sete

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Em passos lentos, passava as mãos pelos tecidos alinhados no extenso armário, preenchido de camisas maioritariamente brancas. Estava aborrecida. Ao ponto de regressar ao estabelecimento noturno, durante pela luz clara do dia, em busca de diversão. Sendo recebida pelos comentários indesejados de Jeremy, ainda ensonado e com uma nula vontade de exercer atividades que envolvessem algum esforço físico. Porém, mesmo que a minha visita tivesse sido solitária, sem vestígios de companhia do rapaz que não caminhava despercebido pela tonalidade dos seus cabelos, Jerry realçara as suas críticas acabando por, aceitar a minha visão feminina em arranjar um vestuário adequado para o seu encontro.

No entanto, nos olhos escuros da personagem crítica não poderia saber que, a minha figura esbelta e curiosa perante as aventuras da vida, não tinha o conhecimento sobre a minha pouca ou nula sabedoria sobre conjuntos arrojados. No meu ponto de vista, umas calças escuras e uma camisa do mesmo tom iriam assentar na perfeição. Claro que a minha ideia obscura fora sem hesitar, rejeitada. Originando então, uma vasta procura no seu armário do seu quarto, situado no primeiro piso por cima do seu lote comunitário. O relógio pendurado na parede azul fazia rodear os ponteiros, de minutos em minutos, segundos em segundos, sem sinais de Michael. Ouvira dos seus lábios rosados e, as palavras pronunciadas com a sua voz rouca a sua promessa. Que iria regressar.

– Jerry? – chamo pelo jovem ocupadíssimo com o aspeto do seu cabelo castanho, remexendo no mesmo quando o seu olhar embatia no seu espelho. – Que raio de camisa é esta?

– Cuidado com essa preciosidade! – ele exclama, rodeando os calcanhares de modo a encarar o meu rosto prestes a desfazer-se em risos. – Utilizo essa raridade em todas as reuniões.

– Como é que alguém no seu perfeito juízo presta atenção a alguém a utilizar uma camisola onde está estampado «traficante educado»?

– Acredita desse modo, deixo qualquer presente intimidado. – ele ri com as suas próprias palavras, cruzando os braços sob o seu peito.

– És um porreiro. – comento, tomando mais um vez a minha total concentração nos tecidos pendurados no armário de madeira.

– Toda a gente gosta do quanto real eu aparento ser até, eu proferir algo que elas não apreciem.

Encaro o seu rosto moreno, repensando no seu aleatório desabafo. Estava a criar ligações com uma pessoa completamente diferente, habituada a outras vivências, alguém que tinha desde o seu primeiro dia de vida o total contacto com o mundo. Totalmente o contrário a que em dezassete anos sempre presenciara. As únicas ocasiões em que escutava alguém a proferir todos os seus pontos fracos ou irritações, fora quando encostava o meu ouvido na porta de madeira do quarto ficando assim, à escuta da conversa alheia das empregadas. Uma sensação diferente. Uma sensação de que estava a ser prestável.

Percorro os meus dedos pela camisa branca com detalhes no colarinho, entregando a mesma a Jeremy, esperando pela sua aprovação. De momento, tudo era embaraçoso. Quando recebo o seu polegar levantando em sinal de positivo em relação há minha escolha apressada e não repensada sorrio, realizando um olhar vitorioso. Analiso a janela coberta pelas cortinas azuis, relembrando-me na promessa de Michael, possivelmente esquecida e quebrada. Passo as mãos no meu pálido rosto fatigado, consequente de uma noite mal dormida.

­– Duvido que o Michel apareça. – declaro, causando com que o moreno pousasse a sua mão gélida no meu ombro coberto pelo enorme casaco.

– Uma mente negativa nunca te trará uma vida positiva.

Bike · mgcDove le storie prendono vita. Scoprilo ora