegres, onde tagarelavas sobre o quanto te incomodava quando os teus cabelos loiros caíam sob a tua face e dificultavam a tua visão. – ele relembra o nosso primeiro contacto enquanto estalava os dedos em sinal de nervosismo. – Nem nunca cismaste a razão por que fugia vezes sem conta do pátio só para visitar a diretora? Ou dos planos que realizávamos para não sairmos impunes dos nossos atos. Bem, tudo para adquirir as pistas de onde estariam os meus pais.

– Esta fotografia... – murmuro, examinando as figuras presentes no pequeno objeto.

– Posso afirmar que é a única memória física que tenho deles.

– Mas... Tens a certeza que o que procuras é a verdade? – questiono, provocando movimentos exasperados da parte do jovem rapaz.

– Haverá dúvidas?! Todos os anos no meu aniversário recebia dinheiro que fora entregue quando realizei os dezoito anos. – Michael gesticula, fazendo-me relembrar da sua abordagem ao dinheiro nas primeiras semanas em liberdade, no café pacato. – Possuo alguns números que possam coincidir com o verdadeiro porém, não assentei o último dígito.

Retiro as madeixas caídas sob o meu rosto, (um tique há muito detetado por Michael, desde os primeiros minutos de contacto), assimilando toda a informação que escapulira dos seus lábios rosados. Ele não iria desistir do caso insolúvel. Comtemplo a avenida pacífica, procurando por o pormenor que fosse a possível solução pretendida. Agarro firmemente a folha solta do seu bloco, erguendo num ápice o meu corpo apressado em direção à cabine telefónica. As palavras soltas por Michael magoavam a cada sílaba que este pronunciara, e encará-lo com os olhos cinzentos lacrimejantes e voz rouca era a razão que fez com que me apercebesse; faria qualquer desafio para substituir a sua expressão cruciante para o oposto.

– Incrível! – bufo frustrada, ao verificar os bolsos do meu casaco. – Quando mais necessito de dinheiro, é quando tenho menos.

– Temo que não tenhamos tempo suficiente para decifrar o impossível.

– Tempo é apenas um contratempo, e tu não estás sozinho, Clifford. – declaro, rodeando os braços em torno do seu tronco, encarando as suas feições perfeitamente delineadas. – Nem nunca estarás.

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bem vamos começar a descarrilar nos últimos capítulos? claro

eu e a bea fazemos apostas e pronto cá estou às quatro da manhã sem a tecla ponto e já não vejo o ecrã a 100%

FAÇAM AS VOSSAS CONCLUSÕES COM ESTA DIVULGAÇÃO E FINAL PORQUE

a léo faz finais duvidosos ;)

[a escrita e a estrutura neste capítulo está péssima num futuro próximo edito]

FELIZ NATALLLLL 

léo




Bike · mgcOnde histórias criam vida. Descubra agora