Capítulo 6

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Aquele comentário me desconcertou, não o do Pedro, mas o do senhor Henson, eu não podia levar uma advertência pra casa.
Lembra que eu te falei que algo interessante aconteceu comigo?  Me referia a mensagem e a ligação. Foi algo original, foi interessante. Mas isso que estava acontecendo agora? Isso era o início da terceira Guerra Mundial. Que menino mais chato, arrogante, deselegante, mal educado, nojento...
Fui interrompida no meio dos meus pensamentos, pelo senhor Henson, que pra variar passaria um trabalho para a aula seguinte, daqui a dois dias. Ainda bem que eu tinha a Paloma, certeza que ela prestou atenção na aula, ao contrário de mim, que não escutei uma palavra. Eu estava ocupada demais ofendendo aquele babaca em pensamentos. 
_ Turma, podemos mudar um pouco os critérios para escolher os parceiros?_ Ele parou de falar, e eu já ia dizer que não, ele não podia fazer isso, mas me dei conta que era uma pergunta retórica. _ É claro que eu posso, sou professor de vocês. Paloma e Rafaela.
_ O quê? Qual o motivo de mudar as duplas agora, hein, senhor Henson?_ falou a Paloma visivelmente insatisfeita.
_ Você sempre gostou de mudanças, Paloma. Diz que elas são necessárias, que é sempre bom abandonar certas coisas para que outras melhores possam vir.
_ Claro, mas isso quando as mudanças são boas. Deixar de fazer trabalho com a Mel, pra fazer com a Rafaela? Isso é tortura. Por favor, senhor Henson, deixe as duplas como estavam.
_É, senhor Henson, por favor. _ falei me metendo na conversa dos dois.
_Nada feito. Bianca e Vitor.
Deus, nessa dupla ele tinha errado feio, o Vitor era daquelas pessoas que "Ah, não me importo se sou burro como uma porta, desde que eu seja popular" e a Bianca? Bom, a Bianca era inteligente, meiga, carismática. Falei com ela algumas vezes, é tenho certeza que ela merecia dupla melhor.
_ Melissa e Pedro.
_ Oi? Senhor Henson, ninguém fez com seus parceiros. E eu tenho que fazer? Por quê?
_ Porque eu quero que você faça com ele.
_ Senhor Henson, até o senhor está torcendo pelo casal? A palavra fazer apresentou duplo sentido na frase, e isso partindo do senhor, é... _ a Rafaela nem terminou a frase, e foi interrompida pelo senhor Henson.
_ Faça o trabalho, é a isso que me refiro.
Depois disso, eu desisti de protestar, era coisa demais pra minha cabeça. Tantas pessoas na sala e o senhor Henson, quis que eu fizesse trabalho logo com o Pedro. Por quê? Fala sério, eu tinha que seguir o concelho da Amanda e parar com meus elogios falsos.
Então, saímos para o recreio, (graças a Deus) já estava me sentindo sufocada naquela aula. "LIBERDADE" gritei ao sair da sala. Beleza, só precisava encontrar o Marcos e desabar no ombro dele, literalmente.
Se o Marcos é meu namorado? Não, ele é meu melhor amigo. A gente se conhece desde a infância, brincávamos juntos e tudo. A gente é prova viva de que amizade entre homem e mulher existe sim!
_ MARCOS! _ saí gritando até encontrá - lo.
_ Minha baixinha.
Corri e dei um abraço nele, durou mais de 20 segundos, certeza. E então, eu desabei. Sim, caí no choro.
_ Ei baixinha? O que eu perdi? _ ele perguntou limpando as lágrimas do meu rosto.
Ele sempre me chamou de baixinha, pois de fato eu era mesmo. E o que ele tinha perdido? Bem, tudo. Meu melhor amigo, não estudava comigo.
Lembra dos dois melhores amigos que te falei? São eles. Paloma e Marcos. A Amanda é amiga. Mas eles dois, são melhores amigos. Mais que irmãos.
_Ah, Marcos. Você perdeu tudo. _respondi choramingando_ Mas eu não quero falar sobre isso.
_ Tudo bem, vai ficar tudo bem, baixinha, não se preocupa, tá?
_ Acontece que um babaca de um aluno novo, apareceu e está fazendo dupla comigo. Comigo Marcos. E a gente ainda precisa fazer um trabalho juntos, e ele é o maior idiota. Não idiota tipo burro, mas idiota tipo idiota.
_ Achei que você não quisesse falar. _ disse ele rindo de mim _ Você quer que eu fale pra ele deixar de ser idiota com você?
Eu sorri, e ele novamente secou as lágrimas do meu rosto.
_ Não precisa, acho que ele já nasceu assim. _ falei e depois dei um leve sorriso.
O Marcos sempre foi um anjo comigo. Fiquei ali, abraçada com ele, esperando até que toda a decepção e a indignação fossem embora.
Mas aí o Pedro resolve chegar até a gente, e bang, começa outra briga.

Anjo Do AmorWhere stories live. Discover now